Pedro (esq.) e Guilherne durante a apresentação do pôster
Foto: Cristiane Barbosa - Manaus-AM, julho, 2009
De que maneira os meios de comunicação de massa podem fortalecer a cultura e a identidade regional, principalmente nas comunidades mais distantes do Médio Solimões, no interior do Amazonas? Foi com essa pergunta que o estudante de Geografia, Pedro de Paula Júnior e seu orientador, professor Guilherme Gitahy de Figueiredo, professor de Antropologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Tefé, desenvolveram ao longo de dois anos, pesquisas relacionadas à mídia, educação e organização coletiva.
“Buscamos compreender como está sendo feita a entrada de novas tecnologias e meios de comunicação nas aldeias indígenas, bairros e comunidades em que o Centro de Mídia Independente de Tefé (CMI-Tefé) tem atuação e que transferências estão ocorrendo no decorrer desse processo, principalmente na Região do Médio Solimões”, explicou o universitário Pedro de Paula, que desenvolveu a pesquisa com o apoio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
O universitário explicou que, para atingir o objetivo, foram utilizados os métodos de história oral e de observação participante. “O estudo envolveu uma série de análises sobre a experiência dos voluntários do CMI-Tefé e dos grupos com os quais ele vem se envolvendo através de oficinas e de outras atividades”, afirmou. As oficinas de jornalismo e rádio comunitária são realizadas por três bolsistas do Paic e voluntários do centro de mídia.
Pôster na SBPC
O trabalho, apresentado na sessão de pôsteres da 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foi realizado a partir das histórias de vida dos cinco integrantes mais ativos do CMI. “Fizemos a observação participante em oficinas realizadas nas assembléias do movimento indígena do Médio Solimões (AM), num curso de jornalismo popular desenvolvido em Cantá (RR), por serem aqueles sobres os quais se acumularam mais dados e análises até o momento, embora sejam apenas uma pequena parcela das ações já desenvolvidas pelo CMI-Tefé”, destacou o orientador, Guilherme Figueiredo.
Na avaliação de Figueiredo, o trabalho desenvolvido pelo CMI-Tefé resultou em ganhos para os voluntários e também para as populações envolvidas em suas ações. “Estes ganhos, por sua vez, estão associados ao fortalecimento da organização local e da solidariedade entre os grupos. Tendo em vista tantos benefícios, espera-se que iniciativas como essas do CMI-Tefé sejam levadas em consideração no repensar das políticas dos meios de comunicação”, declarou. “A ideia é que essa tecnologia seja ressignificada nas comunidades. Nosso objetivo é transmitir conhecimento sobre os meios de comunicação, respeitando a tradição e a criação das comunidades”, completou Figueiredo.
Além dessa pesquisa, o professor Figueiredo coordenou outros trabalhos voltados para as mídias livres e organização coletiva, tais como: “A fronteira virtuosa - universidade, mídias livres e diálogo intercultural” e “A Flor Indígena - artes de fazer e mídias livres na Barreira da Missão”, que já geraram artigos científicos apresentados em congressos como o Intercom Norte, em Porto Velho, ocorrido no último mês de junho.
Sobre o CMI-Tefé
Segundo Figueiredo, o Centro de Mídia Independente é uma rede formada junto ao movimento juvenil anticapitalista que eclodiu em 1999 e que, até os dias de hoje, atua com a democratização da produção e difusão de notícias sobre as lutas sociais em centenas de cidades de todo o mundo.
O CMI-Tefé é autônomo e ligado a uma rede internacional conhecida como Indymedia, que se dedica à democratização da produção de notícias e da comunicação. O centro foi criado em 2006 por alunos da UEA, em Tefé, com a implantação de uma rádio livre. “O coletivo tem utilizado de oportunidades oferecidas por projetos governamentais e não governamentais para intensificar as suas ações. Em 2009, começou o ano participando da Operação Centro-Norte do Projeto Rondon, propondo a realização do Curso de Jornalismo Popular e Rádio Comunitária”, explicou Figueiredo.
Sobre o Paic
O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) é oferecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Estado.
Cristiane Barbosa – Agência Fapeam
Fonte: FAPEAM
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