dezembro 02, 2006

Como desqualificar uma pesquisa em trinta segundos












NOTA: Esta fotografia é de uma das dezenas de invasões da cidade de Manaus-AM. Há alguns anos atrás, um importante parlamentar afirmou, em artigo publicado em jornal local, que por trás dessas invasões existem agentes do estado. Curiosamente, a despeito da imunidade que o protege, não foram dados nomes aos bois.

Recentemente, uma dessas invasões foi objeto de um comentário no mínimo intrigante da titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no programa da TV A Crítica da estimada Baby Rizatto (25.11.2006).

Durante a entrevista, foi ao ar um VT no qual o sociólogo Luís Antônio, da Universidade Federal do Amazonas, relatava o resultado surpreendente de uma pesquisa feita numa determinada área de invasão. Segundo o professor - que frequentemente é visto num programa da mesma casa, voltada para abordagem dos problemas dos municípios amazonenses -, os ocupantes da área pesquisada tinham todos como origem a cidade de Manaus, sendo identificados como uma segunda geração de invasores nascidos na capital do Amazonas. Para o renomado sociólogo, esperava-se identificar a presença de pessoas oriundas de outros estados vizinhos, como acontece em outras ocupações. Neca... neca de pitibiriba! Eram todos manauaras.

Eis que a representante do poder municipal, candidamente, informa que a validade da pesquisa não procedia, na medida em que teria sido feita muito tempo depois da área ter sido invadida e, posteriormente, ter sido objeto de negociação.

Caramba! Não foram necessários nem trinta segundos para desqualificar a pesquisa. Fiquei a me indagar: Quem era essa gente habilidosa no trato com vendas de casebres? Por que insondáveis mistérios resolveram negociar a venda de sua moradias para os manauaras que sofrem com o défict habitacional? Má fé ou senso de oportunidade? Afinal, são eles os agentes que constituem parte do que se chama indústria da invasão?

Por essa e por outras que o imaginário popular toma corpo e roça perigosamente a xenofobia.

Quis o destino favorecer meu encontro com o professor Luís Antônio, no dia 30 de novembro. Sobre o fato disse serenamente: a pesquisa foi feita logo após a invasão. Dei fé.

Oops! Eu sei; agora tu que me lês fica sabendo, mas os manauras que assistiram o programa da Baby ainda não sabem dessa informação. Com a palavra a produção do programa. Vale a pena esclarecer a opinião pública, para que não se cometa um dupla injustiça contra o pesquisador e seus pesquisados. Posted by Picasa

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