janeiro 31, 2010

Minas se prepara para a IV Conferência Nacional de Saúde Mental


Colegas


IV CONFERENCIA NACIONAL E ESTADUAL/MG DE SAÚDE MENTAL


Atualização de informações:

Foi definida a Comissão Organizadora Nacional da IV Conferencia Nacional de SM. Será composta por 34 membros, com as seguintes representações:

· 5 rep. do Ministério da Saúde

· 2 rep. do Conselho Nacional de Saúde

· 4 rep. do ministério do desenvolvimento social

· 4 da Secretaria Especial de Direitos Humanos

· 1 do Ministério da Cultura

· 1 do Ministério da Educação

· 1 do Ministério do Trabalho (Secretaria Nacional de Economia Solidária)

· 1 do Ministério da Justiça

· 1 do CONASS (Conselho Nacional dos Secretarios Estaduais de Saúde)

· 1 do CONASEMS ( Conselho Nacional dos Secretarios Municipais de Saúde)

· 2 da Rede Nacional Internucleos da Luta Antimanicomial - RENILA

· 2 do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial - MNLA

· 1 representante do Fórum Nacional Infanto-Juvenil (não pertencente á área da saúde)

· 1 representante da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva

· 1 representante de uma das associações nacionais de redução de danos

· 4 representantes do segmento de profissionais da área da saúde

Obs.: Como a representação do segmento é um pouco polemica, a definição final ficara para a reunião do pleno do Conselho Nacional de Saúde (que acontecerá dia 08.02.10). Por enquanto os segmentos indicados são: 1 representante da Federação Nacional dos psicólogos; 1 representante da associação Brasileira de Terapia Ocupacional; 1 representante da Associação Brasileira de Psiquiatria; e 1 do Conselho Federal de Psicologia).

O tema geral da conferencia nacional: (podendo sofrer pequenos ajustes)

SAÚDE MENTAL: DIREITO E COMPROMISSO DE TODOS.

3 sub-temas:

· Saúde mental como política de Estado

· Rede psicossocial e movimentos sociais

· Desafios éticos e a intersetorialidade

As Conferencias Municipais deverão acontecer até 15 de abril, as Estaduais de 23 de abril até 23 de maio.

A Conferencia Estadual de MG já está marcada para os dias 14,15 e 16 de maio no auditório do hotel Grandarrell (rua Espírito Santo 901/BH).

A Conferencia Nacional será de 27 a 30 de junho em Brasília.

O total de delegados nacionais será de 1200. Sendo que: 70% dos delegados serão da área da saúde (seguindo a paridade, ou seja: 50% de usuários; 25% de trabalhadores e 25% entre gestores e prestadores). Os outros setores participarão com 30% dos delegados. Quanto ao número de delegados para os Estados e Municípios só teremos noticia, após a próxima reunião da comissão organizadora nacional, dia 08.02.10.

A Conferencia Estadual MG seguirá o temário nacional; entretanto, o tema definido anteriormente, ou seja: A expansão da Rede de Saúde Mental e o protagonismo dos Trabalhadores e Usuários serão encaixados dentro dos subtemas nacionais. O nosso lema continua o mesmo: Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial.

Gostaríamos de contar com a colaboração dos colegas no encaminhamento de sugestões para a Comissão Organizadora da IV Conferencia Estadual. saudemental@saude.mg.gov.br

Abraços

Lourdes A Machado

Coordenação de Saúde Mental SESMG e

Membro da Comissão Organizadora da IV Conferencia Estadual de SM

Luta antimanicomial no sertão


Nota do blog: O psicólogo Marcus Vinicius, ex-Vice Presidente do Conselho Federal de Psicologia (que você vê no vídeo acima, e que tem um texto sobre tratamento de psicóticos reproduzido na coluna à direita), é considerado o terror dos empresários da psiquiatria conservadora brasileira. Processado, vem sendo absolvido em todas as instâncias. Por essa e por outras, o meu considerado Marcus Vinicius mora no coração da militância antimanicomial brasileira. Grande Marcus Vinicius! Espero poder vê-lo na IV Conferência Nacional de Saúde Mental, a ser realizada em junho de 2010. Hasta la victoria, siempre!

