PICICA: "“Você já viu alguém tomando conta de uma vinícola com fuzis?”, emenda a
juíza aposentada Maria Lúcia Karam, presidenta da organização. “Não viu,
mas nos EUA, na época da proibição, era assim. A violência só acabou
com a descriminalização”, conclui."
Agentes da lei defendem legalização das drogas
Formada por delegados, policiais e juízes, Leap Brasil diz que guerra
aos narcóticos é a grande causadora da violência no país e defende
regulação da produção pelo Estado
Rio - ‘Quem morre na guerra contra as drogas não é o usuário: é o
policial e o traficante’. A frase, dita pelo ex-chefe do Estado-Maior da
PM, coronel Jorge da Silva, resume bem a ideia de um movimento que vem
ganhando corpo entre os profissionais responsáveis por aplicar a lei no
Brasil: a guerra contra as drogas está perdida. Formada por policiais,
delegados e magistrados, a Leap Brasil (Agentes da Lei contra a
Proibição) acredita que somente a legalização do consumo e a regulação
da produção serão capazes de conter a espiral de violência causada pela
luta entre Estado e narcotráfico.
“Você já viu alguém tomando conta de uma vinícola com fuzis?”, emenda a
juíza aposentada Maria Lúcia Karam, presidenta da organização. “Não viu,
mas nos EUA, na época da proibição, era assim. A violência só acabou
com a descriminalização”, conclui.
O coronel da PM Jorge da Silva (E), a juíza Maria Lúcia Karam e o delegado Orlando Zaccone:
unidos pelo fim das mortes causadas pela ‘guerra’ | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
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Criada em 2010, a Leap Brasil
vai ampliar sua atuação em 2012. Ela é baseada na sua coirmã
norte-americana — de onde vem o maior interesse pela continuidade da
política, por conta do bilionário lucro do mercado das armas. “Foi uma
política criada pelo Nixon (presidente nos anos 60/70) para combater o
movimento dos direitos civis nos EUA, que questionava a Guerra do
Vietnã. Como não podiam prender pelo ativismo, prendiam pelo uso de
drogas”, acrescenta o coronel Jorge da Silva. “Fui criado no Morro do
Adeus, no Alemão, e até os anos 70 as armas eram as pedras atiradas pela
garotada”.
O coronel acredita que o fim da guerra às drogas levará as comunidades
do Rio a uma nova onda de solidariedade. E de paz. “Já enterrei muitos
policiais. Quem morre é o preto, o pobre e o favelado. Vi muito mais
gente morrendo na guerra contra as drogas do que por usar drogas”,
conclui. “Ser a favor da legalização não é ser a favor da glamourização
da droga”.
Procurada, a Secretaria de Segurança informou que não comentaria o assunto.
Delegado fala em ‘hipocrisia’
Delegado titular da 18ª DP, Orlando Zaccone tem pronto o discurso de
defesa da Leap Brasil, organização da qual é o primeiro-secretário. “A
diferença entre o traficante e o empresário é a legalização”, diz o
policial. “Há hipocrisia neste tema. Enquanto o banco HSBC aparece no
noticiário de economia pagando multa por lavagem de dinheiro do tráfico,
só policiais e favelados morrem nesta guerra”, diz. “A guerra contra as
drogas afeta a vida e a saúde de muito mais pessoas do que as próprias
drogas”.
Pai, inspetor diz não temer ‘apologia’
Com 17 anos de polícia e membro-fundador da Leap Brasil, o inspetor
Francisco Chao garante: não quer que sua filha, ainda criança, use
drogas. “Mas se ela quiser, não vou conseguir impedir, mesmo sendo
policial. Por isso, prefiro a droga legalizada, porque o Estado terá
controle”, diz ele, que tem no currículo a prisão do traficante Elias
Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes, após intensa caçada no
Alemão. “Na Europa, não se bebe na rua. Com as drogas legalizadas, devem
fazer a mesma coisa ”.
Fonte: Arma Branca
Um comentário:
A criminailização das drogas suporta a indústria do tráfico, da morte e da violência no Brasil. Só a descriminaliização pode acabar com a corrupção policial, como explica, por exemplo, este artigo do jornalista mauro santayana, do Jornal do Brasil:
http://www.maurosantayana.com/2012/12/a-lei-e-o-mercado-da-morte.html .
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