agosto 06, 2009

A dois meses da Marcha à Brasília, a Globonews debate Reforma Psiquiátrica


Nota do blog: Se você não consegue ler o que está sendo dito nas entrelinhas, repare o contraste das imagens que antecedem o "debate". Defender o "bom hospital psiquiátrico", como faz uma das entrevistadas, só serve para aplacar a má consciência da psiquiatria conservadora, incapaz de operar no campo da cultura a inclusão reclamada por pessoas com intenso sofrimento psíquico e seus familiares. Ao investir subliminarmente nas campanhas difamatórias contra a rede de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) do SUS - Sistema Único de Saúde, deixa escapar o que a sabedoria popular consagrou: não se joga pedras em árvore que não dá frutos. Uma coisa é certa, essa psiquiatria conservadora, que sobrevive ao inferno da institucionalização da loucura, da qual foi um dos seus braços operativos, se alimenta das brechas deixadas pela falta de investimento na expansão dos serviços substitutivos ao hospício e na ausência de uma política contundente de formação de pessoal. Sem elas, é possível avançar de maneira sofrida rumo ao ideal de vivermos numa sociedade sem manicômios. Mas não se conjuga desinstitucionalização da loucura com desmedicalização da sociedade (conceitos maliciosamente manipulados pela representante da psiquiatria conservadora) sem esses dois ingredientes básicos. A Marcha dos Usuários de Saúde Mental a Brasília para entregar uma pauta de reivindicações ao presidente Lula, na defesa dos seus direitos, só tem paralelo na saúde mental brasileira no histórico Congresso dos Trabalhadores de Saúde Mental realizado em Baurú-SP, em dezembro de 1987, quando se instituiu o lema "Por uma sociedade sem manicômios", época em que os usuários ainda não eram protagonistas das suas histórias. Agora, amparados numa rede de solidariedade são eles quem apontam para o futuro. Quem viver, verá!

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