Nota do blog: O mundo está desconfigurado. Há uma turbulência em todas as áreas e um rompimento trágico da substância ética. Ao longo da minha vida profissional, tenho buscado espaços públicos onde possa assumir a defesa intransigente do fim dos manicômios na sociedade do século XXI. Encontrei um deles no jornal Amazonas em Tempo, onde há mais de 280 artigos - atualmente publicados no Caderno "Saúde & Bem Estar" - inseri o tema no debate público da cidade de Manaus. Entretanto, a matéria "Loucura em cárcere", publicada no referido jornal, neste domingo, distorce de forma obscena o que comentei por telefone com a autora do texto. Nada do que está publicado no box foi dito por mim. Só há um acerto, a que me identifica como militante antimanicomial; o que está contradito no resto do texto. Lástima!
Nota do blog: Jamais, em tempo algum, nos 280 artigos que escrevi para o jornal Amazonas em Tempo, nomeei pessoas em sofrimento psíquico como "portadores de necessidades especiais". São definições absolutamente distintas. Nunca afirmei que o preconceito contra as pessoas em sofrimento psíquico vem da própria família. Ao contrário, disse ao telefone que pior do que eventuais abandonos familiares foi o abandono do Estado quanto ao futuro das pessoas em sofrimento psíquico, e que durou mais de 250 anos. Disse ainda que somente no novo modelo de atenção às pessoas em sofrimento psíquico vigente na maioria dos estados brasileiros, baseado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros dispositivos, é que as famílias passaram a ter um outro modo de participação no tratamento do familiar doente. A exceção no Amazonas até o início deste ano, entre 2006-2010, ficou por conta de um único CAPS, implantando na minha gestão como Coordenador Estadual de Saúde Mental, na zona norte da cidade de Manaus. Nesse mesmo período (2003-2007) foram implantado dois CAPS, respectivamente nos municípios de Parintins e Tefé. Por fim, seria um contrasenso afirmar que defendo a construção de "centro psiquiátrico" para atender pessoas em sofrimento psíquico. Nos 280 artigos escritos para o jornal Amazonas em Tempo não se encontrará uma linha nesse sentido. Ao contrário, defendo a implantação de todos os dispositivos que estão definidos nas portarias ministeriais vigente: CAPS - Centros de Atenção Psicossocial para adultos, crianças, abusadores de alcóol e outras drogas, Centros de Convivência (todos sob a responsabilidade da gestão municipal), além dos Lares Abrigados e Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais (estes sob a responsabilidade da gestão estadual). O jornal perdeu a oportunidade de ser reconhecido como um dos poucos jornais a defender, nos últimos dez anos, um novo modelo de atenção à saúde mental do Estado do Amazonas, menos pelo que sustentei na minha coluna, ao longo desses anos, do que por convicção editorial. Lástima!
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