setembro 22, 2012

Duas críticas à entrevista de Viveiros de Castro

PICICA: Leia Outros valores, além do frenesi de consumo e as críticas de Bruno Cava e Cleber Lambert à entrevista de Viveiros de Castro.


Eis velhas elites bem situadas no promontório da Alta Academia, temerosas da enchente de novos Brasis e brasileiros, que infiltra por todos os lados, por poros cada vez mais alargados. Só conseguem ver decadência moral e catástrofe ambiental onde se multiplicam as possibilidades e oportunidades de uma nova realidade social e política. Incapazes de perceber os efeitos positivos da mudança, rançosos diante dos novos bárbaros, afetam seus textos e debates de tristeza, e tentam nos convencer de suas desgraças íntimas e escatologias pessoais. Sim, os pobres estão finalmente inundando os espaços-tempos e reformulando as coordenadas da terra brasilis. Consomem, desejam, falam e se fazem ouvir, se recusam a aceitar antigas credenciais. Quão inadmissível. Só pode ser mesmo o fim do mundo. O quiprocó derradeiro. http://www.outraspalavras.net/2012/09/20/outros-valores-alem-do-frenesi-de-consumo/

Ontem às 09:04
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Pequeno comentario sobre entrevista de Viveiros de Castro

por Cleber Lambert, sexta, 21 de Setembro de 2012 às 15:16 ·


Hoje tenho algumas, para não dizer varias, reticências filosoficas em relação ao pensamento de Viveiros de Castro, mas como não concordar, em parte, com essa visão, de que o projeto politico no Brasil, hoje, é transforma-lo numa grande Barretos, bovina e bronca, cuja finalidade ultima seria alimentar de carne e minérios o crescimento chinês? Certo. Creio sermos muitos os que estamos juntos no combate cotidiano a essa inserção homogeneizante e violenta, do ponto de vista da socio e da biodiversidade, do Brasil na economia-mundo. Porém, ao contrario dele, penso que haja forças bandeirantes no Governo de Dilma, que como qualquer outro governo, jamais é homogêneo, é ambiguo, com vetores multiplos e instaveis. Não penso, assim, que o PT (uma coisa é falar o governo, outra coisa o partido) seja "visceralmente bandeirante e paulista", nem a transformação do Brasil em Barretos, pelo Governo do PT, não vai sem transmutações mais sutis e imprevisiveis (Barretos tem la suas surpresas, quando aceitamos sair da pureza da tribo, seja ela na Amazônia, seja ela na Quinta da Boa Vista, e suas perspectivas molares, ou seja, nada ou miseravelmente perspectivistas). Essa visão unilateral e molar de EVC tem la também algo de bovino e bronco e, talvez, muitas afinidades com o que ela critica, supondo como "retardado", "retrogrado" toda a inventividade vital dos pobres (reduzidos, assim, a uma massa decerebralizada, consumista, fundamentalista cristã, reacionaria, etc.), toda a proliferação dos brasis nos ultimos 10 anos, conforme tento mostrar em artigo a sair em breve, a "Floresta Hipertecnizada". Nem desenvolvimentismo nem reenvolvimentismo, mais um esforço. Segue uma das passagens mais problematicas, ao meu ver, da entrevista extremamente interessante de Viveiros de Castro: "O projeto de Brasil que tem a presente coalizão governamental sob o comando do PT é um no qual ribeirinhos, índios, camponeses, quilombolas são vistos como gente atrasada, retardados socioculturais que devem ser conduzidos para um outro estágio. Isso é uma concepção tragicamente equivocada. O PT é visceralmente paulista, seu projeto é uma “paulistanização” do Brasil. Transformar o interior do país numa fantasia country: muita festa do peão boiadeiro, muito carro de tração nas quatro, muita música sertaneja, bota, chapéu, rodeio, boi, eucalipto, gaúcho. E do outro lado cidades gigantescas e impossíveis como São Paulo. O PT vê a Amazônia brasileira como um lugar a se civilizar, a se domesticar, a se rentabilizar, a se capitalizar. Esse é o velho bandeirantismo que tomou conta de vez do projeto nacional, em uma continuidade lamentável entre as geopolítica da ditadura e a do governo atual"

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