NUMANS - Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão

CARTA DE APRESENTAÇÃO / INTENÇÕES AOS GESTORES DO SUS

Senhor(a) Gestor(a),

No Vale do São Francisco vem se anunciando, progressivamente, uma preocupação com o debate em torno da consolidação da reforma psiquiátrica na região e dos seus desdobramentos nas esferas da gestão, do cuidado e da formação do profissional de saúde. Articulando inicialmente os municípios de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, em função da proximidade geográfica, tal preocupação vem se materializando em ações que buscam integrar os diversos atores envolvidos nesse campo de intervenção, buscando produzir impactos efetivos nas realidades dos sujeitos que apresentam sofrimento psíquico nessas cidades e municípios circunvizinhos.

Foi nessa perspectiva que aconteceu em maio de 2009 o I Fórum de Mobilização Antimanicomial: Loucura em Movimento, a partir de ação integrada da Universidade Federal do Vale do São Francisco e Secretarias Municipais de Juazeiro-BA e Petrolina-PE. Ali se inaugurava um movimento de articulação inédito entre os dois municípios e instituição formadora, gerando-se entre os participantes (estudantes, usuários, profissionais da rede de saúde, gestores, professores) o compromisso de criar um núcleo permanente de discussão sobre a luta antimanicomial e reforma psiquiátrica na região.

Em outubro de 2009 aconteceu a primeira roda de conversa que possibilitou a criação do Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão – NUMANS, que vem agregando pessoas interessadas na temática a partir de encontros periódicos e se afirmando como um movimento social em prol da reforma psiquiátrica na região do SubMédio São Francisco. Atualmente o NUMANS conta com representantes da UNIVASF, da UNEB, do Conselho Regional de Psicologia-02 (Sub-Sede Petrolina), trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Juazeiro e Petrolina e da rede de saúde, estudantes e usuários dos serviços de saúde mental.

No momento, estamos planejando o II Fórum de Mobilização Antimanicomial, previsto para os dias 07 e 08 de maio de 2010, que terá por finalidade provocar a comunidade em geral, destacando usuários da rede de saúde, familiares, profissionais, gestores, professores e alunos a refletir e contribuir para o fortalecimento de um processo de Reforma Psiquiátrica, de caráter ANTIMANICOMIAL, na região!

Este ano, o clima preparatório para a IV Conferência Nacional de Saúde Mental nos dá especial oportunidade de aprofundar, amadurecer, democratizar e politizar o debate em torno desta luta. A nossa proposta é conjugar o II Fórum de Mobilização Antimanicomial com uma Conferência Loco-regional de Saúde Mental no Vale do São Francisco, agregando municípios circunvizinhos dos estados da Bahia e de Pernambuco, garantindo a todos os atores locais a oportunidade histórica de expressar democraticamente suas percepções, necessidades e teses sobre esse campo, participando
decisivamente com a produção de diretrizes e propostas para a efetivação da política de saúde mental, considerando as especificidades locais.

Colocamo-nos disponíveis para os diálogos sobre esta proposta.

Cordialmente,

NUMANS

(Representantes: Barbara Cabral – 87-88373829 / Renata Guerda – 74-88180805 / Alice Chaves – 87-88460229)

Igualdad de género - Entrevista a Alicia Gil

Igualdad de género - Entrevista a Alicia Gil from AttacTV on Vimeo.

En esta nueva entrevista, AttacTV visita a Alicia Gil para tratar importantes temas relacionados con la igualdad de género.

Participe da Luta contra o PL do Ato Médico

APRESENTAÇÃO

Ibirapuera terá grande manifestação pública contra o PL do Ato Médico

O Senado Federal está a um passo de votar um projeto de lei que, se aprovado, representará um retrocesso para a Saúde.

O PL pretende tornar privativo da classe médica procedimentos realizados por outras profissões da área de Saúde (Psicologia, Biomedicina, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Serviço Social e outros), ignorando os avanços conquistados no atendimento multiprofissional de saúde e resultando em danos à população.

No próximo dia 27 de fevereiro será realizada uma manifestação pública na Arena de Eventos do Parque do Ibirapuera, na Capital, das 14h às 17h.

O evento está sendo organizado pelos Conselhos Profissionais de Saúde do Estado de São Paulo e, na Psicologia, pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP/SP), Entidades do FENPB, Sindicato dos Psicólogos (SinPsi/SP), Conselho Nacional dos Estudantes de Psicologia (CONEP) e Conselho Regional dos Estudantes de Psicologia (COREP).

