setembro 23, 2012

"The Architect" (Psicotramas)

PICICA: "Os mestres da Cabala, ao chegarem à pergunta ‘Como chamaremos Deus?’, em vez de usarem 1 dos nomes bíblicos, o chamaram de ‘O Sem Fim’, ou o ‘Nada’. Sugestivo, né? Parece até o Taoísmo, a meu ver a + sublime filosofia religiosa, que coloca 1 ‘Vazio’ no lugar onde o Ocidente coloca ‘Deus’."

The Architect

 

A melhor coisa de Matrix (Andy e Lana Wachowski, 1999) é o Arquiteto” y o “lugar” que ele NÃO ocupa!! É (1) Deus! É o tabu, o ponto cego, é o hiato, o superego, é o princípio, o fim y o meeeeioooo…
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Neo – Quem é você?


Arquiteto – Sou o Arquiteto. Criei a Matrix. Esperava por você. Você tem muitas perguntas e, embora o processo tenha alterado sua consciência, você permanece irrevogavelmente humano. Logo, algumas de minhas respostas você entenderá, e outras não. De fato, conquanto sua primeira pergunta seja pertinente, você não pode perceber que também é irrelevante.

Neo – Por que estou aqui?

Arquiteto – Sua vida é o resumo do que resta de uma equação desequilibrada, inerente à programação da Matrix. Você é a eventualidade de uma anomalia que, a despeito de meus esforços mais sinceros, não consegui eliminar do que, de outro modo, seria uma harmonia de precisão matemática. De certa forma, continua a ser um fardo evitar tal anomalia, ela não é inesperada, e portanto não está além de medidas de controle. O que levou você, inexoravelmente, a chegar até aqui.

Neo – Você não respondeu à minha pergunta.

Arquiteto – Absolutamente certo. Interessante. Foi mais rápido que os outros. A Matrix é mais velha do que você pensa. Prefiro contar desde o surgimento de uma anomalia integral até o surgimento da próxima. Esta é a sexta versão.

Neo – Há duas explicações possíveis: ou ninguém me contou, ou ninguém sabe.

Arquiteto – Precisamente. Como você já deve estar percebendo, a anomalia é sistêmica, criando flutuações mesmo nas equações mais simples.

Neo – Escolha. O problema é a escolha.

Arquiteto – A primeira Matrix que desenhei era, naturalmente, perfeita, era uma obra de arte, sem falhas, sublime. Um triunfo apenas igualado a seu monumental fracasso. A inevitabilidade de seu destino é patente para mim agora como uma conseqüência da imperfeição inerente a cada ser humano; por isso eu redesenhei a Matrix baseando-me na sua história para refletir de modo mais acurado a diversidade grotesca de sua natureza. Entretanto, o fracasso me frustrou de novo. Desde então, passei a entender que a resposta me fugia porque exigia uma mente menor, ou talvez uma mente menos tomada pelos parâmetros da perfeição. Assim, a resposta foi encontrada por outro: um programa intuitivo, inicialmente criado para investigar certos aspectos da psique humana. Se eu sou o pai da Matrix, ela seria indubitavelmente a mãe.

Neo – O oráculo.

Arquiteto – Por favor… Como eu dizia, ela deu uma solução. 99,9 % de todas as cobaias aceitariam o programa desde que lhes fosse dada uma escolha, mesmo que soubessem da escolha em nível inconsciente. Se por um lado tal resposta funcionou, por outro era fundamentalmente falha, criando assim a anomalia sistêmica (que de outro modo seria contraditória) que, se não fosse vigiada, poderia ameaçar o próprio sistema. Logo, aqueles que recusavam o programa, mesmo sendo minoria, se fossem deixados livres, constituiriam uma probabilidade crescente de desastre.

Neo – Isso diz respeito a Zion.

Arquiteto – Você está aqui porque Zion está prestes a ser destruída. Cada habitante morto, toda sua existência erradicada.

Neo – Conversa fiada.

Arquiteto – A denegação é a mais previsível das reações humanas, mas fique tranqüilo, esta será a sexta vez que eu a terei destruído, e já somos muito eficientes nisto. A função do predestinado é retornar à fonte, permitindo a disseminação temporária do código que carrega, reinserindo o programa primário. Depois disso, você deveria selecionar da Matrix 23 indivíduos, 16 fêmeas e 7 machos, para reconstruir Zion. Se não cumprir o processo, isso resultará num crashcataclísmico do sistema, matando todo mundo conectado à Matrix, o que junto com o extermínio de Zion, redundará na extinção da raça humana.

