Esta fotografia está publicada no blog de Andreina de los Angeles (Un poquito de angelito... otro poquito de diablito).
Há quatorze anos este homem - Argenis Giménez, que se auto-denomina El Loco de la Pancarta - denuncia pelas ruas de Barquisimeto, na Venezuela, a repressão existente nos hospitais psiquiátricos.
Ele tem seu próprio site. É leitura obrigatória para quem quer se vacinar contra a psiquiatria conservadora que não reconhece o protagonismo dos loucos. Seu depoimento em vídeo é uma lição da cidadania ultrajada. Recomendo para todos os médicos residentes em psiquiatria deste país. É ler e ver para crer: um outro mundo é possível.
Pela dica, meus agradecimentos ao companheiro Marcus Vinicius de Oliveira Silva, da Rede Internúcleos da Luta Antimanicomial, que gosta de se apresentar com o seu mais importante título: militante da luta antimanicomial, embora, modestamente, ele responda pela Vice-Presidência do Conselho Federal de Psicologia. Para Marcus Vinicius, o personagem em questão lembra muito o saudoso Eduardo Araújo, conhecido no campo da luta antimanicomial no Brasil, que está por merecer uma cuidadosa biografia.
Um comentário:
Brigado pela dica Rogélio. E pela luta.
Eu sou o louco que os próprios loucos não reconhecem.
Mas que os não loucos facilmente rotulam de: chato, inconveniente, agressivo, inconstante, irresponsável, vagabundo, chupin, aproveitador, mentiroso, manipulador e egoísta.
Então o meu lugar não é aqui?
Mas destas duas dores, a que mais me entristece é perceber que muitos loucos absorveram o hábito de serem juízes da normalidade e saem por aí colocando as pessoas em caixinhas mágicas de diagnósticos. É como aquele conceito de Paulo Freire, de hospedar o opressor, que diz que o oprimido, depois de tanto ver os métodos e as estratégias do opressor, age como o próprio opressor.
E ainda tantos insistem em me perguntar se sou psiquiatra ou psicólogo?
Não quero este poder, meus amigos loucos. Eu dele nada mais tenho para aprender ou ensinar. Guardem essa pergunta para outra pessoa.
Eu estarei olhando postes, pássaros e sentindo o vento.
Eu sou um a garça louca e bêbada, beijando a tempestade, como quem volta de meca disfarçada de: rinoceronte, ornitorrinco ou orangotango.
Ainda me olhas?
Ainda queres perguntar?
Sou igual e diferente. Sou único.
O que quero?
Um lugar pra falar e que me ouçam com o coração.
Tudo isso e mais dois ovos fritos por cima.
E tenho dito.
Nilo Neto
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