agosto 22, 2010

Democracia e eleições no CFP

ozp11 | 27 de julho de 2007
Marcus Vinícius conta a história recente dos conselhos de psicologia e do cuidar da profissão

Nota do blog: No vídeo acima vê-se o psicólogo Marcus Vinicius de Oliveira, professor da Universidade Federal da Bahia, na campanha de 2007. 

Nota do blog: No limite do que impõe a ética, este blog deixa de identificar o nome da opositora do companheiro Marcus Vinicius de Oliveira, militante antimanicomial, ex-vice presidente do Conselho Federal de Psicologia, mas preserva o conteúdo do texto em que "Vivi" (nome fictício), incomodada com a contra-argumentação do seu opositor, num texto em que ele a refuta sobre suposta falta de democracia interna no CFP, resolve apelar para um infeliz artifício de linguagem. Leia abaixo o texto de "Vivi", e em seguida a resposta de Marcus Vinicius.


Sr. Marcus Vinicius,

Nada contra que utilize a minha mensagem para fazer campanha em benefício da cha- pa que vem controlando  o CFP nos últimos 15 anos, sob sua liderança.  Trata-se de um interesse legítimo de longa duração.
O que não se pode tolerar é o seu método virulento para fazer calar as pessoas que pensam diferente dos seus interesses: desqualificar, injuriar, jogar o nome das pessoas na lama.  Já vi o senhor batendo em usuários, mulheres e em pessoas idosas, parece, que os supostos fracos são o seu alvo.
Afirmo  que não é mais possível calar diante de tamanha violência que o senhor pratica diante de posições contrárias as suas. Não é admissível que nesta rede em defesa de uma nova ética do cuidado, tenhamos que calar nossas posições,  pois se expressarmos pensamentos divergentes, o mais do que  previsível é a intimidação. O que significa isso?
Quero afirmar o meu direito de manifestar o meu apoio à Chapa 22,  justamente por ver nesta nova composição uma possibilidade real do CFP se comportar como uma Autarquia Pública de interesse coletivo e público, sem se confundir e muito menos de se afirmar como Sociedade Civil. É na condição de sua natureza governamental de administração pública, pelo interesse de todos, que o CFP jamais poderia ter apoiado de forma sectária apenas a Renila, um dos movimentos sociais da Luta Antimanicomial.  
Ainda esclareço que o IFB, entidade ao qual o Sr. se refere,  não é OSCIP, e nunca foi gestora de serviços municipais.

Quero registrar ainda meu respeito aos companheiros e companheiras desta rede que apóiam a chapa CFP da situação, que conta com importantes e respeitosos nomes do campo, não se referindo, pois, ao mérito da Chapa, mas de significar meu desejo de renovação e de concepções mais dialógicas, sem que para isso tenhamos que passar por tamanhos constrangimentos.

"Vivi"
 ***


Sra. "Vivi",

Diferentemente do nariz de cera da truculência e da violência que a Sra pretende me aplicar sou apenas uma pessoa que leva a sério na política, as falas e os comportamentos e principalmente a coerência entre os textos e o atos... Levo meus interlocutores a sério e gasto com eles tantas palavras quanto me pareçam necessário para expressar os meus pontos de vista e as contradições do discurso alheio... isso é o mero exércio socrático da política! Da sabedoria negra da Bahia aprendi: Quem não pode com mandinga não carrega patuá!

Virulência senhora "Vivi é a Sra postar na sua mensagem um texto como este:
"Já vi o senhor batendo em usuários, mulheres e em pessoas idosas, parece, que os supostos fracos são o seu alvo". A Sra certamente conhece o texto do Freud "Uma criança é espancada" e sabe que é pura leviandade de sua parte não colocar aspas na palavra "batendo", deslocando a condição metafórica do uso e fazendo assim projetar imagens que efetivamente não correspondem aos fatos... Sou na maior parte do tempo, inclusive na política, uma pessoa sensível, solidária, doce e afetuosa, tenho milhares de amigos e aliados e apesar disso, não o lamento, alguns não me apreciam porque lhes contrario em seus interesses e posições....

 A Sra, que me acusa indignada de violência, pelo fato de ter objetado respeitosamente a sua "ingenua" e "pura" (isso é só ironia) mensagem de apoio à oposição do CFP, pretenderia com essa mensagem oferecer aos integrantes dessa lista, sobretudo aos que que não me conhecem, a idéia de que efetivamente comento atos de violência fisica contra usuarios, mulheres, idosos? Que eu sou um contumaz espancador de fracos? É isso Sra Neli? A Sra já presenciou efetivamente alguma situação em que eu bati ou espanquei alguém nessas condições? Se não, seria honesto de sua parte retornar a essa lista com boas explicações...

Sobre o debate político com os supostos "fracos",  aprendi ao longo tempo que o respeito é devido a todos indistintamente, mas é sempre preciso cuidado para discernir pois canalhas tambem envelhecem e podem se comportar como meros "aproveitadores"; que na política eventualmente a identidade de usuários pode ser usada também para a mera manipulação, inclusive dos donos de hospitais psiquiátricos e que as mulheres sabem se defender muito bem,  quando o assunto é o manejo da língua ferina!!


