Nota do blog: Na fotografia acima vê-se o majestoso Encontro das Águas (Rio Negro e Rio Solimões), onde nasce o rio Amazonas em território brasileiro. Trata-se de um patrimônio natural dos amazonenses. O movimento social SOS Encontro das Águas está lutando contra a construção de um porto, projetado para ocupar a região das Lajes, que fica situada defronte desse santuário. Aqui ao lado tem um abaixo-assinado. Assine e ajude a defender esse patrimônio da humanidade, caso você queira visitá-lo em 2014, quando Manaus será uma das sub-sedes da Copa do Mundo de Futebol.
Carta Aberta ao Governador
Manaus está na Copa de 2014. Investimento de quase 6 bilhões de reais na cidade é tudo que um administrador precisa para por a casa em ordem. Certamente teremos outro sistema viário e um sistema de comunicação mais eficiente do que o atual padrão de internet, um dos piores existentes no país.
Deixo às outras áreas de conhecimento, e, sobretudo, às organizações da sociedade civil, os comentários sobre suas expectativas. Reporto-me ao que me é familiar: o sistema de saúde mental.
Longe vai o tempo em que o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro localizava-se no final da cidade de Manaus. No seu entorno, agradáveis igarapés. Hoje, situado na fronteira do estádio Vivaldo Lima - que cederá lugar ao novo complexo esportivo -, corre o risco de ter nova finalidade social. Nada mal. Afinal, a Lei de Saúde Mental do Estado do Amazonas define sua substituição progressiva por uma rede de atenção diária à saúde mental (Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, Centros de Convivência, Lares Abrigados e Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais). Aqui há responsabilidades estaduais e municipais.
Está em fase final o projeto de censo da população psiquiátrica, fruto do Programa Estadual de Saúde Mental quando sob nossa gestão. Ele será decisivo para orientar o programa municipal sobre a localização dos futuros CAPS em Manaus. Sem eles, impossível desmontar a estrutura hospitalar tradicional.
Há pouco tempo perdemos a oportunidade de criar leitos psiquiátricos no Hospital Getúlio Vargas. À grandeza do diretor Raymison Monteiro, faltou vontade política.
Não chega a surpreender esse tipo de insensibilidade. É a mesma que isolou a terapeuta ocupacional Márcia Maria no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro. Ninguém conduziu com tanta maestria o trabalho preparatório para implantação dos lares abrigados (Serviços Residenciais Terapêuticos).
Sem restaurar os princípios éticos que nortearam a recondução do Amazonas ao cenário da reforma psiquiátrica brasileira, temo pelo futuro próximo.
Manaus, Junho de 2009.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA
www.rogeliocasado.blogspot.com
Nota do blog: Artigo publicado no Caderno Raio-X, Jornal Amazonas em Tempo, que sai aos domingos.
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