agosto 07, 2011

"Impacto ambiental na construção da usina de Belo Monte gera polêmica" (A Tarde)

PICICA: Aviso aos militantes do movimento socioambiental SOS Encontro das Águas. Mirem-se no exemplo da militância que luta contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte há trinta anos (o PT, antes mesmo de ser governo, teve tempo de sobra para fazer estudos alternativos de novas energias, e não o fez, deixando-se levar por uma duvidosa noção de desenvolvimento incompatível com a vida dos povos que habitam a Amazônia.  Lástima!). O assunto foi discutido no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). O PICICA lembra aos companheiros que quando o aparelho jurídico revelou sua debilidade em fazer justiça no caso da morte de Damião Ximenes, usuário do serviço de saúde mental, a Corte Interamericana da OEA foi acionada e o Brasil foi obrigado a pagar indenização aos familiares, ressalvada a importância da Reforma Psiquiátrica brasileira. Ora, no momento em que o próprio Estado descumpre suas responsabilidades constitucionais e falha na proteção de um patrimônio que pertence à humanidade - mesmo considerando que a ida do poeta Thiago de Mello ao Ministério da Cultura, acompanhado do escritor Tenório Telles à Brasília, tenha sido coroada de êxito, a ponto do cenário político-cultural de Manaus sofrer profundas modificações a partir da semana que entra -, vale a pena estudar a possibilidade de nos anteciparmos a novas manobras dos que agem movidos pelos interesses do capital predatório, e com isto abrir uma frente de luta em nível internacional. Desse modo, denunciaríamos para o mundo a hipocrisia dos que usam um dos principais símbolos da identidade dos amazonenses como peça publicitária para eventos internacionais, sem que a observância do princípio de conservação que esse patrimônio exige seja respeitado. Desde 2008 unimos forças com a esperança de que as decisões judiciais reconheçam a relevância do tombamento do Encontro das Águas (iniciativa que nunca fora tomada pelo poder público), e com isso impedir que seu valor de uso não seja vilipendiado. Infelizmente alguns magistrados rompem com noções mais elementares da ética que deveria nortear sua relação com a sociedade, agindo como instrumentos de noções desastradas de desenvolvimento. Entendemos como equivocada a decisão judicial em destombar o Encontro das Águas. Vai para os anais do folclore jurídico brasileiro. Mais uma vez o Amazonas é motivo de chacota nacional. E ainda que a decisão não tenha sustentação jurídica, é bom não dar espaço para novos assanhementos jurídicos. Seguro, morreu de velho.   
Impacto ambiental na construção da usina de Belo Monte gera polêmica

Fernando Vivas / AG. A TARDE
Protesto contra construção da usina de Belo Monte durante o último desfile cívico do 2 de Julho
Protesto contra construção da usina de Belo Monte durante o último desfile cívico do 2 de Julho
Até se chegar a um consenso, tudo indica que a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará,  passará por muitos debates dentro e fora do Brasil. A autorização para início das obras foi, inclusive, discutida na última semana durante o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que é o órgão máximo de direitos humanos da instituição.
Durante a sessão do conselho, que ocorreu em Genebra, na Suíça, o caso foi apresentado pela organização Conectas, uma das entidades credenciadas para prestar informações à ONU.
“Expressamos nossa preocupação com a atitude do governo brasileiro para as medidas cautelares concedidas pela Comissão de Direitos Humanos em benefício das comunidades afetadas pela obra. A construção da Usina de Belo Monte ameaça a vida e, inevitavelmente, impacta a integridade de 24 povos indígenas”, afirmou, na ocasião, a representante da Conectas, Mariana Duarte.
Demanda -  Aqui no Brasil, ambientalistas, especialistas e representantes da sociedade civil vêm travando uma verdadeira batalha. O assunto tem sido abordado em diversos eventos, e não foi diferente na 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizado em julho, em Goiânia.
A construção da usina de Belo Monte é vista como necessária para suprir a demanda de energia que o País terá devido ao crescimento econômico nos próximos anos. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2020, o Brasil precisará ter nada menos que 171 mil MW em potencial de geração de energia. Somando todas as fontes disponíveis hoje,  o País tem 110 mil MW. O esforço equivale a  mais de cinco usinas de  Belo Monte  ou então mais quatro  de  Itaipu.
O físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), afirmou que a energia elétrica é muito cara para o consumidor comum e que o potencial energético brasileiro é subaproveitado.
“O País utiliza somente 30% da sua capacidade hidrelétrica, apesar de ser o primeiro em recursos hídricos”, diz o especialista, que é ex-presidente da Eletrobrás. Em termos absolutos, o aproveitamento  hídrico fica atrás da China, EUA e Canadá.
A construção de Belo Monte, portanto, seria um modo de compensar esse “déficit”.  “O Nordeste já fez todos os aproveitamentos hidrelétricos possíveis. Hoje, o maior aproveitamento é no  Norte”.
O projeto da obra, localizada no Rio Xingu, já existe há três décadas, mas nunca saiu do papel devido às críticas de ambientalistas, movimentos sociais e lideranças indígenas preocupados com a  extensão da hidrelétrica em uma região de floresta amazônica e com os impactos socioambientais insuficientemente dimensionados. “Faltou o governo chegar a um consenso com a sociedade sobre fazer ou não a usina”, diz Rosa.

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