Participe!

Vamos nos manifestar pela rejeição do PL!
Auxilie na divulgação e mobilização dos Psicólogos, alunos, professores, outros profissionais, usuários e demais interessados.

A Saúde Pública adverte: o Ato Médico faz mal à Saúde !

Fonte: http://www.crpsp.org.br/atomedico/

Serra despenca... Dilma sobe



Depois da onça beber água, está na hora do jacaré bocejar na beira do rio. A curva do gráfico da Vox mostra Dilma registrando forte alta, e Serra despencando.

Fonte:
www.oleododiabo.blogspot.com

Mano Chao apoia a luta contra os manicômios





Mano Chao apoia a luta contra os manicômios.

Viva Elis!


O show foi ontem no Açaí. Quem não foi perdeu!

Veja que mentira!


A Revista Veja a tempos vem ultrapassando os limites do péssimo jornalismo. Considerada, como bem coloca o notório jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog (http://www.paulohenriqueamorim.com.br/), como uma das componentes do PIG (Partido da Imprensa Golpista*), a revista vem radicalizando num posicionamento a extrema direita, classista, considerando-a como a "cloaca máxima" do partido. Até aí nenhum problema - mais ou menos - pois liberdade de pensamento e ideologia é um direito até das Revistas e Jornais - nos editoriais, pois no conteúdo tem que demosntrar a prática tradicional de ouvir os lados e da ética! -, mas a Veja vem implodindo tudo o que pensamos sobre jornalismo e comunicação ética, com manipulações grotescas de imagens, entrevistas, textos, para fonecer ao leitor sua visão de mundo e sua versão extremamente distorcida dos fatos, promovendo uma verdadeira desinformação estratégica - indo ao extremo da máxima de que no jornalismo não existe fato mas sim versões -, utilizando-se, muitas vezes de um discurso de baixo nível em suas matéias, artigos e colunas - vejam o tal do Mainardi - para detratar seus inimigos públicos e privados, ainda mais se for de esquerda e não do PSDB/DEM. Ataques mentirosos ao MST, a esquerda, a quem for a favor do meio ambiente e contra transgênicos, a os contra as privatizações e a destruição do setor público, aos a favor da conservação da Amazônia e de seus povos -
para Veja, pasmem, índios e ambientalistas são inimigos da Amazônia e do Brasil - , e na defesa incondicional do empresariado que se envolve em corrupção - vejam o caso Daniel Dantas. A Veja exprime um pensamento da elite mais tosca deste país!

Obviamente que ataques grotescos chamam a atenção e no seio dos movimentos e do setor jornalístico, reações...

O mais poderoso sem dúvida nenhuma é o do jornalista, comentarista econômico, também notório Luis Nassif, que eu seu blog (http://luis.nassif.googlepages.com/)(http://luis.nassif.googlepages.com/relacoesincestuosas disponibilizou uma serie de textos chamado "Dossie Veja". O mesmo, sendo entrevistado por Caros Amigos, mostra as estratégias obscuras da revista e como a mesma vem detratando sua imagem (http://carosamigos.terra.com.br/index_site.php?pag=dointernauta&id=85)

A campanha "Veja que mentira" também vem colocando respostas e informações dos movimento sociais, http://www.consciencia.net/midia/revistaveja.html. E já foi analisada em
teses de mestrado (http://iabasse.blogspot.com/2007/03/dissertao-de-mestrado-analisa-como.html)


Até atores como Wagner Moura percebeu o estrategema tosco
(http://opensadordaaldeia.blogspot.com/2009/06/wagner-moura-nao-falo-com-revista-veja_22.html)

Enfim, pensem duas vezes antes de assinarem a revista veja ou de manter a sua assinatura. Prestem atenção no seu conteúdo e tentem acessar outra fontes só para ver distintas visões (hoje tem muitas agências de notícia mais independente na net e também impressa).


E se forem convencidos, avisem ao seu dentista ou médico para não colocarem mais nas salas de espera, pois a leitura da mesma pode produzir sociopatias graves! Uma questão de higiene mental!

Nota do blog: Texto que circula na net - contribuição da Rádio Xibé.

janeiro 30, 2010

Boaventura vê problemas na América Latina na próxima década

Boaventura de Souza Santos
Foto postada em ionline.pt
Sociólogo português acredita que próxima década será mais problemática para a América Latina

Porto Alegre - Os avanços políticos conquistados na última década na América Latina podem se perder nos próximos anos, na avaliação do sociólogo e jurista português Boaventura de Sousa Santos.

