agosto 06, 2008

Demarcação da Raposa Serra do Sol provoca divergências entre senador, MJ e índios

Indígenas Macuxis - Raposa / Serra do Sol - Roraima-RR
05 / 08 / 2008

Demarcação da Raposa Serra do Sol provoca divergências entre senador, MJ e índios

Último dos convidados pelo Ministério da Justiça a se pronunciar no seminário promovido na segunda-feira (4) sobre a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) criticou a programação do evento e os índios favoráveis à demarcação em área contínua. O senador é autor de uma das ações que contestam, no Supremo Tribunal Federal (STF), a homologação da área de 1,7 milhão de hectares. O julgamento será em 27 de agosto.

"Não é um debate paritário. Nove expositores comungam de um ponto de vista, favorável à demarcação contínua, e apenas dois não comungam. Por que está aqui só uma entidade indígena de Roraima? Foi um debate apenas meio democrático", reclamou Cavalcanti.

Segundo o senador, seu posicionamento não se deve à defesa de "meia dúzia de arrozeiros", que produzem na área demarcada: "Tem centenas de famílias de agricultores pobres de quatro municípios sendo excluídas de lá com ofertas de indenização indignas. Defendo eles e também os arrozeiros, que são brasileiros", afirmou o senador.

Para evitar supostos riscos à soberania nacional em uma área onde, alega, há descaminho de minerais e narcotráfico, Cavalcanti propôs a retirada de 320 hectares da área demarcada, para deixar de fora estradas federais, áreas produtivas e faixas de fronteira.

O senador também atacou o Conselho Indígena de Roraima (CIR), ao citar que a entidade tem parcerias com organizações na Itália, Inglaterra, Holanda, Noruega e Estados Unidos na luta pela manutenção da demarcação contínua. "Seria uma beleza que essa gente que exterminou seus índios estivesse realmente preocupada com os nossos", ironizou Cavalcanti.

As críticas de Cavalcanti quanto à programação do evento foram rebatidas pelo consultor jurídico do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, que mediava o debate. "Várias instituições contrárias à demarcação foram convidadas e se negaram a comparecer. Já em Roraima há hoje um evento semelhante e para esse ninguém chamou o governo federal", argumentou Favetti.

As palavras do senador também provocaram a reação indignada de indígenas que estavam na platéia. O tuxaua (cacique) da comunidade do Maturuca, Dejacir da Silva, afirmou que o parlamentar era "anti-indígena" e nunca procurou os índios para dialogar.

(Fonte: Marco Antônio Soalheiro/ Agência Brasil)
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