PICICA: "Por que, afinal, Diógenes gritava alto na ágora? Por que o louco corria pelo mercado gritando que Deus estava morto?
A filosofia não se faz necessariamente aos gritos, mas ela se faz como a
nota mais aguda, como melodia, como ponta de lança. O lugar que este
filósofo busca é onde o agudo significa afiado, onde afinar é o mesmo
que afiar.
Dizer que a boa filosofia se faz de notas
mais agudas significa dizer que ela se utiliza de tudo que está na
base. A nota mais alta é a mais audível pelo ouvido, a nota mais alta
dá a direção, aponta caminhos, abre trilhas não exploradas. Só
descobrimos se uma melodia valeu a pena quando chegamos nos seus
extremos, seus cumes e vales. Só encontramos valor na filosofia quando
encontramos suas extremidades, sua abertura para o indefinível. A
possibilidade de cada pensamento está sempre na borda de si mesmo.
São as diferentes alturas que criam uma
melodia. Uma boa linha melódica faz todo o resto ser acompanhamento, é
uma revolução. É assim com um conceito:
conectamos pensamentos para fazer movimentar novas ideias a fim de que,
quem sabe, nasça uma nova sonoridade. Deixamos de acompanhar para
sermos acompanhados, só assim podemos andar lado a lado com o
acontecimento."
Por que, afinal, Diógenes gritava alto na ágora? Por que o louco corria pelo mercado gritando que Deus estava morto?
A filosofia não se faz necessariamente aos gritos, mas ela se faz como a
nota mais aguda, como melodia, como ponta de lança. O lugar que este
filósofo busca é onde o agudo significa afiado, onde afinar é o mesmo
que afiar.
Dizer que a boa filosofia se faz de notas
mais agudas significa dizer que ela se utiliza de tudo que está na
base. A nota mais alta é a mais audível pelo ouvido, a nota mais alta
dá a direção, aponta caminhos, abre trilhas não exploradas. Só
descobrimos se uma melodia valeu a pena quando chegamos nos seus
extremos, seus cumes e vales. Só encontramos valor na filosofia quando
encontramos suas extremidades, sua abertura para o indefinível. A
possibilidade de cada pensamento está sempre na borda de si mesmo.
São as diferentes alturas que criam uma
melodia. Uma boa linha melódica faz todo o resto ser acompanhamento, é
uma revolução. É assim com um conceito:
conectamos pensamentos para fazer movimentar novas ideias a fim de que,
quem sabe, nasça uma nova sonoridade. Deixamos de acompanhar para
sermos acompanhados, só assim podemos andar lado a lado com o
acontecimento.
É preciso ser forte para improvisar! Sim,
é preciso que as forças estejam bem arranjadas para poder arriscar.
Criar uma melodia em um instante, um conceito em um estalar de dedos não
é para qualquer um, tampouco para ninguém. Sejamos mais ousados! Quando
se sentir preparado, grite. Você não precisa saber necessariamente o
que quer dizer, mas precisa estar seguro, para além das palavras. Às
vezes, sabemos muito bem disso, a melodia importa mais do que as
palavras que a acompanham. Os gestos não acompanham um grande discurso,
mas o constituem intimamente.
Diógenes gritava mais alto para dar o
tom, porque sentia que muitos desafinavam na vida, usavam escalas
impróprias, contribuíam com notas tediosas e esperadas Diógenes sabia
ser inadequado com os que não entravam no tom: Cuidado com a afinação!
Não se pode tocar sem antes saber as escalas e os acordes. Uma bela
melodia denuncia qualquer tríade sem graça, qualquer cadência simplória.
A boa melodia destaca o impensado da harmonia, assim como o pensamento
pode ser uma prática de revelar o diferente.
Pensar na altura é deixar as forças mais
potentes se manifestarem, a base segue seu caminho, a cozinha, baixo e
bateria, dá suporte, segura a onda enquanto o saxofone brada dominantes
diminutas nos ouvidos desprevenidos. As notas mais agudas saem para
depois entrar, dançam no limite da harmonia, na borda do desconhecido,
abrindo espaço ao improviso elegante em uma vida de tédios e músicas
plagais.
Fonte: Razão Inadequada
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