agosto 11, 2011

A visão de Silvio Caccia Bava sobre os acontecimentos na Inglaterra conflitam com o jornalismo do padrão global

PICICA: Em nome de interesses geopolíticos, a mídia internacional nomeou como revolucionários os jovens que constestaram regimes ditatoriais em alguns países árabes. Mas para os acontecimentos dos últimos cinco dias na Inglaterra, os jovens são identificados como banderneiros, vândalos e arruaceiros. Certamente são cenários  diferentes, e ainda que as motivações guardem relações com contextos sociais e políticos inteiramente distintos, reduzi-los a um clichê estigmatizante nos dá a dimensão de como alguns veículos transformam a realidade num pastiche jornalístico. A Globo News figura entre seus representantes. Entretanto, num desses vacilos da programação, não contavam com a análise sóbria do sociólogo Silvio Caccia Bava, Diretor e Editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil. Uma outra mídia é possível, e nela não tem espaço para a deplorável programação da Globo News. É bom a mídia local por as barbas de molho, sobretudo aquela que vive a nomear os jovens da periferia de Manaus como galerosos, omitindo a realidade vivida pela periferia das grandes cidades. Esta não é outra coisa do que o produto perverso da expansão de um capitalismo que vem operando rupturas na legitimidade dos sistemas políticos, segundo o próprio Cava ao analisar a crise e a revolta popular na Europa. Pelo andar da carruagem, cada vez mais o cidadão comum desloca-se para o centro da arena política, nos termos de Cava, posto que nossas representações partidárias e nossos governos tornaram-se reféns do setor financeiro internacional. A América Latina tem dado bons exemplos de democratização com a criação de novos mecanismos de participação social e de controle social, como afirma Cava no editorial do Le Monde, número 48. É preciso mais. É preciso aprofundá-la, e não dar chance ao retrocesso. Para isso, precisamos de uma outra mídia.

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