dezembro 05, 2009

“Lula, o filho do Brasil”


Trailer de "Lula, o filho do Brasil"

O cineasta Fabio Barreto assina a direção do filme que narra a a vida e a trajetória política de Luiz Inacio Lula da Silva. (Fonte: Estadão)

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[ Amálgama ]


“Lula, o filho do Brasil” (antes de visto)

por Cesar Kiraly – Ao ver o filme O ano em que meus pais sairam de férias pensei que os melhores filmes brasileiros não são fantásticos ou ficcionais, mas são alegóricos da nossa constituição (solo, terra, religiosidade.) ou de nosso passado recente (e quase tudo no Brasil é passado recente). Por certo, existem filmes que alegorizam a nossa compleição de classe média, nosso consumismo, nossa vocação para perder tempo com besteira, e são filmes ruins. E há aqueles que alegorizam temáticas interessantes, mas não conseguem nada com isso.

A espectativa natural seria a de um pedido de nomeação dos bois. Mas tirando O ano em que meus pais sairam de férias e os filmes do Glauber Rocha e esse dirigido pelo Nachtergaele (como alegóricos de nossa constituição), não vou nomear boi algum. Mas digo que existe uma maturidade pictórica colossal em nossa capacidade de alegorizar nossa constituição e passado recente, e é isso que torna o cinema nacional artisticamente relevante.

Mas escrevo para dizer as minhas razões para ver Lula, o filho do Brasil. Na verdade, não é bem um filme biografia, pelo que entendi, mas um filme de exemplaridade. Existe uma exemplaridade em Lula: ele é um, mas é uma multidão. Então, é um filme sobre um homem meio multidão, mas que trata mais da multidão que do homem. Os comícios, a perda de entes queridos em hospitais fétidos, as concessões, e muitas concessões, à suposta realidade das coisas imposta a todos os brasileiros… são os temas, me parece, desse filme. Vejo o filme, antes de vê-lo, como uma alegoria de nosso passado recente. Mas diferente de outros trabalhos sobre nosso passado, este filme sobre Lula é um filme sobre um passado do qual podemos nos orgulhar – nosso recente passado operário.

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