Ele encerrou, ontem (24) as discussões do 6º Fórum Mundial de Juízes, na capital gaúcha. O evento antecede o Fórum Social Mundial (FSM), que começa hoje (25), na mesma cidade.

De acordo com o professor da Universidade de Coimbra, a instalação de uma base militar norte americana na Colômbia e a eleição de um candidato de direita no Chile, Sebastián Miguel Piñera, no último dia 18, são sinais de que a região passará por mudanças.

“Penso que a próxima década será mais problemática que a década passada”, disse. “Os Estados Unidos estão a olhar com muito mais atenção para a América Latina. As bases na Colômbia, obviamente, são um novo sinal do que está a passar”, afirmou.

Na opinião do sociólogo, embora se acreditasse que o neoliberalismo estava “enterrado”, a América Latina convive com problemas que ainda não foram resolvidos, como o trabalho escravo, a criminalização de movimentos sociais e a emergência de grupos paramilitares.

“A questão paramilitar ocorre não só na Colômbia, mas na Venezuela, Bolívia e Equador. Acabo de vir do Equador e constatei assassinatos em série nas comunidades afroequatorianas. São as forças da direita que não aceitam mudanças”, destacou Boaventura, que foi consultor da reforma constitucional equatoriana, em 2008.

Durante a palestra, o sociólogo falou sobre a “promiscuidade” que surgiu com a influência do neoliberalismo sobre a economia e a política, sobre o privado e o público.

“Isso se transformou na privatização do Estado de tal modo que o controle do Estado se tornou uma luta tida como anti-democrática”. Como exemplo, citou a pressão de alguns segmentos, nos Estados Unidos, contra a aprovação de um sistema de saúde público naquele país, derrubada pelo Congresso.

“Não é possível que a maioria da população norte-americana seja contra o sistema público, mas neste momento não haverá mais sistema público porque foram gastos mais de U$ 50 bilhões pelo lobistas para que a proposta fosse retirada”.

O sistema de saúde norte-americano é um dos mais caros do mundo. Estimativas revelam que cerca de 16% da população ou 50 milhões de pessoas não têm cobertura nem do governo nem dos planos privados.

“O fim do século mostrou que os conflitos individuais são sintomas dos conflitos coletivos. As desigualdades são estruturantes”, afirmou antes de destacar o papel do judiciário na solução dos desses problemas.

“Os juízes das próximas décadas terão que ser objetivos, mas não podem ser neutros. Neutralidade é tomar posição dos poderosos, principalmente, quando a direita está no poder. Os juizes precisam saber se estão do lado dos oprimidos ou dos opressores”, completou.

Para o professor, que acompanha a instalação do Observatório da Justiça Brasileiro, uma das transformações necessárias nos países é uma mudança na “cultura judicial” desde a educação básica, passando pela mídia até o ensino superior.

“As faculdades de direito são as mais reacionárias, se mantêm como no tempo das ditaduras”, disse Boaventura, que acredita no direito como instrumento contra-hegemônico e ressaltou o papel de advogados que trabalham em favor de movimentos sociais mesmo ameaçados de morte.

Em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Boaventura esclareceu os principais pontos da palestra, explicando porque a próxima década deve ser mais problemática. Falou sobre as transformações pelas quais passa a região, inclusive, com alguns países revendo o passado de regimes de exceção e os impactos da colonização sobre a diversidade racial.

Boaventura defende a “descolonização” da América Latina, com o enfrentamento do racismo contra afrodescendentes e indígenas, por meio de políticas de reconhecimento como as ações afirmativas, acesso à terra e aos recursos naturais.

“A democracia racial é uma tarefa e não uma realidade. Basta olhar para esse auditório e ver que falta muito”.

