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WoodstockAbril 25, 2009 por edi cavalcante
Um mês depois de o homem pisar na Lua, aconteceu na fazenda de leite alugada de Max Yasgur, em Bethel (com 2.300 habitantes, não comportava o evento), NY, costa leste dos EUA, o Woodstock Music & Art Festival, o Festival de Música e Arte de Woodstock, entre os dias 15 e 17 de agosto (6ª a domingo)de 1969 e completa 40 anos nesse ano de 2009.
Foram 3 dias (muita gente permaneceu acampada depois do evento. E consta que Jimi Hendrix tocou às 9 hs da manhã de 2ª feira, dia 18) de sexo livre, drogas, rock’n'roll, cenas de nudismo, confrontando todas as regras do stablishment. Pode ser considerado o auge da contracultura e da era hippie, culminando com o fim da década, que se tornava difícil e confusa. Em 21 de agosto, os tanques soviéticos invadem Praga para reprimir protestos de aniversário da invasão de 1968. A guerra do Vietnã em escalada, o assassinato de Sharon Tate e de seus amigos pela família Manson, o assassinato de Martin Luther em Memphis, Tenessee, e ainda a morte de Robert Kennedy, também abatido a tiros, foram eventos emblemáticos desse tempo. Década de extremos.
O Festival de Woodstock foi uma celebração à chegada da Era de Aquário, e nada representava melhor do que isso, o significado dessa Nova Era. Ou melhor, um outro evento que culminou em 20 de julho de 1969, carregava em si o mesmo simbolismo: a chegada do Homem (da Humanidade) à Lua. Outra utopia que se tornava realidade. O homem saltou de seu último limite terrestre, a conquista do Everest, em 1953 (Edmund Hillary e Tenzing Norgay), para o espaço exterior, o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik (1957), e as primeiras naves do programa espacial soviético. E com a motivação da Guerra Fria, os anos 60 dão início a uma nova utopia. Em 1961, o presidente John Kennedy, lança o desafio de colocar astronautas na Lua ainda na década de 60. Isso é muito pós-moderno. Sua morte não modificou o roteiro do Programa Apollo – principalmente as Apollo 8 (representa a partida, porque colocou humanos além da órbita terrestre baixa); a Apollo 11 (representa a chegada, o objetivo alcançado); e a Apollo 13, pela epopéia que foi o retorno à Terra – que teve 17 missões, todas bem sucedidas (menos a Apollo 13, que mostrou a todos o nível de aventura que eram aquelas viagens). Os soviéticos mudaram seu programa por causa do fracasso de seus foguetes para missão desse porte e passaram a investir em vôos de longa duração em órbita baixa, que se mostrou muito eficaz nas experiências de permanência no espaço e suas implicações no organismo humano.
Não há nada mais representativo do simbolismo da Era de Aquário do que a imagem da própria Terra flutuando no imenso vazio, vista do espaço.
Quando a imagem foi divulgada aqui na Terra, o poeta Archibald MacLeish escreveu no “New York Times” : “Ver a Terra como ela realmente é, pequena e azul e bela naquele eterno silêncio em que flutua, é ver-nos como viajantes juntos sobre a Terra, irmãos nesse brilhante afeto em meio ao frio eterno – irmãos que agora se sabem realmente irmãos”. No livro “Nascer da Terra: como o homem viu a Terra pela primeira vez”, 2008, Robert Poole acredita que esse evento “é o nascimento espiritual do movimento ambientalista”, porque “é o momento em que o sentimento da era espacial deixou de ser o que ela significava para o espaço para ser o que significa para a Terra”.
O Festival de Woodstock foi projetado para 50.000 pessoas, chegaram 500.000 jovens, daí o caos nas rodovias (os 160 km de estrada que liga Nova York a Bethel eram percorridos em mais de 8 hs, com gente abandonando seus carros nos acostamentos (?) e seguindo a pé) e na infra geral de produção, como alimentação e toaletes, compensados pela constelação de artistas que se apresentaram e pelo espírito de confraternização e da filosofia de paz e amor.
Mesmo com a chuva que caiu no 2º dia, o que se viu foi tudo se transformar em brincadeira, todo mundo escorregando na lama, batucando com o que encontravam pela frente. Não houve pânico nem violência. Muitas mães levaram suas crianças ao festival.
Cidades da região cooperaram com doações de frutas, sanduíches e enlatados. Todos os espaços da fazenda foram tomados. A cobertura médica teve a participação de 70 médicos e 36 enfermeiras, que realizaram mais de 6.000 atendimentos, sendo que os casos mais graves eram levados de helicópteros para os hospitais. Morreram 3 pessoas, sendo 1 caso de overdose de heroína, 1 atropelamento por trator e 1 por crise aguda de apendicite. Houve também o nascimento de 2 crianças. 600 homens cuidaram do policiamento, entre seguranças contratados e policiais voluntários, que diante de tal situação, tiveram que fechar os olhos para os excessos de consumo de drogas e sexo livre.
