dezembro 09, 2009

Show Memórias dos Sambistas Imortais: Geraldo Filme e Caco Velho

Show Memórias dos Sambistas Imortais: Geraldo Filme e Caco Velho

SESC Pompéia, Choperia, dia 11 de dezembro, às 21h

Com Aldo Bueno, Germano Mathias. Apresentação de Moisés da Rocha

SESC Pompéia – Rua Clélia, 93 – Pompéia - Tel. 3871 7700
Ingressos: R$ 16,00 (Inteira); R$ 8,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, maiores de 60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante) e R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). Não recomendado para menores de 18 anos. Apoio na divulgação: O AUTOR NA PRAÇA. Informações sobre Geraldo Filme e Caco Velho abaixo.

Geraldo Filme
Foto postada em emnomedosamba.blogspot.com


GERALDO FILME
- Nascido em São João da Boa Vista, no interior paulista, Geraldo Filme veio pequeno para a Capital. O pai tocava violino, mas foi com a avó que conheceu os cantos de escravos que influenciaram sua formação musical. Sua mãe tinha uma pensão nos Campos Elíseos e fazia marmitas que o menino Geraldo entregava em toda a região. Na Barra Funda, bairro vizinho, passava um bom tempo nas rodas de samba e tiririca (capoeira) que os carregadores improvisavam no Largo da Banana. Compôs o primeiro samba (Eu Vou Mostrar) com 10 anos de idade. Sua mãe fundou o primeiro cordão carnavalesco formado só por mulheres negras, que futuramente iria se transformar na Escola de Samba Paulistano da Glória. Geraldo tem o nome ligado à história do Carnaval paulista. Respeitado e querido por todas as escolas, marcou presença na Unidos do Peruche, para quem compôs sambas-enredo, mas é lembrado principalmente por sua ligação com a Vai-Vai. O samba "Vai no Bexiga pra Ver" tornou-se um hino da escola, e "Silêncio no Bexiga" homenageia Pato N’Água, célebre diretor de bateria da Vai-Vai. Com o samba-enredo "Solano Trindade, Moleque de Recife" levou a escola ao título de campeã. Um grande conhecedor da história de São Paulo, Geraldo pesquisou e compôs o samba "Tebas" que conta a história da origem desse termo que significava "o bom" ou "o melhor" e era muito usado pelos paulistanos no século passado. A origem desse termo se dá devido a um escravo que conseguiu sua carta de alforria por ser um grande conhecedor de alvenaria e hidráulica, sendo o responsável pela construção das torres da Catedral da Sé e da canalização dos esgotos da região central da cidade. Foi dele o primeiro casamento na catedral após a construção das torres. Ele construiu também um chafariz no centro da cidade. Ambas autorias não são lembrados pelas autoridades. Nos últimos anos de vida trabalhou na organização do Carnaval na cidade de S. Paulo, tornando-se uma referência da cultura negra paulistana. Um aspecto pouco estudado de sua obra é a releitura do samba rural paulista ("Batuque de Pirapora", "Tradições e Festas de Pirapora"), que trazem elementos dos jongos, vissungos e batuques ensinados por sua avó. Deixou poucas gravações, e boa parte de sua obra continua desconhecida. O LP “Geraldo Filme”, gravado em 1980, demorou 23 anos para ser lançado em CD (Eldorado, 2003). Uma importante gravação de cunho documental e histórico, “O Canto dos Escravos”, com Clementina de Jesus e Doca da Portela (Eldorado, 1982), também já pode ser encontrada em CD. A gravação do programa Ensaio, realizada em 1982, é outro documento valioso sobre Geraldo Filme (SESC/ TV Cultura). Suas composições podem ser ouvidas em gravações de Beth Carvalho (Beth Carvalho Canta o Samba de São Paulo), Osvaldinho da Cuíca (História do Samba Paulista), grupo A Barca, entre outros. Existe em vídeo um documentário sobre sua obra, “Geraldo, o Filme”, realizado por Carlos Cortez, uma co-produção da TV Cultura, CPC-Umes e Birô da Criação.

