agosto 25, 2009

Projeto Uakti lamenta a morte de Aníbal Beça

Aníbal Beça comemorando 60 anos de idade com os amigos
Foto: Rogelio Casado - Manaus-AM, Setembro de 2006

Morre o Poeta Amazonense Aníbal Beça

É com muito pesar que registramos o falecimento do poeta Aníbal Beça na madrugada desse dia 28/08/09. ANIBAL BEÇA era o nome literário de ANIBAL AUGUSTO FERRO DE MADUREIRA BEÇA NETO, poeta, tradutor, compositor, teatrólogo e jornalista, nasceu em Manaus, na Amazônia brasileira, em 13 de setembro de 1946.

Formado em comunicação social pela UFRJ trabalhou em quase todos os jornais de Manaus. Criou o jornal “O Murha” da SEC-AM; foi diretor da TV Cultura do AM, conselheiro do Conselho Estadual de Cultura, presidente do Movimento Cultural “Gens da Selva”, presidente do Sindicato dos Escritores do Amazonas e Presidente do Conselho Municipal de Cultura. Era membro da Academia Amazonense de Letras e do Movimento Clube da Madrugada.

Envolvido com teatro, artes plásticas, foi na música popular que a sua contribuição se fez mais efetiva como compositor, letrista e produtor de espetáculos e de discos. Desde 1968, quando venceu o I Festival da Canção do Amazonas, Anibal foi colecionando prêmios com mais de 18 primeiros lugares em festivais em sua terra, no Brasil e no exterior.

Teve músicas gravadas por vários artistas brasileiros como: Ângela Maria, As Gatas, Coral JOAB, Felicidade Suzy, Nilson Chaves, Eudes Fraga, Armando de Paula, Gonzaga Blantez, Lucinha Cabral, Dominguinhos do Estácio; Bira Hawaí, Aroldo Melodia, Jander, Raízes Caboclas, Mureru, Roberto Dibo, Célio Cruz, Arlindo Junior, Paulo Onça, Paulo André Barata, Almino Henrique, Pedrinho Cavalero, Pedro Callado, Delço Taynara, Grupo Tymbre e outros.

Fez parte da Ala dos Compositores das Escolas de Samba Reino Unido da Liberdade e Sem Compromisso, dando a esta última, seu único título pela autoria do enredo e do samba de enredo "Joana Galante - Axé dos Orixás", e classificou a referida escola entre as três primeiras colocações com os samba de enredo: "Hotel Cassina - Apoteose Boêmia", "Hoje tem Guarany", "Vento e sol, passa cerol - A Arte de empinar papagaios"; "Sol de Feira - O pregão da Alegria".

Por sua importante contribuição na área do carnaval fez com que fosse lembrado, e merecidamente homenageado, no ano de 1999, como tema de enredo "Aníbal Bom à Beça" da Escola de Samba "Sem Compromisso".

Como escritor seu primeiro livro, Convite Frugal, data de 1966.

Em 1994 recebeu o Prêmio Nacional Nestlé, em sua sexta versão, com o livro "Suíte para os Habitantes da Noite".concorrendo com 7.038 livros de todo o Brasil.

Outros livros: Filhos da Várzea, ed. Madrugada, 1984, abrigando o livro Hora Nua; Marupiara - Antologia de Novos Poetas do Amazonas, (organizador) Ed. Governo do Estado do Amazonas, 1985; Quem foi ao vento, perdeu o assento (Teatro) Ed. SEMEC, 1986; Itinerário poético da Noite Desmedida à Mínima Fratura, Ed. Madrugada, 1987; Banda de Asa - poesia reunida - Ed. Sette Letras, 1998; contendo o livro inédito Ter/na colheita.