Agência Brasil: Por que a previsão é de que os conflitos tendem a se acirrar na próxima década?
Boaventura de Sousa Santos: Essa última década foi de muitas conquistas. Governos progressistas chegaram ao poder, o caso do Brasil é um desses, assim como Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, El Salvador. Mas há grandes avanços políticos que não sabemos se são sustentáveis na próxima década. Aliás, as eleições no Chile são a primeira nota em que o candidato de direita ganhou as eleições. Também não sabemos o futuro da Venezuela, portanto, há nuvens no horizonte. Também estou preocupado com essa emergência e fortalecimento de grupos paramilitares, que estão aparecendo em várias partes do continente e, portanto, com ataques aos direitos humanos, já não propriamente aos direitos econômicos e sociais, mas aos mais elementares: o direito à vida, o direito cívico, político. Ainda vejo com preocupação a presença norte-americana nesse continente para evitar que seus interesses estratégicos sejam postos em causa, nomeadamente, no que diz respeito aos recursos naturais. Tudo isso me faz pensar que será uma década mais complicada.

ABr: Quais as transições que ocorrem na sociedade e merecem atenção?
Boaventura: Estão em curso, em muitos países da América Latina três tipos de transição. Uma, que é a transição da ditadura à democracia. Aqui, como me referi à questão da Lei da Anistia, se ela atinge ou não crimes de tortura, crimes contra a humanidade. Quer dizer, em que medida que a ditadura permanece. Depois, há uma transição do capitalismo para o socialismo e outra, que também aparece na região, é a transição do colonialismo para o fim do racismo. A descolonização, feita por meio das ações afirmativas, das lutas dos afrodescendentes, dos povos indígenas é lenta.

ABr: O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa neste ano uma ação de inconstitucionalidade contra as cotas nas universidades, outra contra o decreto que regulamenta as terras quilombolas e pode voltar a debater questões indígenas. Qual sua expectativa em relação à Justiça brasileira?
Boaventura: Estou preocupado. Neste momento, não sabemos nada. Temos apenas uma informação do presidente da Corte, o ministro Gilmar Mendes, com uma certa opinião que pode levar o tribunal a um certo sentido... Mas, obviamente, é um conjunto de magistrados que vai decidir (…) Não sabemos. O certo é que há uma grande preocupação dos movimentos sociais, quilombolas e de parte do movimento indígena de que ocorra um certo retrocesso no reconhecimento de terras, inclusive, com alguma criminalização do protesto social. É uma decisão importante [a do STF], que a sociedade brasileira deve ficar atenta, sobretudo, para manter as ações afirmativas, as lutas dos quilombolas. O que está em causa é acabar com o reconhecimento.

ABr: Pontos polêmicos do 3° Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado recentemente pelo governo federal, foram citados indiretamente durante sua palestra, como a impunidade de agentes do Estado que cometeram crimes durante a ditadura e a influência da concentração dos meios de comunicação sobre a população. Qual impacto dessas propostas?
Boaventura: Não conheço o documento do governo federal. Em relação aos meios de comunicação, [o impacto da concentração] não é tão simples como poderia ser na medida em que, se o impacto fosse total, por exemplo, os governos progressistas não ganhariam eleições. Caso conseguissem dominar a tal ponto a opinião pública nem Chávez [Hugo Chávez, presidente da Venezuela], nem Correa [Rafael Correa, presidente do Equador], nem Morales [Evo Morales, presidente da Bolívia] tinham sido eleitos. Acho que o impacto é em outro nível. É aproveitar a debilidade dos presidentes e dos governos progressistas, magnificando [ampliando] alguns dos seus fracassos, limites e, por vezes, influenciando, de fato, os tribunais, coisa que fazem com muita força.

ABr: Qual exemplo dessa influência dos veículos de comunicação sobre o Judiciário?
Boaventura: Basta ver qual foi a posição da imprensa brasileira em relação à revisão da Lei de Anistia. Não é de maneira nenhuma uma posição equilibrada. Conheço o grupo da Comissão de Anistia da Secretaria Especial de Direitos Humanos e eles fazem um trabalho notável.

ABr: Como evitar essas influência sobre o Judiciário?
Boaventura: A partir da escola. Penso que a formação tem que ser outra. A partir das próprias faculdades de direito. É preciso sensibilizar os alunos para a justiça social. Isso obriga as grandes escolas a não ensinar apenas as técnicas jurídicas, mas o conhecimento social, cultural, para que haja um entendimento de que as sociedades são interculturais, mas muito desiguais. Esses são, portanto, problemas jurídicos e não apenas políticos.

Fonte: Agência Brasil
Isabela Vieira

Fonte da fonte: cebes.org.br

Líderes do MST presos em Santa Catarina

Acervo Agência Consciência.Net
Polícia catarinense prende líderes do MST em “ação preventiva”

Com mais de 30 policiais militares, a prisão foi efetuada no momento em que se realizava uma reunião pública. Por Elaine Tavares, de Florianópolis, SC, no eteia.blogspot.com (via Agência Brasil de Fato).

