junho 04, 2009

Trabalhadores rurais torturados na Paraíba

Nota do blog: Leia abaixo alguns trechos de nota publicada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Paraíba:

1 - Na sexta-feira (01/05) 60 famílias montaram acampamento nas margens da BR 230 próximo a Fazenda Cabeça de Boi no município de Pocinhos, área com aproximadamente 750 hectares improdutivos, de propriedade de Maria do Rosário Magno Cavalcante. Em dezembro de 2008 essa propriedade foi declarada pelo Governo Federal como sendo área de interesse social para fins de reforma agrária.

2 - Na madrugada foram surpreendidos por um grupo de homens encapuzados que dispararam inúmeras vezes contra as famílias. A maioria dos Sem Terra conseguiram escapar dos disparos entrando na mata fechada. Junto aos homens encapuzados estava a proprietária da fazenda e o irmão dela, Constâncio Magno Cavalcante.

3 - Sete trabalhadores foram capturados e violentamente torturados. Seus corpos foram molhados com gasolina e ficaram horas sob a ameaça de serem incendiados vivos. Um dos trabalhadores torturados foi levado à casa grande da fazenda, que foi incendiada com ele dentro, que no desespero conseguiu sair e salvar sua vida.

4 - Em determinado momento a proprietária disse que iria providenciar reforço, momento esse em que os homens encapuzados foram embora e retornando em seguida como policiais fardados. Segundo as vitimas, a voz dos policiais era semelhante a dos capangas. Muitas intimidações e ameaças foram feitas pelos policiais. Os policiais militares estavam sob o comando do Tenente da Polícia Militar Jonathan Midori Yassak e os guardas florestais sob comando de Antônio Barbosa dos Santos.

5 - Os trabalhadores foram levados para o posto da Policia Rodoviária Federal, no ônibus que servia de apoio ao movimento, sendo esse conduzido por um dos torturados. Logo em seguida foram transferidos para o 2º Batalhão de Policia em Campina Grande.

6 - Estes trabalhadores foram detidos, sob a alegação de que teriam cometido os crimes de que foram vítimas: incêndio, porte ilegal de arma de fogo, e de terem disparado contra seus agressores.

Agora, pasme! O nome de Maria do Rosário Magno Cavalcante, quando colocado no Google, não aparece apenas como mandante de crimes de tortura contra ativistas do MST; aparece também como SUPERVISORA CLÍNICO-INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, PARA A ÁREA DE SAÚDE MENTAL! Para ser ainda mais preciso: a referida é supervisora do CAPS Dr. Antônio Marinheiro, em Juazeirinho, PB. Mas, a ironia maior - como se não bastasse - é que Maria do Rosário, além de ter sido Coordenadora Estadual de Saúde Mental do governador cassado, Cássio Cunha Lima, é atual Coordenadora de Saúde Mental do Município de Sapé, cidade na qual nasceram as Ligas Camponesas!

Impressiona muito saber que esta psicóloga recebe recursos da Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, recursos estes vinculados a um projeto que é, por sua natureza, um dispositivo da Reforma Psiquiátrica, ou seja: um projeto que tem como objetivo central, fazer a Reforma acontecer no cotidiano da vida. Impressiona, indigna e assusta. Afinal, parece claro que o papel dos supervisores clínicos-intitucionais é um papel eminentemente político. Ora: qual o compromisso político de uma pessoa que acompanha uma ação ilegal, realizada na madrugada, em seu próprio latifúndio, no qual agentes do estado torturam ativistas do MST, para depois molharem seus corpos com gasolina, sob ameaça de incendiá-los? Alguém seria ingênuo ao ponto de imaginar que uma pessoa assim pode ter compromissos políticos com a Reforma Psiquiátrica?

O caso foi denunciado à Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Pede-se que se avalie a possibilidade de revogação do contrato de supervisão diante de acusações tão graves. Igualmente foi denunciado ao Conselho Federal de Psicologia, para os quais pergunta-se: diante da comprovação de envolvimento de uma profissional da psicologia com práticas de tortura, seria cabível a cassação de registro profissional, caso fosse comprovada a responsabilidade, depois do amplo direito de defesa?

A autoria da denúncia - salvo a da CPT - está sob sigilo.
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Um comentário:

Unknown disse...

DENÚNCIA
A torturadora Maria do Rosário Magno Cavalcante, volta a atuar, desta vez torturando os trabalhadores de saúde mental do CAPSad, recem inaugurado pelo governo Maranhão. É isso mesmo, da vez anterior foi com o MST - episódio da Fazenda Cabeça de Boi, em Pocinhos. Ela volta a ser a coordenadora estadual de saúde mental.
Mais uma vez a impunidade volta a reinar no Estado da Paraíba