Quando do lançamento de seu primeiro disco em 1980, “Geraldão da Barra Funda o poeta do povo brasileiro” o comentário foi feito pelo dramaturgo/sambista Plínio Marcos que disse: “Quando o crioulo elegante que saia com seu violino nos cordões carnavalescos de São Paulo parou de tocar seu instrumento, Dona Augusta não teve para curtir as sua mágoa. Foi obrigada a enxugar as lágrimas no avental e dar duro na cozinha de uma pensão para não interromper o sonho que lhe embalava a vida: fazer de seu garoto o Geraldinho, um Doutor. Mas, na batalha do dia-a-dia, o filho de Dona Augusta tinha que dar uma mão. Enquanto não chegava o tempo da Faculdade, ele ia entregando as marmitas, lá pelos lados da Barra Funda. Era andar pela Praça Marechal, pela Alameda Glete, pelos Campos Elíseos e pelo Largo da Banana com as marmitas e escutar samba.Samba pesado vindo dos terreiros de café, no interior do Estado.E o Geraldinho que naquele tempo era conhecido pelo apelido de negrinho das marmitas foi chegando nas rodas de bamba. Lá no Largo da Banana as corriolas se juntavam para esperar caminhão pra descarregar. Enquanto não vinha caminhão, jogavam tiririca. E o negrinho das marmitas foi chegando na roda dos bambas. Foi ficando taludo, apanhou, aprendeu a bater. Fez o nome: Geraldão da Barra Funda. E no Bixiga, foi ganhando divisa. Direito de dizer seu Samba na Rua Direita, no Largo São Bento na Sé. Na Praça da Sé, no pé do velho relógio. Ponto de tira teima dos sambistas do passado. Aí, o sonho da faculdade já era. Mas, o Geraldão da Barra Funda, o Geraldo Filme, se fazia um poeta maior, cantor da sua cidade. Um cronista da gente e da cidade que ama. Sua obra é muito importante, não só aspecto do Samba puro da paulicéia. A obra de Geraldo Filme é uma referência para todos que quiserem saber da história de São Paulo. Que Deus nos ajude para esses sambas chegarem ao nosso povão. Geraldo Filme, o Geraldão da Barra Funda, legitimo poeta do povo brasileiro!!!”

Caco Velho
Foto postada em cinemabrasileiro.net

CACO VELHO - Interessou-se pelo samba desde cedo. Em 1932, estreou na Rádio Gaúcha como pandeirista do Conjunto Regional de Piratini. O apelido Caco Velho foi-lhe dado por sempre cantar a canção "Caco Velho", de Ary Barroso em suas apresentações. Em 1940, mudou-se para São Paulo, indo tocar no Cassino OK. Em 1941, compôs com Mutt o samba "Olá como vi o senhor" gravado pelo grupo Os Pinguins na Odeon. Em 1943, foi para a Rádio Tupi, ficando conhecido como "o homem da cuíca na garganta" por imitar o som da cuíca com a voz. No mesmo ano, sua toada "Mãe preta" foi gravada pelo Conjunto Tocantins na Continental. Em 1944, estreou em disco pela Odeon com os sambas "Briga de gato", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, e "Maria caiu do Céu", de sua parceria com Nilo Silva. No ano seguinte, transferiu-se para a Continental e lançou os sambas "Samba russo", seu e Heitor de Barros e "Mania da Rita", de Conde e Nilo Silva. No mesmo ano, gravou mais quatro sambas "Deu cupim", de Henricão e José Alcides, "Chinezinha", de sua autoria e Heitor de Barros, "Bombocado", de Denis Brean e "Que baixo!", parceria com Lupicínio Rodrigues. Em 1946, seu samba "Não bobeie Calamazu", parceria com Nilo Silva foi gravado na Continental pelos Namorados da Lua. No mesmo ano, gravou os sambas "Meu fraco é mulher", de Conde e Heitor de Barros e "É doloroso", de Heitor de Barros e Alfredo Borba, a batucada "Até onde vai o tubarão", de sua autoria e Mauro Pires e a rancheira "A safona do Gaudêncio", de Heitor de Barros e Conde.

Em 1948, gravou a marcha "Chico Pança", de Antônio Almeida e Alberto Ribeiro e o samba "Alegria de pobre", de Ciro de Souza. No ano seguinte, lançou os sambas "Vou me desabafar", de Osvaldo França e Francisco Lacerda e "Brasa na mão", de Conde e Jair Gonçalves. Em 1950, gravou o samba rumba "Porto Rico", de sua autoria e Heitor de Barros e o samba "Barriga vazia", de B. Fonseca e Luiz Alex. No ano seguinte, lançou os sambas "Mulher abandonada", de sua autoria e Heitor de Barros e "Curto reinado", de Conde e Zé Maria. Em 1952, aderiu à moda do baião e gravou o "Abraço do baião", de Luiz Gonzaga e David Nasser. No lado A desse disco, registrou a polca "A sanfona do jumento", de sua autoria e Vera Porto.