Um dos coordenadores estaduais do MST em Santa Catarina, Altair Lavratti, foi preso na noite desta quinta-feira (28) em Imbituba numa ação que lembra os piores momentos de um estado de exceção. Com uma força de mais de 30 policiais militares, a prisão foi efetuada no momento em que ele realizava uma reunião pública, num galpão de reciclagem de lixo da cidade. A acusação é de que Lavratti, junto com outros sindicalistas e militantes sociais preparava uma ocupação de terras na região. Foi levado sob a alegação de “formação de quadrilha”.

Segundo informações divulgadas no jornal Diário Catarinense, que estava magicamente no ato da prisão ao lado da polícia, os integrantes do MST estavam sendo monitorados desde novembro depois que um integrante do Conselho de Segurança Comunitária de Imbituba passou informações sobre a organização de uma suposta ocupação em terras do estado. Outras duas pessoas também foram presas, sendo que uma delas, Marlene Borges, presidente da Associação Comunitária Rural, está grávida. Ela teve a casa cercada na madrugada de sexta-feira e foi levada para Criciúma. Outro militante, Rui Fernando da Silva Junior, foi levado para a cidade de Laguna.

Integrantes do MST, advogados e um deputado estadual estiveram procurando por Lavratti durante a noite toda, mas não haviam conseguido contato até a manhã de sexta-feira, quando souberam que de Imbituba ele havia sido levado para Tubarão.

Ainda segundo informações da polícia, o juiz Fernando Seara Hinckel autorizou gravações telefônicas e determinou a intervenção do Ministério Público. Também teria havido a participação de P-2 (policiais a paisana, disfarçados) infiltrados nas reuniões dos militantes sociais da região de Imbituba.

Usando de um artifício já usado contra o Movimento dos Atingidos das Barragens, que foi o de prender “preventivamente” integrantes do movimento alegando “suspeita de invasão”, o poder repressivo de Santa Catarina repete a dose agora contra o MST. Para a polícia e para o poder público, reuniões que envolvam sindicalistas e lutadores sociais passam a ser “suspeitas” e sendo assim, passíveis de serem interrompidas com prisão. Só para lembrar, este é um tipo de ação agora muito usado nos Estados Unidos, depois de 11 de setembro, quando o presidente George Bush acabou com todas as garantias individuais dos cidadãos. Lá, e agora também aqui, o estado pode considerar suspeita qualquer tipo de reunião que envolva movimentos sociais. Conversar e organizar a luta por uma vida melhor passa a ser coisa de “bandido”.

A acusação de formação de quadrilha não encontra respaldo uma vez que é pública e notória a preocupação do MST com a situação das famílias daquela região, que vem sistematicamente tendo que abandonar a zona rural em função da falta de apoio à agricultura familiar, enquanto o agronegócio recebe generosa ajuda governamental. A reunião na qual estava Lavratti justamente discutia esta situação e levava a solidariedade do movimento às famílias que seguem sendo despejadas de suas terras, ações que fazem parte do cotidiano do MST. A ação do governo se deve ao fato de em Imbituba ter sido criada uma Zona de Processamento e Exportações que tem engolido fatias consideráveis de dinheiro público sendo, portanto, considerada estratégica para os empresários da região.

Para o MST, as prisões foram descabidas, e só reflete a forma autoritária como o governo de Santa Catarina tem conduzido a relação com os movimentos sociais, criminalizando as tentativas dos catarinenses de realizar a luta por uma vida digna. Já para dar respostas aos atingidos pelo desastre em Blumenau, ou aos desabrigados pelas chuvas que tem caído torrencialmente este ano em Santa Catarina, não há a mesma agilidade estatal. Como bem já analisava o sociólogo Manoel Bomfim, no início do século vinte, ao refletir sobre a formação do estado brasileiro: “desde o princípio o Estado foi um aparelho de espoliação e tirania, feroz na opressão, implacável na extorsão. É um parasita”.