Teve participação em diversas antologias: A Nova Poesia Brasileira de Olga Savary; A Poesia do sec. XX - Amazonas de Assis Brasil; Poesia Sempre da Fund. Biblioteca Nacional.; Antologia FUI EU de Eunice Arruda; Saciedade de Poetas Vivos: erótica e de haicais, de Leila Miccollis e Urhacy Faustino

Ao lado de seus afazeres literários e musicais, se destacou em prol da causa da integração cultural latino-americana, seja traduzindo escritores de países vizinhos, ou participando e organizando festivais e encontros de poesia.

Anibal Beça, além da sua condição artística foi produtor e animador cultural nato. Foi o tipo de profissional que, nos tempos atuais, se encaixava no rótulo de multimídia, tal a sua abrangência na área artística.

Aníbal Beça foi assíduo participante do Projeto Cultural Uakti (ASPI/Assinpa) que se iniciou na Assinpa em 1989 com 21 espetáculos, onde declamou algumas de suas poesias (vide fotos). Gostava tanto do projeto que se realizava às sextas-feiras que criou junto com vários artistas e intelectuais em sua residência o “Sabaníbal” que era um sábado cheio de debates culturais, poesia e música.

No ano passado (2008) concedeu um longo depoimento em vídeo para o “Projeto Memória da Ciência e da Cultura na Amazônia” da ASPI. Entre muitas coisas interessantes disse o seguinte a respeito do Projeto Uakti: “O INPA, encastelado na sua torre de marfim, não conversava a linguagem da cidade, e através do Uakti passou a conversar, a trocar idéias entre cientistas, poetas, músicos, instrumentistas, atores, artistas plásticos”. Parte desse depoimento virou o documentário em DVD com o título “Projeto Uakti – Um espaço de expressão e identidade dos artistas amazonenses no final da década de 1980” que foi apresentado no dia 31/10/08, durante o Projeto Uakti 2008, na Assinpa.

Algumas de suas poesias e várias de suas músicas seriam apresentadas aos acadêmicos brasileiros no show “Encontro das Águas e dos Poetas”, idealizado pelo Projeto Uakti, e que se realizaria durante a 61ª. Reunião Anual da SBPC (SBPC Cultural - Manaus, julho de 2009). Infelizmente o Governo do Estado do Amazonas não apoiou o evento que pretendia reunir durante uma semana quase 500 artistas amazonenses em 36 shows de cultura popular.

Projeto Cultural Uakti (ASPI)
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3 comentários:

Astrid disse...

Rogelio querido, o mundo da' voltas estranhas.
Acabo de receber de uma amiga que vive na Italia, irmã do escritor Iosif Landau que também nos deixou poucos dias atras, essa outra homenagem ao gordo:
http://eumeuoutro.blogspot.com/2009/08/uma-lagrima-para-anibal.html

Ta' dificil Rogelio...

ANTONIO BRAZ disse...

A cultura amazonense fica um pouco mais pobre por ter perdido um tesouro cultural de grande valia, que era Anibal Beça.
Que a juventude artística amazonense que está se formando no mercado possa se espelhar na obra e no trabalho de Anibal Beça, pois sem dúvida nenhuma ele sempre será um ícone na cultura brasileira.

RAYMOND DE SÁ disse...

William Gama (PROJETO UAKTI/INPA)fez uma bela síntese do muito que o Aníbal fez pela cultura amazonense.Me surpreendeu o fato de um certo Sec. de Cultura metido a (besta)sabe tudo cita-lo apenas como sambista,nada mais.Ciúme,inveja,parte de política suja de relegar mesmos os nossos grandes artistas ao esquecimento, não se sabe.Mas acho que o Robério Braga não tá mesmo com essa bola de intelectual, decerto o máximo que fez foi acessar o bom e velho Google meio na pressa e somente sacar a palavra `sambista', o negócio dele é mesmo utilizar DINHEIRO PÚBLICO a fim de se manter perpetuamente no cargo, as custas de uma classe que ele diz secretariar.Espero que em breve possa eu escrever seu epitáfio: ROBÉRIO BRAGA,500 mil pro Manaus Folia, e tantos milhões pra óperas e jazz.Nada pra arte amazonense...aki jazz o Rasputin dos trópicos.