Em 1954, sua toada "Mãe preta" foi regravada na Continental pela cantora Maria da Conceição, na Sinter por Gilda Valença e na RCA Victor por Ester de Abreu. No ano seguinte, foi regravada na Continental por Edson Lopes. Dois anos depois, foi regravada como toada baião por Dirceu Matos na Polydor e se constituiu em seu maior êxito como compositor. Ainda em 1954, passou a atuar na Columbia e lançou os sambas "Estourou a bomba", de Cyro Monteiro e Dias da Cruz e "Uma só vez", de sua autoria. Apresentou-se como crooner do conjunto de Robledo e depois, da orquestra de George Henri, com quem foi para Paris em 1955, onde permaneceu até 1957 no cabaré La Macumba. De volta a São Paulo, abriu sua primeira casa noturna, a Derval Bar. Ainda em 1955, gravou na Columbia os sambas "Vida dura", de David Raw e Jucata e "Jundiaí", de sua parceria com A . R. Robledo. No ano seguinte, tranferiu-se para a RGE e lançou os sambas "Absolutamente certo", Edson Borges e "Porquoi", de sua autoria e Jandir T. de Castro.

Em 1958, foi contratado pela gravadora Continental e estreou com o samba "Bota graxa", de sua parceria com Heitor Carrilho e a marcha "Chegou de Portugal", parceria com Sílvio Arduíno e Edaor. Nessa mesma época lançou o LP "Vida noturna". No ano seguinte, gravou o samba "Banca de rei", parceria com Heitor Carrilho e Filhinho e a "Marcha do Habib", de Habib. Em 1960, gravou o samba "Passe bem", parceria com Heitor Carrilho e Filhinho e o baião "Eh boi", de Hervé Cordovil. No mesmo ano, gravou os sambas "Esterzinha Bueno", parceria com Haroldo Maranhão, homenagem à tenista Ester Bueno que se destacava no cenário internacional na quela época. Por esse período, abriu outra casa noturna, a Brazilian's. Em 1961, formou seu próprio conjunto e com ele gravou os sambas "Tem que ter mulata" e "A voz do sangue", do compositor gaúcho Túlio Piva. Em 1963, voltou para a Continental e gravou "A cuíca está roncando", de Raul Torres e "Onde está", de sua autoria e Lúcio Martins. Por essa mesma época lançou o LP "O comendador da bossa nova".

Por volta de 1966, partiu para San Francisco, nos EUA, com o conjunto Brazilian's Bar e lá ficou até 1968, quando seguiu para Lisboa, apresentando-se em teatros, rádios e televisão. De volta a São Paulo em 1970, abriu a casa noturna "Sem Nome Drink's". Ainda em 1970, participou do programa Som Livre Exportação, na TV Globo. Suas composições mais famosas foram "Mãe preta" e "Barco negro", ambas gravadas por Amália Rodrigues e tocadas em boa parte do mundo. Muitos críticos, sem saber que o compositor era brasileiro, o consideravam um importante fadista português. "Barco negro" tornou-se sucesso internacional e um dos maiores triunfos da cantora Amália Rodrigues. Muita gente pensava que a música fosse até do folclore português, tão famosa ficou na voz de Amália Rodrigues que a gravou várias vezes. Morreu prematuramente aos 51 anos de idade.

Em 2005, nos 455 anos da cidade de São Paulo, Germano Mathias, lançou o disco “Tributo a Caco Velho”, onde presta uma homenagem ao seu amigo e principal influenciador na maneira de cantar. Caco, que ostentava o apelido de sambista infernal por conta dos improvisos e do domínio rítmico, era natural de Porto Alegre. Porém, foi em São Paulo que ele se tornou conhecido. Além de algumas composições do próprio Caco, há um samba de Padeirinho que nunca havia sido gravado. Outra coisa curiosa, é que a música "Tempo Feliz" é do autor do livro sobre a vida de Germano Mathias, Caio Silveira Ramos. Algumas músicas: Uma Crioula (Caco Velho / José Saccomani); Que Baixo! (Caco Velho / Lupicínio Rodrigues); Samba do Meu Tio (Caco Velho / Haroldo Maranhão); Onde Está (Caco Velho / Lúcio Martins); Nega Velha (Padeirinho).
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