setembro 27, 2012

"O cinema da libertação", por Guilherme S. Zanella

PICICA: "A partir da primeira divulgação de seu trabalho  o curta-metragem “O que fazer?”, que enfatiza a necessidade de se produzir imagens dignas da luta em prol da liberdade do povo sírio – no Facebook, é a primeira vez que o grupo não tem seus filmes censurados."

O cinema da libertação

Documentaristas anônimos mostram lado humano da Síria
GUILHERME S. ZANELLA
Desde abril de 2011, um grupo de cineastas sírios anônimos se dedica a adaptar a linguagem cinematográfica aos seus ideais revolucionários dada a urgência da situação política no país. Segundo eles, a escolha pelos “pequenos formatos, ausência de contraste e planos fixos, quase excluindo movimentos de câmera”, auxilia no discurso contra o regime e a favor de uma representação mais humana do povo sírio.
Fundada em 2010, a Abounaddara, produtora especializada em documentários, já realizou 12 curtas-metragens dedicados a retratar de forma engajada o cotidiano da sociedade síria, assim como dos combatentes do Exército livre e da Chabiha (milicianos do regime).
Baseando-se nos preceitos do pioneiro Dziga Vertov (1896-1954), cineasta russo e criador da teoria do Kino Pravda (Cinema Verdade), a organização afirma que a escolha do nome Abounaddara se deve ao seu significado, “homem com óculos”, e ressalta: “Nós escolhemos por causa da sua aplicação nas cidades árabes, onde pessoas comuns são identificadas pela sua profissão ou por nomes associados a ela”.
A partir da primeira divulgação de seu trabalho  o curta-metragem “O que fazer?”, que enfatiza a necessidade de se produzir imagens dignas da luta em prol da liberdade do povo sírio – no Facebook, é a primeira vez que o grupo não tem seus filmes censurados.
“Fazemos filmes por que não sabemos outra forma mais útil de fazer revolução. Mas nós não somos seguidores do ‘cinema militante’ que se deleita em pregar aos convertidos do seu mesmo meio”, afirma um representante à revista francesa La Vide des Idées.
Ao alegar que sua abordagem incomoda uma certa elite síria e europeia “que se delicia em ver os sírios como vítimas e só assim”, o grupo manifesta a ideia de que, “para essas almas compassivas”, seus filmes não são, de fato, a realidade, como algumas críticas já salientaram. 
Para assistir aos vídeos, acesse www.abounaddara.com.
Fonte: CULT

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