julho 10, 2009

Buceta: puro entretenimento


[ Amálgama ]

Buceta: puro entretenimento
Posted: 09 Jul 2009 08:02 PM PDT

por Juliana DacoregioBuceta: Uma novela cor-de-rosa, o novo livro de Biajoni só reforçou o que constatei ao ler Sexo anal: Uma novela marrom. Luiz Biajoni é um ótimo contador de histórias. Buceta fica martelando em sua mente, não porque você fique analisando os meandros psicológicos dos personagens (não há uma descrição cheia de pormenores nesse sentido), mas através do que eles fazem e falam é possível captar suas personalidades. O motivo de ser um livro que você quer ler todo de uma vez é que ele é puro entretenimento: uma trama meio policial, meio sacana, meio dramática. Além de trazer bastante suspense: você pensa que uma coisa é uma coisa, para no instante seguinte descobrir que aquela coisa é outra coisa. Daria um ótimo filme, tem ritmo de filme e linguagem nada pretensiosa!

Assim como em Sexo anal, os personagens de Buceta são gente comum – algumas com segredos bem cabeludos, mas não deixam de ser comuns. Aliás, a novela se passa numa cidade pequena onde, como diz Pedro Dória na apresentação do livro, todos se conhecem ou imaginam se conhecer. Impossível, para mim, não imaginar a minha Criciúma, com seus 120 mil habitantes, como o cenário daquela trama toda: os cambalachos, os emergentes pagando para aparecerem nas colunas sociais, as traições e tendências homossexuais das figuras “de bem” da sociedade, enfim, aquelas coisinhas todas feitas por debaixo dos panos, mas que numa cidade do interior todos ficam sabendo. Parece que Biajoni andou espiando sessões de análises por aí, mas na verdade são os buchichos de qualquer cidade, os pecados de qualquer mortal. Mudam os personagens, mas os podres continuam os mesmos.

Porém, dessa vez tenho que fazer uma ressalva: Biajoni pode ser um bom contador de histórias, mas não entende muito de vestuário feminino. Uma jornalista jovem e meio desencanada como a Valéria, cuja maior vaidade é fazer as unhas toda semana, mas que não se preocupa se está vestida adequadamente para um velório, nunca, jamais, usaria uma blusa de musselina para ir trabalhar em plena segunda-feira. A não ser que a história se passasse na década de 40. O figurino de Monique quando ela vai visitar o delegado também não é muito verossímil. Fica difícil imaginar a dona de uma concessionária, figurinha carimbada de colunas sociais, portanto conhecida em toda a cidade, andando por aí de regata branca e mini-saia vermelha, por mais periguete que ela fosse. Travei naquela parte do livro tentando visualizar algo sexy, porém fashion na descrição dos trajes de Monique, mas foi difícil. Pequenos detalhes que não afetam em nada a história, claro, com exceção do fato de que se fosse um filme precisaria de uma mudança nos figurinos.

O que não poderia mudar é o título. Não poderia mesmo ser outro, como o próprio autor afirmou em entrevista aqui no Amálgama.

::: Buceta: Uma novela cor-de-rosa ::: Luiz Biajoni ::: Os Viralata, 2009, 155 páginas :::

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