PICICA: Com o título “Descriminalização da maconha é criticada”, o Diário do Amazonas entrevistou alguns parlamentares sobre a “polêmica” do momento, conforme publicado no dia 24 de abril. O resultado não surpreende. Sob este rótulo pouco importa o cenário em que surgiu a proposta em pauta. Parece até que não estamos diante de um dos maiores fracassos das políticas públicas brasileiras, desde que o país embarcou na “doutrina” norte-americana de combate às drogas. Neste contexto, seria pedir muito uma leitura crítica dos interesses geopolíticos em jogo. Este é um dos fatores que compromete a resposta brasileira no enfrentamento do uso e abuso de drogas. Até pouco tempo nossa política de redução de danos foi referência mundial para países interessados em modos criativos de tornar assunto de saúde pública o que vinha sendo tratado como caso de polícia. Pouco importa se o autor da proposta de descriminalização seja um dos parlamentares mais bem preparados da atual legislatura. Amparado numa sólida assessoria, não é de hoje que a atuação do deputado Paulo Teixeira chama atenção dos seus pares. A riqueza dos seus argumentos não aparece na referida matéria, mais interessada na repercussão da “polêmica” do que nos imbróglios provocados pela ausência de políticas sustentadas em novos paradigmas, como os tempos atuais exigem. Preocupante é o atraso dos parlamentares amazonenses no trato da questão. Atribuo à fragilidade das suas assessorias alguns dos depoimentos que vieram, açodadamente, à luz. Seus argumentos não encontram sustentação nem no avanço do conhecimento das neurociências, nem na análise dos diferentes modos de vida dos brasileiros, em particular, e do mundo em geral. Pelo andar da carruagem, mais uma vez um congresso composto por ampla maioria de parlamentares conservadores deixará passar o bonde da história, adiando a adequação da legislação antidrogas aos novos tempos. Saudades do senador Jefferson Peres, que tinha uma visão avançada sobre o tema, como deixou registrado num artigo memorável em sua coluna no jornal A Crítica.
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