Foto: Rogelio Casado - Auditório Dr. Zerbinni, 17.12.2006
Médicos concorrem a 25 programas de residência médica; aos fundos,
a professora Débora Laredo e os professores Luís Ferreira e Raymison
Monteiro, ambos da Comissão de Residência Médica (Coreme).
Uma curiosa forma de lidar com a baixa auto-estima fez do Amazonas um estado superlativo. Tudo aqui é o maior ou o primeiro do mundo. Explica-se essa idiossincrasia dos amazonenses - não todos, obviamente -, como resultado da perda do status adquirido no surto gomífero do século XIX, que, depois de instituir no imaginário coletivo, como afirmou a professora de história da Universidade Federal do Amazonas Edinéa Dias, a ilusão do fausto, ensinaria com quantos paus se faz uma canoa se quisermos fugir de economias baseadas em monocultura. Com a derrocada dos preços da borracha no mercado internacional, e o subsequente desmoronamento da economia responsável por 40% do PIB nacional, passou-se a valorizar a exuberância da floresta equatorial, o longo curso do Rio Amazonas, o majestoso teatro Amazonas e o indefectível Encontro das Águas, em sua extensão quilométrica.
Feito esse esclarecimento, para que não se tome este escrevedor como o mais recente objeto do atavismo nosso de cada dia, declaro que temos motivos para comemorar a primeira Residência Médica em Psiquiatria do estado do Amazonas, cuja provas foram realizadas na manhã de domingo, 17 de dezembro de 2006, no auditório Dr. Zerbinni, da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Amazonas. Sete médicos inscreveram-se, disputando três vagas. Há anos vinha caindo o número de médicos interessados pela psiquiatria. A turma de Medicina de 1977 foi a que apresentou o maior número de pretendentes; onze, ao todo. Obrigados a fazer Residência Médica fora do estado, esse transtorno está com seus dias contados.
A criação da Residência Médica em Psiquiatria é uma medida que tarda no Amazonas. Disso não há motivos para orgulho. Ao contrário. É um vexame que ela só tenha se viabilizado em pleno século XXI. Há responsáveis por esta façanha: a de fazer o Amazonas perder por mais de uma década o rumo da sua Reforma Psiquiátrica. Basta lembrar que há um área cinzenta na relação entre agentes de saúde que assumem cargos de gerência e de gestão com os administradores públicos da hora. Os interesses menores que prevaleceram deste bizarro encontro está por merecer melhor análise.
Por ora, é ir para o abraço e correr para torcida. Alô, torcida!.... Torcida... torcida, cadê você?
Antes, porém, uma advertência de Dona Cândida, mãe de dois usuários dos serviços de saúde mental, todos sócios da Associação Chico Inácio, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial: "Quais as garantias para que os futuros residentes abracem a causa da Reforma Psiquiátrica no Amazonas?". Bela indagação, que remete a uma outra: "Qual o futuro da Reforma Psiquiátrica no Amazonas?".
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