Quem abriu o Festival foi Richie Havens com seu violão de 12 cordas. Foi tocando até não ter mais músicas, então resolveu improvisar sobre uma música chamada “Motherless Child”, acrescentando a palavra ‘freedon’ e repedindo-a à exaustão, criou a empolgante “Freedon”, como ficou conhecida a canção, e sua performance foi incluida no álbum e no filme oficiais do festival. A produção tentou levar John Lennon, Bob Dylan, The Doors, Led Zeppelin e Frank Zappa, mas não conseguiu. Apresentaram-se Jimi Hendrix, Janis Joplin, Santana, The Who, Joan Baez, Joe Cocker, Jefferson Airplane (acima), The Band, 10 Years After, Country Joe & The Fish, John Sebastian, Tim Hardin, Ravi Shankar, Arlo Guthrie, Canned Heat, Sly & The Family Stone, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, Crosby, Still, Nash & Young, Sha-Na-Na, Paul Butterfield Band e outros. O Festival de Woodstock foi o estopim para que nos anos 70 houvesse uma explosão de reinvindicações de minorias étnicas e sexuais, de forma jamais imaginada pela sociedade norte-americana. Revoluções comportamentais, sexo alternativo (com respaldo das pílulas anticoncepcionais). O evento foi tranformado em documentário inovador (aparição simultânea de vários quadros na tela) por Michael Wadleigh. Foi lançado em 1970 e ganhou Oscar de “Melhor Documentário” de 1971. O desbunde de Woodstock é pura contestação e ativismo. Cito Tom Wolf mais uma vez nesse blog, que chamou a década de 60 de ”We Decade” e a década seguinte de “Me Decade”, para concluir que finalizava ali em Woodstock uma era de experimentações e força criativa para dar lugar a uma egotrip voltada para a ascensão profissional e social e o rock sendo controlado pelo mercado. Quando Lennon disse “Dream is Over”, referia-se a isso. Embora exista uma discussão entre aqueles que afirmam que 1968 e eventos como os festivais e o Movimento Hippie não tenham contribuido para mudanças duradouras, digo apenas que ainda hoje, de alguma forma vivenciamos as mudanças ocorridas nesse tempo (v. post Hippies), inclusive para o fim da guerra do Vietnã e suas consequências positivas e também em relação aos direitos civis e minorias étnicas e sexuais, que se organizaram e foram à luta por seus direitos.
Grandes performances aconteceram. Talvez, o ponto máximo tenha sido quando Jimi Hendrix tocou o hino americano com sua guitarra imitando sons de bombas e aviões e transformando sua performance num gesto ritualístico, ao botar fogo em sua guitarra.
Um museu foi criado no local onde aconteceu o festival. O Museu de Bethel Woods, inaugurado em junho de 2008.
Trilha Sonora – 1969
As 10+ Agosto 69, EUA
1. In the Ghetto – Elvis Presley
2. Je t’Aime…Moi non Plus – Jane Birkin & Serge Gainsbourg
3. Stay Awile – Lee Lynch
4. The Year 2525 – Zaeger & Evans
5. Honky Tonk Women – The Rolling Stones
6. The Ballad of John and Yoko – The Beatles
7. Give Peace a Chance – The Plastic Ono Band
8. Aardig Meisje van den Buiten – Marc Dex
9. Fiesta – Marva
10. Venus – Shocking Blue
fonte : Muziek. com
As 10+ de 1969 – EUA – Músicas que alcançaram o Top 1 em 1969
1. Aquarius / Let the Sunshine In – The 5th Dimension
2. The Year 2525 – Zaeger & Evans
3. Get Back – The Beatles
4. Sugar, Sugar – The Archies
5. Honky Tonk Women – The Rolling Stones
6. Everyday People – Sly & The Family Stone
7. Dizzy – Tommy Roe
8. Wedding Bell Blues – The 5th Dimension
9. I Can’t Get Next to You – The Temptations
10. Crimson and Clover – Tommy James & The Shondells
fonte : Billboard; The 60s Official Site
As 10+ 1969 – Brasil
1. As Curvas da Estrada de Santos – Roberto Carlos
2. Aquele Abraço – Gilberto Gil
3. Hoje – Taiguara
4. Aquarius / Let The Sunshine In – The 5th Dimension
5. País Tropical – Wilson Simonal
6. Get Back – The Beatles
7. Mustang Cor de Sangue – Marcos Valle
8. Sugar, Sugar – The Archies
9. I Started a Joke – Bee Gees
10. F…Comme Femme – Adamo
fonte : jovem-guarda.com
Fonte: http://anos60.wordpress.com/ (postagem assinada por Edi Cavalcante)
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