E então? Você já fez as contas? Para uma população de quase 2 milhões de habitantes em Manaus, quantos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) - dispositivo que substitui o hospital psiquiátrico e seus ambulatórios medicalizadores - são necessários para cuidados em saúde mental?
Você já sabe que no princípio era o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (HPER) quem desde 1894 serviu às demandas de uma população que explodiria a partir dos anos 1970. Isso, sem contar com as demandas dos estados vizinhos e, atualmente, dos países que fazem fronteira com o Brasil.
Antes da inaguração, em 2006, do CAPS Silvério Tundis, pelo governo do estado do Amazonas, foi criado, nos anos 1980, o Pronto Atendimento Médico (PAM) da Codajás, atualmente conhecido como Policlínica Codajás. Ali funciona, até hoje, um ambulatório especializado em psiquiatria.
O HPER e o PAM - localizados na zona Centro-Oeste e Centro-Sul -, durante muitos anos, foram os únicos serviços públicos de saúde mental existentes em Manaus, sendo que o HPER se distingue pela existência de três modalidades de atenção: atendimento às crises no Pronto-Atendimento Humberto Mendonça (em até 72 horas) ; atendimento em regime de internação breve e atendimento ambulatorial.
Tendo o ano de 1980 como marco da construção da Reforma Psiquiátrica no Amazonas, beirando os 30 anos de existência, a presença de apenas um CAPS em Manaus, contra dois implantandos nos municípios de Tefé e Parintins, é o retrato da indigência a que foi levado o setor a partir dos anos 1990, graças à conjunção de pelo menos dois fatores: o populismo político da época e a ausência de tomada de posição política dos agentes interessados e aptos em dar ao setor o dinamismo que requerem as reformas dignas do nome.
Às vésperas do sancionamento da Lei de Saúde Mental pelo governo Eduardo Braga, no próximo mes de outubro, os amazonenses têm um grande desafio: fazer avançar a Reforma Psiquiátrica brasileira, com o acúmulo das experiências dos últimos 5 anos.
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