dezembro 30, 2012

TREMEI FARISEUS, A BICA ESTÁ DE VOLTA (uma homenagem ao luso-brasileiro Armando Soares)

PICICA: "Armando tornou-se imortal por saber transpor o humor lusitano para uma terra onde abundava a melancolia." 


TREMEI FARISEUS, A BICA ESTÁ DE VOLTA (uma homenagem ao luso-brasileiro Armando Soares)

(Texto enxuto, depois de várias correções dxs amigxs)

Carxs amigxs, perdoem a pressa dos nossos dias. Findei por não apresentar o personagem da postagem anterior (sobre um certo tema de carnaval): Armando "Brasileiro" Soares. Nunca existiu um português como ele. Com seu humor insuperável tornou-se símbolo do carnaval amazonense, e imortalizou-se com a sua BANDA INDEPENDENTE DA CONFRARIA DO ARMANDO - a BICA. Desencarnou em abril deste ano o ano passado (bem se vê que espiritualmente já estou em 2013, pois que nosso querido personagem nos deixou em abril deste ano de 2012), mas seu espírito permanece no BAR DO ARMANDO, reduto de liberdade que criou e foi tomado pelos boêmios, intelectuais e desocupados de um modo geral em lugar nobre da cidade de Manaus: o largo de São Sebastião, onde está situado o Teatro Amazonas - teatro criticado por um detalhe estético que desagradou nada menos que o uruguaio Eduardo Galeano, que não entendeu o espírito republicano do então governador Eduardo Ribeiro ao perpetuar o lábaro nacional numa abóbada futurista. Nada disso importa ao gosto da turba alegre e irreverente que faz multidão em frente do bar desde 1985 - nas minhas contas, a data em que a banda ameaçou sair mas ficou restrita ao espaço sagrado do próprio bar (trecho acrescentado, pois como esclareci para minha querida Gracionei Medeiros, só tem uma coisa mais rápida que o pensamento: a caganeira, pois ela impede o indíviduo num banheiro escuro de apertar o interruptor antes do desfecho fatal; no meu caso, faltou agilidade nos dedos para acompanhar meus pensamentos); no ano seguinte ameaçamos sair, e ficamos a pular o carnaval somente na frente do bar, ao som das marchinhas da banda "Demônios da Tasmânia"; e em 87 é que a BICA criaria seu próprio percurso. Os temas do carnaval da Banda são memoráveis. Há sempre um político, ou um grupo político, na berlinda. É a sensação do carnaval. Respira-se liberdade de expressão. Não há banda igual. Talvez por saber da importância que a BICA assumiu para o carnaval manauara é que Armando hospitalizado enviou mensagem para a que a Banda saísse no carnaval de 2011. Os mais próximos não suportaram a dor da perda do eminente lusitano, nosso velho e querido Armando. Decidiu-se pela suspensão do carnaval da BICA. Esse ano Armando volta do jeito que o diabo gosta - que não nos ouça Frei Fulgêncio, o capuchinho responsável pela paróquia de São Sebastião. Olha ele aí, pedindo passagem (a fotografia foi feita durante a comemoração de um dos seus aniversários - 28 de fevereiro; ao lado de sua Lourdes, Armando recebe o seu próprio boneco, que rivalizaria com a boneca da Kamélia, outro ícone do carnaval amazonense). Armando tornou-se imortal por saber transpor o humor lusitano para uma terra onde abundava a melancolia. Mas esse é um outro papo, para o qual recomendo a leitura de RETRATO DO BRASIL, cujo link está disponível aqui. Seja bem-vindo, Armando! Seja bem-vinda a sua BICA!

PICICA: Clique aqui para ler texto do 'brother' Simão Pessoa sobre um dos grandes carnavais da BICA: o de 1999, quando todos ainda tínhamos cintura, menos ele: http://amordebica.blogspot.com.br/2011/02/carnaval-1999-armando-brasileiro.html

Nenhum comentário: