O Bispo em Manaus
Jony Clay Borges
Especial para A CRÍTICA
Uma exposição inédita vai trazer a Manaus obras de um dos mais famosos nomes da arte contemporânea brasileira em todo o mundo: Arthur Bispo do Rosário. A mostra, denominada "Segunda pele", vai reunir um acervo de aproximadamente cem peças do artista nos salões do Centro Cultural Palácio da Justiça, a partir do dia 5 de outubro. A exibição será aberta ao público.
A exposição das obras de Bispo em Manaus é única no Brasil. Com curadoria de Wilson Lázaro, ela reunirá uma seleção bastante representativa da obra de Arthur Bispo do Rosário. Entre outras peças, serão expostos vários dos navios que marcam a obra do artista, e muitos de seus artefatos vanguardistas e painéis repletos de nomes escritos - como aquele posteriormente intitulado "Machina de fazer cabelo".
Desenho inédito
A exposição terá ainda dois acréscimos inéditos em exibições no País. Um deles é um desenho - produzido por Bispo antes de ser internado e o único existente em toda a sua obra. "É um desenho pequeno, de aproximadamente 50 x 80, mas que tem toda a idéia do que viria a ser sua obra. É como um ponto de partida de tudo que faria depois", destaca Lázaro, que também organizou o livro "Arthur Bispo do Rosário - Século XX" (Cosac & Naify), lançado no ano passado.
A outra novidade da mostra é uma série de cinco imagens da obra de Bispo, feitas entre os anos 70 e 80 pelo fotógrafo Walter Firmo, sob orientação do próprio artista.
Também durante a exibição serão apresentadas outras duas obras ligadas ao Bispo: uma missa escrita pelo músico Arrigo Barnabé e o documentário "O prisioneiro da passagem", dirigido por Hugo Denizarte em 1982. "É a primeira vez que estamos reunindo todas estas obras, pois como esta é a primeira vez que as pessoas terão um contato maior com sua obra, quisemos também que elas conhecessem um pouco mais sobre ele", comenta Lázaro.
Gênio reconhecido
Negro, pobre e diagnosticado como "esquizofrênico-paranóico" por volta dos 30 anos de idade, Arthur Bispo do Rosário foi recolhido à Colônia Juliano Moreira em 1938. Ali, produziu uma obra única a partir de objetos e materiais do próprio sanatório. Descoberta nos anos 80, sua obra influenciou outros artistas e foi justamente reconhecida como arte.
A realização da mostra é feita em parceria com a Associação Chico Inácio, a Universidade Estadual do Amazonas e Secretaria Estadual de Cultura. A exposição ficará em cartaz até dezembro.
Fonte: Jornal A Crítica - Edição de 23 de setembro de 2007
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