Aprendi tambem com meus avós que aquele que fala o que quer, ouve o que não quer!!!! Eu por exemplo não postei aqui nenhuma mensagem quando a chapa de oposição ao CFP se utilizou desta lista para postar o seu próprio programa. Não os constestei.... e não o fiz porque, sinceramente, acho que nas listas da internet devemos nos guiar por uma "netiqueta" que informa que até podemos, mas não devemos, aporrinhar as caixas de mensagens alheias com temas que desviem o foco daquilo que produz a unidade dos interesses específicos daquela lista... Mas as pessoas em geral acham que podem fazer os seus proselitismos políticos na internet sem maiores consequências, oferecendo gatos por lebres, sem qualquer tipo de onus pessoal pelas suas afirmações...

O que quis demonstrar com minha resposta  é que a sua manifestação de apoio era injusta em relação ao tema da democracia interna  no CFP e é injusta e desqualificadora essa idéia de um  grupo que "controla" o CFP nos últimos 15 anos... como se fizessemos parte de uma  "geração de pelegos" que se reproduz ilegitimamente na gestão daquela entidade... O que insisto em afirmar é que a organização politica é um pressuposto fundamental da Democracia, que aqueles que tem algum projeto de transformação devem efetivamente se organizar sem ter medo do poder e sem medo de ser feliz!!!!! E nessa história da organização política o CFP tenho a honra de efetivamente ter gasto boas horas da minha vida pessoal para contribuir com estes colegas que me honram hoje com a condição de companheiros de militância... Busco sempre andar em boa companhia na política....

O que a sua mensagem ocultava  é o mérito do esforço deste grupo para retirar o CFP da insignificância institucional que o caracterizava pra projetá-lo hoje como uma entidade que é modelo de democracia institucional, transparência na gestão dos recursos públicos, linha de frente da luta política por um país efetivamente republicano e campeão na luta pela adoção de políticas públicas, capazes de ampliar a cidadania, os direitos humanos, além de garantir a ampliação da empregabilidade  dos nossos colegas, os 230.000 psicólogos que estão inscritos na entidade..

Acho o mote dos aliados da Coordenação Nacional de Saúde Mental no debate político, ao se fazerem oposição à atual direção do CFP  é muito frágil, quando se prestam às ambições totalitárias da produção de unanimidade para uma mera política setorial. O CFP hoje, fruto das concepções arrojadas do grupo que o dirige  se relaciona com o Estado Brasileiro em múltiplas frentes das políticas públicas - Direitos Humanos, Segurança Pública, Sistema Prisional, Criança e Adolescente, Assistencia Social, Defesa Civil, Relações Exteriores, etc etc, E na propria politica de saúde em várias outras frentes como Educação Permanente, ANS, Saúde Materno Infantil,  Atenção básica, Saúde do idoso etc, etc...  Em todas elas a nossa parceria nunca implicou na perda da nossa autonomia de critica...  Toda política sempre será marcada por lacunas, todo gestor público poderá ser questionado sobre a diferença entre o que se pode fazer e o que se deve fazer... a ambição de se fazer "consensual" as vezes revela apenas um mero delírio de poder...

O espaço dessa lista me limita, mas poderei fazê-lo se instado a isso, apresentar um balanço   das relações políticas da Coordenação Nacional de Saude Mental nas suas relações institucionais truculentas para com o CFP e para com a RENILA do qual igualmente faço parte... fatos que nem sempre são públicos e que na maioria das vezes recebem na versão oficial relatos nem sempre justos... Posso oferecer com detalhes nomes, datas, circunstâncias... Mas o mais importante é registrar, como contraponto democrático é que apesar deste tratamento, ao longo destes anos o Coordenador de Saúde Mental sempre foi um convidado, e compareceu, recebido com elegancia e direito a livre expressão nos eventos mais importantes que o CFP produziu...

Lamentavelmente  para os aliados da atual Coordenação Nacional de Saúde Mental - que hoje estão efetivamente concentrados na chapa de oposição - é que eles não responderam às problematizações que a atual gestão do CFP faz à condução da Política Nacional de Saúde Mental... Eles acham que o PNASCH esta bom? Que o ritmo da desospitalização e do De Volta pra Casa são adequados? Que o "diálogo" inexistente entre os condutores da política e as entidades de trablhadores e movimentos sociais estão na linha certa? O mais importante Sra. "Vivi", num debate político são as propostas... O que os psicólogos precisam para decidir o que é melhor para eles, sobre este tema, não é se existe um ajuntamento de ressentidos que por um motivo ou outro, tiveram os seus interesses pessoais ou políticos contrariados pela atual gestão ...(aqui também eu poderia dar nome aos bois, citando fatos e circustâncias, mas não acho ser esta lista o lugar mais adequado), mas o que pensa e quais são as propostas da oposição para essa politíca em debate...

E isso que os nossos 230.000 colegas psicólogos esperam da próxima gestão do CFP: propostas para enfrentar as complexas realidades da formação profissional, da produções de referências técnicas e éticas para os novos fazeres, das estratégias de produção de empregabilidade sem o recurso dos corporativismos como a oposição que prega  estratégias do 'ato psicologico' nos nivelando em ação política ao odioso "ato médico"!!
Marcus Vinicius de Oliveira
IPSI-UFBA

Um comentário:

Unknown disse...

Eu Paulinho, usuário dos serviços de saúde mental de Belo Horizonte, apoio o sr. Marcus Vinícius e as chapas para cuidar da Profissão. Apoi principalmente o meu estado Minas Gerais (CRP04) e Brasil.

Para CFP, faz um 21.

Obrigado!