PICICA: "[...] a visão do governo está “longe de
vir acompanhada de um
planejamento de políticas públicas” que avalie, mitigue e compense os
impactos sociais e ambientais gerados pelas obras."
Para examinar o impacto das hidrelétricas na Amazônia
Inesc publica Nota Técnica que analisa em conjunto 30 novas usinas e alerta: “Estado tem sido incapaz de avaliar, evitar e mitigar os impactos gerados por essas obras”
Por Thaís Herrero, no Página 22
Todas as hidrelétricas que estão em construção ou em processo de licenciamento na Amazônia vão alterar para sempre a configuração ambiental, social e territorial da região. Apesar de seus potenciais energéticos e impactos ambientais serem relevantes, o governo federal não parece dar a devida atenção a esses empreendimentos.
É o que alerta a Nota Técnica publicada pelo Observatório de Investimentos na Amazônia. Iniciativa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), foi criado para acompanhar a aplicação de recursos públicos e privados na região e os impactos socioambientais e econômicos. O documento é endereçado à sociedade brasileira e aponta para a necessidade de uma “urgente e profunda discussão sobre os impactos das hidrelétricas”. Esse é o primeiro de uma série de documentos que serão publicados até o fim do ano.
O objetivo do Observatório é reunir informações sobre as hidrelétricas e discutir as dificuldades que o Estado brasileiro demonstra em avaliar, evitar e mitigar os impactos gerados por essas obras. Segundo a Nota publicada, os investimentos e financiamentos do governo federal são assumidos como absolutamente estratégicos, tanto para a economia quanto para a geração de energia, considerada “limpa”. Até o fim de 2011, o BNDES já havia emprestado R$ 22,45 bilhões para a construção de hidrelétricas na Amazônia, dos quais R$ 7,22 bilhões foram para Jirau e R$ 6,13 bilhões para santo antônio, ambas no Rio Madeira. A polêmica Belo Monte recebeu R$ 4,77 bilhões.
Para Alessandra Cardoso, coordenadora do Observatório e responsável pela publicação, a visão do governo está “longe de vir acompanhada de um planejamento de políticas públicas” que avalie, mitigue e compense os impactos sociais e ambientais gerados pelas obras. Ela defende também que custos sociais e ambientais sejam internalizados no custo da energia gerada.
Leia a Nota na íntegra.
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