PICICA: "No dia 4 de Abril de 1968, em Memphis, Tennessee, Estados Unidos da América, foi assassinado Martin Luther King, que teria feito 82 anos esta Segunda caso ainda estivesse vivo. A sua vida foi marcada pela incessante defesa dos direitos civis, da justiça e da igualdade. Vale a pena lembrar os feitos de um dos maiores revolucionários da história dos EUA."
Recordando Martin Luther King
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No dia 4 de Abril de 1968, em Memphis, Tennessee, Estados Unidos da América, foi assassinado Martin Luther King. Vale a pena lembrar os feitos de um dos maiores revolucionários da história dos EUA.
King tornou-se um activista contra a discriminação racial em 1955, apenas um ano depois de ter sido nomeado pastor da Igreja Baptista. Quando uma mulher negra, Rosa Parks, se recusou a dar o seu lugar no autocarro a um branco, rejeitando o cumprimento de uma lei racista da cidade de Montgomery que impunha a segregação nos transportes públicos, foi presa e multada. Como consequência, um grupo de activistas negros pelos direitos cívicos, liderado por King, organizou um boicote aos autocarros, que durou mais de um ano. A campanha foi tensa, com vários aderentes a serem ameaçados e agredidos. King viu a sua casa ser atacada com bombas de fogo e acabou por ser preso durante duas semanas, tendo declarado posteriormente: “Eu estava orgulhoso do meu crime. Foi o crime de me juntar ao meu povo num proteto não violento contra a injustiça”. No fim, um tribunal distrital decretou o fim de toda a segregação racial nos autocarros de Montgomery.
Dois anos depois, Martin Luther King torna-se líder da Conferência da Liderança dos Cristãos do Sul, um poderoso grupo que mobilizava o poder das igrejas negras para protestos não-violentos. Os métodos de protesto, baseados nos princípios do cristianismo de esquerda, foram suficientemente eficazes para chamar a atenção tanto dos media como do FBI, que vigiava as comunicações de King. Os EUA estavam a ser varridos por acções de desobediência civil que atacavam a separação racial onde mais doía.
A maior acção do movimento pelos direitos cívicos dos negros veio em 1963, com a Marcha sobre Washington por Empregos e Liberdade, que juntou as maiores organizações contra a discriminação racial. O principal organizador foi Bayard Rustin, um mentor de King durante os primeiros anos de activismo, muito criticado por vários líderes dos movimentos cívicos por ser abertamente gay e defensor do socialismo democrático.
A marcha foi organizada com base em reivindicações que se estendiam desde o fim da discriminação racial nas escolas e no emprego até ao aumento do salário mínimo. Tendo juntado mais de 250.000 pessoas em Washington, foi uma das maiores manifestações de sempre nos EUA. O famoso discurso de King “Eu tenho um sonho” ficou para a história.
No ano seguinte, o Congresso dos EUA aprovava uma lei que revogava várias normas discriminatórias, incluindo a segregação racial, e em 1965 os negros conquistavam o direito ao voto. As importantes vitórias deram a King o impulso que necessitava para defender ideias mais radicais.
Segundo King, as leis de direitos civis pouco significado tinham enquanto durasse a injustiça. Quando defende o direito à compensação dos negros pelos prejuízos sofridos com a escravatura, através da constituição de um fundo público com fins sociais, adianta que o fundo deve beneficiar os pobres de todas as raças. Denunciando as desigualdades de rendimentos, torna-se um defensor de mudanças radicais que permitam redistribuir riqueza. Nas suas palavras, “A verdadeira compaixão é mais que atirar uma moeda a um mendigo; trata-se de ver que um edifício que produz mendigos necessita de reestruturação.”
Em 1967, King ataca a guerra do Vietname num discurso, afirmando que ninguém contribui mais para o aumento da violência do mundo que o governo dos EUA. Apelando a uma revolução moral contra a injustiça e o neo-colonialismo, defende que uma nação que gasta mais em guerra que no combate à pobreza aproxima-se da morte espiritual. As declarações bombásticas foram duramente atacadas na comunicação social, inquieta com a radicalização do discurso de um líder cívico visto na altura como um moderado.
Apesar das críticas, King continuou a ser um dos principais rostos da oposição à guerra, tendo defendido também que os EUA se estavam a posicionar do lado errado em termos geo-políticos, na medida em que apoiava os exploradores e reprimia as revoluções dos pobres nos países menos desenvolvidos. Mas a mais revolucionária campanha ainda estava em preparação.
Nos últimos meses de vida, King dedica-se a organizar a Campanha das Pessoas Pobres, cujo objectivo era mobilizar pobres de todas as raças para marchar em Washington e confrontar o poder político. Através de acções de desobediência civil pacífica, pretendia forçar o Congresso a aprovar uma carta de direitos dos pobres, que assegurasse a criação de emprego e o combate às injustiças. O objectivo não era nada menos que a “reconstrução da sociedade”.
Infelizmente, a campanha foi interrompida pelo assassinato de King, cujos motivos nunca foram claros e que deu origem a muitas teorias da conspiração. Fica o seu legado, de uma luta pela emancipação dos oprimidos que ainda hoje é tão necessária.
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