PICICA: ..., o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro agoniza. À falta de uma rede de atenção diária à saúde mental, conhecidos como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e que foram concebidos para substituir o modelo baseado em hospícios e seus ambulatórios medicalizadores, os usuários e seus familiares continuarão submetidos à precariedade no atendimento de suas demandas. O mês de maio começou com a denúncia abaixo, e terminou com outra que será objeto de outro post. Em nenhum momento, a reportagem mencionou que o Amazonas é o Estado da federação com uma das mais baixas coberturas de CAPS. Manaus, por exemplo, só tem dois desse novo dispositivo que se disseminou pelo país a partir dos anos 1990. Somente neste século é que a universidade amazonense passou a se perguntar sobre as razões de tanto atraso. Enquanto isso, o desconhecimento é amplo, geral e restrito. O representante da OAB, por exemplo, parece desconhecer a existência do CAPS. Não é de estranhar. A sociedade de um modo geral não tem essa e outras informações sobre o que falta no setor. Pouca gente se pergunta pelos CAPS para crianças e adolescentes psicóticos e autistas, ou pelos CAPS para abusadores de álcool e outras drogas. Sem falar nos Centros de Convivência, Serviços Residenciais Terapêuticos e leitos psiquiátricos em hospitais gerais. Num debate entre candidatos à prefeitura de Manaus, o candidato do PT foi o único a mencionar na sua plataforma política a implantação de CAPS. Assim fica difícil formar opinião pública, se os agentes de comunicação e do direito não incluir nas suas respectivas pautas que o hospício é um modelo com validade vencida, e que a cidade carece de uma outra rede de saúde mental, baseada nos princípios da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, que vem fazendo do Brasil o país de uma das mais importantes mudanças de atitude na relação entre a sociedade e a loucura. E isto se deve não aos reformistas de araque, mas aos militantes da luta por uma sociedade sem manicômios. Os primeiros mais confundem do que esclarecem a opinião pública. Tanto que são incapazes de articular qualquer discurso contra os manicômios. Por fim, um exemplo de mundança de atitude ocorreu por ocasião da tragédia de Realengo. Mesmo nas matérias sensacionalistas, chamou atenção na fala dos entrevistados a nova percepção social sobre os cuidados de saúde negados ao autor dos disparos, reconhecidamente sem a assistência devida. Um desafio para o governo Dilma Rousseff: expansão dos dispositivos antimanicomiais e qualificação continuada de pessoal capaz de entender o louco como cidadão de direitos.
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