Em 2007, MD Magno, no Falatório que chega agora ao público, afirma que os Anjos somos nós, mensageiros que anunciam como Mundo todas as mensagens possíveis, por nossa condição de poder "topar toda e qualquer informação, conhecimento, idéia ou situação" em função da experiência de Real que é dada para cada Um. Situação precária essa: por efeito de recalque, somos anjos decaídos e, contudo, disponíveis ao angélico pela possibilidade de referência ao Real. Eis o ponto de partida para a reconsideração do problema do conhecimento, tema central deste livro.
A Gnômica, que é a teoria do conhecimento proposta pela Nova Psicanálise, parte do conhecimento absoluto da Pessoa como experiência de Haver, presença imanente do Real para cada Um em sua solidão e derrelição. Nesse sentido, a psicanálise é uma gnose. Mas o é também pela ampliação conferida ao que é da ordem do conhecimento, pois aquém do ponto de Real todo e qualquer conhecimento é válido como modo de lidar com esse mal-estar originário.
Donde a proposição do conhecimento compreensivo, abordado através da noção de formações do Haver, isto é, estruturas na realidade passíveis de descrição, aí incluída a conjetura da homogeneidade do campo. Estamos além do estruturalismo, do significante, do sujeito (do inconsciente), do objeto (do desejo), da heterogeneidade dos registros real, simbólico e imaginário, e da estrutura como elemento mínimo garantidor do conhecimento. Navegamos na dinâmica da polarização das formações, discerníveis e operáveis em zonas focais, mas se dispersando nas zonas franjais. Conhecimento é, portanto, resultante de transa entre pólos de formações, sempre precário, provisório e discutível, trazendo, por isso mesmo, a defesa de um instrumentalismo radical por parte da psicanálise.
Pessoas são pólos de formação que transam com outras formações e, a partir de sua experiência de Haver, produzem e transformam Mundo. Desta conseqüência gnoseológica se extraem outros questionamentos, dessa vez para o campo político. Quais os recursos possíveis da Pessoa diante da Lei, da Justiça, da Diferença, da Escolha e Afirmação na ordem sexual?
A "Rebelião dos Anjos" é não apenas o reconhecimento sereno da turbulência contemporânea por parte da psicanálise. É também a aposta na eficácia de seu aparelho clínico. De alguma maneira, a heresia está sempre presente.
Fonte: Novamente Editora
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Economia Fundamental, MetaMorfoses da Pulsão
Este livro, que transcreve o Falatório 2004 de MD Magno, trata da operação que Freud chamou de “economia das forças nervosas” quando nela se inclui a noção de quantidade. Isto, no sentido de reforçar que Freud tinha ambição de pensar mais o comum dos acontecimentos psíquicos do que a nosologia, esta sendo apenas o caminho para pensar como funcionamos.
Partindo de que “a base sobre a qual repousa a sociedade humana é, em última análise, de natureza econômica”, como diz Freud, a proposta de Magno é pensar sobre a Economia Pulsional, que constitui o fundo de toda a Psiconomia – nome que ele já sugerira para a psicanálise –, para depois retornar com mais recursos às formações progressivas, estacionárias e regressivas (anteriormente chamadas de nosológicas) presentes na lida com a clínica.
O foco está numa Economia Fundamental, reconfiguradora da Clínica como Economia das Formações no Mercado Pulsional. Nela vigora um Pensamento Perplexo, que valoriza a Indiferença, o Inumerável, e apregoa que a diferença e a multiplicidade, características do chamado pensamento complexo, se tornam aceitáveis e acolhíveis de fato só depois da Indiferenciação.
Falar em economia é considerar as composições do poder. Lacan já dissera que o inconsciente é capitalista, mas agora trata-se de partir de que o Haver é capitalista, pois o Inconsciente, para Magno, é o que se passa entre Haver e não-Haver. Será, pois, no contexto da Economia e do Inconsciente Capitalista que serão abordadas: a questão (trazida por Jean-Claude Milner) sobre os judeus e a democracia na Europa, aqui vista sob a ótica do Creodo Antrópico (conceito de 1995); as noções de alienação, apropriação e mais-valia, que se mostram dependentes do conceito de Transferência; os quatro tempos – composição, estatuação, catásfrofe e ruína – das Morfoses Regressivas (antes chamadas de psicoses), cujo efeito tem sido a generalizada difusão do processo de regressão sustentada, ou hipóstase firme, na vida das pessoas...
Sobretudo, é neste livro que o autor dá inicio à investigação direta dos conceitos de Pessoa e de Eu como formações constituídas de Primário, Secundário e Originário, e definidos como rede dotada de pólos, cada qual com uma região focal e uma região franjal infinita. Investigação esta que continuará nos anos subseqüentes com precisões importantes e necessárias, uma vez que as idéias de indivíduo e sujeito têm se evidenciado cada vez mais insustentáveis no mundo contemporâneo.
Fonte: Novamente Editora
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
maio 11, 2010
Novamente lança livros de MD Magno
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