abril 26, 2007

Contas Abertas. Abertas por quem, cara-pálida?

O nascimento de uma patota (Sorry, Nilli Kook!)


CONTAS ABERTAS ENTRE AMIGOS
ou Jornalismo de rastelo

Por Jair Alves - dramaturgo/SP

A promiscuidade em certos setores da imprensa diária e organizações, patrocinadas pelos partidos de oposição ao governo Lula, chegou a um ponto de saturação inigualável a qualquer período da República brasileira. O mínimo que se pode dizer é que essa prática é um desrespeito a essa atividade profissional. Para os mais críticos, porém, essa ação prepara terreno para um futuro golpe de Estado.

É possível dizer que no Brasil de hoje o que sustenta a normalidade democrática é o sucesso da economia, que se mantém firme. Se não tivemos grande desenvolvimento econômico, ao menos nos últimos quatro anos a pobreza diminuiu. Enquanto isso a classe média, empobrecida por conta de modelos econômicos e políticos praticados por décadas, reclama uma diminuição do Estado brasileiro, ao mesmo tempo pede maior participação do governo na organização social, rumo à diminuição dessas diferenças. Nesse contexto é preciso analisar a atuação da imprensa, na fiscalização e discussão de cada ato deste mesmo Estado, mas, para isso, é preciso o mínimo de seriedade e profissionalismo. É ai que essa promiscuidade apontada acima vira destaque.

Desde já - é bom que se diga - o Estado não é somente a União é também as diferentes unidades da Federação e seus municípios, distribuídos por esse Brasil imenso. Onde anda, por exemplo, essa mesma imprensa que perde a vez não trazendo à tona os inúmeros problemas da rede de ensino estadual e suas conseqüências, como o seqüestro de contas bancárias dos endividados pais de filhos da classe média, com as escolas particulares? Onde anda essa imprensa cega que não enxerga a ação, nada discreta, de prefeitos como o da capital paulista, na sua "missão histórica" em acabar com a atividade centenária, como as feiras livres? Ao mesmo tempo, esse mesmo prefeito abandona o centro da cidade, entregue aos ratos, e os bairros mais distantes aos riachos mal cheirosos???

Nossa indignação, por outras vezes já apontada, é contra o jornalismo de fachada, de rastelo, como este alimentado pelo deputado da oposição - Augusto de Carvalho, do PPS do Distrito Federal, presidindo uma organização denominada CONTAS ABERTAS. Ele criou esse embuste para manter e ampliar sua base eleitoral, cujo objetivo, 'missão', nas palavras dele, é fiscalizar os atos dos governos. Ele mantém nessa organização um quadro de funcionários que têm como única finalidade criar constrangimentos para o governo federal. Essas ações resultam em enfadonhos relatórios sobre os diferentes órgãos da União, que vão desde o volume de dinheiro gasto com fotocópias, até recursos gastos com a queima de material já considerado vencido, tais como formulários, rascunhos e diversos. Assuntos, como se vê, da maior importância para o jornalismo brasileiro. Na simbiose dessa união, espúria, entre oposição e certos setores da imprensa surgem "cases", ou peças dita jornalísticas que não passam de verdadeira campanha desmoralizadora do atual governo federal. Como se não houvesse pautas mais relevantes a serem debatidas, esses relatórios se multiplicam, diariamente, sem um "ai" como diria José. Pior, essas 'informações' são distribuídas e publicadas, regularmente, por jornais como Folha de S.Paulo e, em outros, como matéria prima de furos jornalísticos.

Ao ganhar as manchetes, esses "cases" vão municiando uma campanha, nem tão silenciosa, para a preparação de um golpe que virá pelas urnas ou... (?). Não importa. No Brasil de hoje, quando a Polícia Federal arrebenta esquemas de alta corrupção, atingindo inclusive o Judiciário, é de se perguntar se essa prática de jornalismo de rastelo não é, como diria o ultraconservador, jornalista Boris Casoy - "uma vergonha!"! O leitor é enganado porque é subtraído dele a origem da informação que é publicada. O leitor precisa saber o que já estamos cansados de alertar - isso não é jornalismo, mas sim pregação partidária. Essas informações não podem ser ocultadas do cidadão, que paga uma assinatura de jornal impresso ou assina um provedor, como o UOL, por exemplo. No escamoteio em que essas notícias são montadas o leitor chega a acreditar tratar-se de uma 'fonte' (no jargão jornalístico) isenta, científica, confiável. Não é. CONTAS ABERTAS é uma organização de apoio a atividades partidárias, e que precisa ser identificada no corpo das dezenas de notícias por ela fabricadas. Também seria oportuno esclarecer quais os recursos financeiros que a faz subsistir, a exemplo das Fundações Perseu Abramo e Mario Covas, ou mesmo o Instituto Sergio Motta, que são mantidas com fundos partidários.

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