junho 07, 2009

No Rio de Janeiro, Rede Feminista de Saúde luta pela manutenção da Casa do Parto David Capistrano Filho

Porto Alegre, 06 de junho de 2009.

No Rio de Janeiro, Rede Feminista de Saúde luta pela manutenção da Casa do Parto David Capistrano Filho

A Rede Feminista de Saúde, de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos está desde quinta-feira, 04, acompanhando o desdobramento da interdição total da Casa do Parto David Capistrano Filho, em Realengo, Rio de Janeiro, pela Secretaria Estadual de Saúde. As ações de repúdio a este ato autoritário por parte do Governo do Estado estão sendo articuladas pelo Conselho Regional de Enfermagem, Abenmfo, Aben, e contam com a participação e apoio da RFS. No Rio de Janeiro, a integrante do Conselho Diretor da Rede, Maria do Espírito Santo Tavares dos Santos (Santinha) e demais filiadas da Regional da RFS, atuam na solidariedade ao movimento de defesa das mulheres enfermeiras responsáveis pela manutenção da Casa do Parto. Na última quarta-feira,3, ocorreu uma reunião do movimento, que elaborou uma carta, entregue em mãos para o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Ele assegurou que a decisão do governo carioca é equivocada e deve ser revista. Na sexta-feira, 5, outra reunião ocorreu em Brasília, com o Gabinete do Ministro, quando foi reafirmada a importância de garantir o funcionamento de casas de parto normal sob a condução de enfermeiras obstetrizes.


Rede vai pressionar em Brasília - No início da próxima semana inicia uma nova pressão: a Secretaria Executiva e integrantes do Conselho Diretor da Rede Feminista de Saúde estarão em Brasília/DF para apresentar nacionalmente os resultados de um projeto de advocacy. Aproveitando a ocasião, estabelecerão contatos com parlamentares e irão ao Ministério da Saúde tratar desse assunto e exigir um posicionamento frente a esta situação que resultou no fechamento arbitrário do único centro de parto normal comunitário em funcionamento no Rio de Janeiro e no País, por recomendação da Vigilância Sanitária Estadual, sob a alegação de risco sanitário em decorrência da unidade não possuir médicos. Segundo Santinha, "não é possível admitir o fechamento de uma unidade de saúde tão importante por questões secundárias. É preciso ter muita coragem para deixar mulheres na calçada esperando por uma vaga para parir, em nome de argumentos sem concretude". Pela sua experiência, como médica ativista do controle social da saúde, Santinha disse acreditar que a decisão será revertida.

Saiba mais sobre a casa de parto - A Casa de Parto David Capistrano Filho, localizada em Realengo,um bairro da zona oeste do RJ, foi inaugurada em março de 2004. Surgiu de um projeto público de nascimento humanizado de baixo risco em uma região de população de baixa renda, carente de hospitais públicos próximos. A Casa desenvolvia pesquisas de novas tecnologias e um cuidadoso trabalho de educação sexual e de cidadania, com várias atividades realizadas com as gestantes, suas famílias e a comunidade em geral. A iniciativa de implantar esse tipo de unidade foi baseada na experiência internacional e nas recomendações da Organização Mundial de Saúde - OMS.


Entre as vantagens, a casa de parto normal reduz as tensões comuns aos hospitais e permite a participação no parto dos familiares. Ao contrário do parto hospitalar, o humanizado trata a mãe e o bebê de uma forma integral, como pessoas inseridas em um contexto social, e que têm necessidades que vão além de uma anestesia ou uma cesariana. Nas casas de parto,as (os) enfermeiras (os) são responsáveis por tudo, e são utilizadas técnicas de relaxamento e preparação para o nascimento que não estão presentes nas salas de parto dos hospitais. Desde a inauguração a Casa de Parto David Capistrano Filho enfrentou constante oposição por parte do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), fato que se concretizou na quinta-feira última.

Vera Daisy Barcellos - Jorn. Reg. Prof. 3.804 - 51 913.56.435
Assessoria de Imprensa da Rede Feminista de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
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