setembro 01, 2007

Começa o plebiscito popular. Pela nulidade da venda da Vale do Rio Doce

O ponto de vista da ética frente a privatização da Vale

Campanha Nacional pela Vale do Rio Doce
Luiz Bassegio


Depoimento de Dom Luciano Mendes de Almeida, então Arcebispo de Mariana, Minas Gerais, na audiência pública da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, realizada em 17 de dezembro de 1996, em Brasília.

Os três aspectos éticos mais fundamentais:

1. Operação de venda realizada sem transparência de Valor

A Vale é a riqueza organizada em muitos setores do Brasil. Ela tem um valor. Enquanto este valor não for realmente e transparentemente conhecido e transmitido, não se pode, eticamente, falar em nenhuma operação de venda, nem de cessão de direitos.
O Presidente da República é o responsável do bem do país.

Não podia tomar uma decisão sem ter informado o país e o povo do valor real, da significação histórica, cultural, política do conjunto de empresas da Companhia Vale do Rio Doce.

2. A natureza do que a Vale realiza

Trabalha especialmente com o solo e subsolo do Brasil, quer dizer, com o chão do país.

- Ninguém vai vender o ar do país, o mar do país. Também não vai vender o chão do país.

- É importante percebermos que quando se trata do chão do país, não se pode tratar a estatal que opera sobre este chão como uma outra qualquer

- Não podemos esquecer que hoje, com o progresso da ciência, nós estamos sempre descobrindo mais e mais.

- É o caso que nós vimos aqui da descoberta de novos elementos que podem estar ligados justamente a este enorme manancial de minérios que nós temos. E tudo vai embora. E nós não temos, depois, nem mais onde pesquisar, nem porque pesquisar, porque não temos mais as jazidas.

Vamos perdendo também o nosso subsolo, sem saber tudo que ali está contido

É como se uma pessoa tivesse em casa um quadro do Portinari e o vendesse a preço de bagatela, sem perceber que ali está talvez a fase mais importante do pintor, que podia ser analisada, pesquisada.

É a mesma coisa. Nós queremos entregar o que nós temos desconhecendo toda a potencialidade que aí está, de pesquisa, que para nós é muito importante. Isso é antiético!

3. Entrega da herança de todo o povo sem debate ou consulta

O país é um conjunto de cidadãos, homens e mulheres, que têm direitos, deveres e que têm que ser respeitados.

Uma transação, uma operação qualquer que toca na herança de todo um povo, não é eticamente aceitável sem informar este povo, sem debater claramente com este povo.

É como se um pai quisesse vender a grande herança da família, que foi reservada para os filhos e netos e tudo o mais, num abrir e fechar de olhos, sem consultar àqueles que já são adultos, participantes, membros da família.

Nosso povo não é menor de idade!

É um dever, realmente, de todos, querer que o bem comum seja salvaguardado, e o povo seja respeitado.

Outro aspecto, de consideração ética é a rapidez com que tudo foi feito. Sabemos que em todos os tratados de moral a questão da precipitação é um fator de engano, de erro.

Ninguém pode precipitar uma decisão que tem que ser amadurecida.

“Vão arrebentar com toda a circulação da riqueza nacional. Isto não é aceitável! Eticamente não é aceitável!”

Neste momento deve ser feita uma convocação!

Pessoas que trabalham nos jornais, nas revistas, na rádio, na televisão, para que sejam servidoras do povo.

A desonestidade está nestes três aspectos.

Ignorar a consciência que todos devemos ter do que é um investimento.

A asfixia que se faz com a precipitação do processo de discernimento.

Excluir do discernimento todos aqueles que ficam ou sem a informação ou com a informação deturpada.


A VALE É NOSSA!
PLEBISCITO POPULAR
de 01 a 07 de setembro em todo o Brasil


Fonte: Jubileu Sul Brasil

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