julho 26, 2009

A caminho de Brasília


Nota do blog: Militantes da reforma psiquiátrica vibraram em todo o Brasil na semana que passou. Não era pra menos. Pela primeira vez a palavra CAPS foi dita com todas as letras quando o personagem de Stênio Garcia - que faz um psiquiatra - apresentou o desfile da grife DASDOIDA, do CAPS de Itapeva. Ainda que o telespectador não saiba que CAPS é o acrônimo de Centro de Atenção Psicossocial, e que o CAPS de Itapeva chama-se, na verdade, CAPS Luis Cerqueira (primeiro CAPS do Brasil, 1986), em homenagem ao saudoso psiquiatra que nos anos 1960 denunciava a falência dos hospitais psiquiátricos no Brasil. Tive o prazer de conhecê-lo quando fiz um discurso no encerramento do IV Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Fortaleza-CE, em 1976, em que nós - estudantes - criticavamos a psiquiatria praticada na época. A novela de Glória Peres tem o mérito de povoar o imaginário popular - audiência de 30 milhões de telespectadores - com referências mais arejadas, ainda que não aprofundadas, sobre as novas formas de acolhimento às pessoas com transtorno mental, no momento em que a psiquiatria conservadora vem ocupando a mídia para detonar a conquista de familiares, usários e trabalhadores de saúde mental no campo da saúde mental, desde que Telma de Souza / David Capistrano Filho lideraram em Santos a primeira experiência revolucionária de viver numa cidade sem manicômios (1989-1992). Por essa e por outras é que o movimento social que luta por uma sociedade sem manicômios está promovendo a "Marcha a Brasília": usuários dos serviços de saúde mental do SUS - Sistema Único de Saúde - pretendem entregar ao presidente da república uma pauta de reivindicações. A proposta nasceu de um dos núcleos que compõem a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial - RENILA.

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