Neo – Você não vai deixar isso acontecer. Você precisaria de seres humanos para sobreviver.

Arquiteto – Há níveis de sobrevivência que estamos preparados para aceitar. Mas a questão importante aqui é se você está ou não pronto para aceitar a responsabilidade pela morte de cada ser humano neste mundo? Interessante ler suas reações… Seus cinco antecessores eram, por design, baseados numa característica semelhante, uma afirmação que visava criar uma ligação profunda com o resto de sua espécie. Mas, enquanto os outros experimentavam isso de um modo geral, sua experiência é bem mais específica. Vis-à-vis, o amor.

Neo – Trinity.

Arquiteto – A propósito, ela entrou na Matrix para salvar sua vida ao custo da dela.

Neo – Não!

Arquiteto – O que nos traz ao momento da verdade, onde a falha fundamental é expressa de modo definitivo, e a anomalia revelada como princípio e fim. Há duas portas. Aquela à sua direita leva à fonte e à salvação de Zion. Aquela à sua esquerda leva de volta para a Matrix, a ela, e ao fim de sua espécie. Como você disse, muito apropriadamente, o problema é a escolha. Mas já sabemos o que você vai fazer não é? Eu já posso ver a reação em cadeia, os precursores químicos que sinalizam a chegada da emoção, desenhada especificamente para oprimir a lógica e a razão. Uma emoção que já o cega para a verdade simples e óbvia: ela vai morrer e não há nada que você possa fazer para impedir.

Neo caminha para a porta à sua esquerda

Arquiteto – Humpf. A esperança é a quintessência da ilusão humana, simultaneamente fonte de sua maior força e sua maior fraqueza.

Neo – Se eu fosse você, esperaria que não nos encontrássemos de novo.

Arquiteto – Não vamos nos encontrar.
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O diálogo aí entre o Arquiteto&Neo é o centro nevrálgico de Matrix.

Esse diálogo se supõe idêntico ao que haveria entre ‘Deus’ y o ‘Homem’, caso isso acontecesse algum dia. É inteligente, é sutil, é instigante. Pero, curiosa-mente, é supérfluo. SE D-eus existisse – o que eu num nego nem aceito (num sou competente pra decidir isso – e duvidO que alguém seja) ELE 1 dia teria conosco essa mes-ma conversa. Mas se ele num existe, de que vale todo esse blá-blá-blá?? Num basta reconhecermos a inevitável diferença entre a imaginação humana y a existência humana? Chamam a essa diferença de ‘condição humana’. Quem já se conformou com a idéia de que, além da morte, essa é a nossa otra única verdade, num precisa de Arquitetos. Siiiim, os tais irmãozinhos foram geniais ao escrever essas coisas. Pero eu diria que isso é filosofia pra moto-boys – 1 modo de chamar a atenção, através dum filme de ação, de gente que num atenta pra nada que num seja porradas y saltos mortais, de que há + cositas no universo que os filmes de ação.

Bien, duvido muuuuito que tenha dado certo: quem poderia entender esse diálogo (em grande parte baseado na serpenteante capacidade humana de fugir pela tangente) não precisa dele, e quem precisaria dele pra se tornar 1 pouco menos troglodita não o entenderia jamais.
 

1 tiro (de canhão com mira laser) n’água, portanto, hein!?
Os mestres da Cabala, ao chegarem à pergunta ‘Como chamaremos Deus?’, em vez de usarem 1 dos nomes bíblicos, o chamaram de ‘O Sem Fim’, ou o ‘Nada’. Sugestivo, né? Parece até o Taoísmo, a meu ver a + sublime filosofia religiosa, que coloca 1 ‘Vazio’ no lugar onde o Ocidente coloca ‘Deus’. Ok, ok, enquanto manifestação artística o Arquiteto até que vale alguma coisa. Mas o que eu quis dizer foi: o diálogo é interessantíssimo, pero só teria utilidade pra pessoas que jamais conseguiriam compreendê-lo. Isto é: a quem num é cego num é preciso explicar a luz, já a quem é cego, de que adiantaria a melhor das explicações?…

Fonte: Psicotramas

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