Sempre aliado aos donos do poder e da riqueza, o Estado abandona as gentes e só existe para o mal do povo. É por conta disso, que, conforme Bomfim, “a revolta contra as autoridades públicas é o processo normal de reclamar justiça” já que as populações são sistematicamente abandonadas pelo Estado e pela Justiça enquanto a minoria predadora dos ricos e poderosos tem seus interesses defendidos, inclusive com o uso do dinheiro e do patrimônio que é de todos.

Como exemplo disso, basta trazer à memória o escândalo da Moeda Verde, quando ricos empresários locais fraudaram laudos ambientais para a construção de grandes empreendimentos na cidade de Florianópolis. Presos sob a luz dos holofotes, não ficaram um dia sequer na cadeia e o governador do Estado segue frequentando suas festas e dizendo ao país inteiro, através da televisão, que os empreendimentos construídos a partir da fraude são os mais bonitos da cidade e necessitam ser conhecidos e consumidos.

Outro caso emblemático e atual, que não recebe a mão pesada do poder público, é o que envolve o vice-governador Leonel Pavan, enredado em escândalo de corrupção, e que também muito pouco interesse provoca na mídia. Não precisa ir muito longe para observar que Manoel Bomfim está coberto de razão: “Os estadistas devem inquirir das condições sociais, indagar se as populações se sentem mais felizes e as causas dos males que ainda as atormentam, para combatê-las eficazmente”. Mas, em vez disso, lutadores do povo são presos e os direitos coletivos se perdem diante do interesse privado de uma minoria.

Fonte: Agência Consciência.Net

Coca-Cola polui no Espírito Santo

Acervo Agência Consciência.Net

ES: População denuncia a poluição da Coca-Cola

Fábrica que contamina o Córrego das Pedras, no Espírito Santo, está construindo nova tubulação para jogar o efluente em outro rio. Por Winnie Overbeek, de Linhares (ES), para a Agência Brasil de Fato.

Revoltados com o avanço da poluição de suas águas, cerca de 100 manifestantes denunciaram em Linhares, norte do Espírito Santo, a contaminação do Córrego das Pedras, causada pela empresa de fabricação de sucos, a Mais Indústria de Alimentos, propriedade da transnacional Coca-Cola. A empresa é conhecida pela marca Minute Maid Mais, transformado recentemente na marca Del Valle Mais.

O protesto realizado no último dia 23 de janeiro mobilizou as famílias da comunidade do bairro Santa Cruz, vizinho à fábrica no município de Linhares, e famílias rurais camponesas ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

A fábrica que já contamina o Córrego das Pedras, afetando alguns agricultores e o bairro Santa Cruz, está construindo uma nova tubulação para poder jogar o efluente (produtos poluentes produzidos pela indústria lançado no meio ambiente) em um córrego limpo que tem contato direto com dezenas de lagoas naturais na região. Centenas de agricultores temem a contaminação deste córrego, já que pode afetar as fontes de água que usam para irrigação e para o consumo humano.

A nova fonte de contaminação afetará diretamente os pequenos agricultores da região, que já sofrem dos impactos da expansão da monocultura da cana em larga escala, realizada pela empresa Lasa. Uma das agricultoras, Cristina Soprani, explica que “o grande objetivo do movimento hoje é produzir comida limpa, comida saudável. E para isso, a gente precisa essencialmente da água, e da água preferencialmente limpa”.

A poluição avança

O problema começou em 2003 quando a empresa chamada Sucos Mais iniciou o lançamento de efluentes no Córrego das Pedras, que passa por algumas propriedades rurais e depois pelo bairro Santa Cruz. Desde então, os moradores do bairro sofrem com o mau cheiro. Uns dos agricultores mais afetados, os irmãos Zanetti, tiveram sua produção de café reduzida de 1500 para 60 sacas e não podem mais tomar água do poço na propriedade.

As reclamações feitas ao longo dos anos surtiram pouco efeito. E depois da compra do empreendimento pela Coca-Cola em 2006, a situação se agravou ainda mais. Segundo os dados do Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), a empresa requereu licença de ampliação da produção exatamente em 2006, visando a produzir outras bebidas como chás, bebidas mistas de sucos de frutos com soja, bebidas lácteas, preparados líquidos, entre outros, objetivando produzir mais 900 mil litros por mês. Apesar das denúncias, o IEMA tem concedido e renovado o licenciamento ambiental da empresa.

Em 2007, devido à situação de calamidade do Córrego das Pedras, a família dos irmãos Zanetti procurou o Ministério Público na cidade de Linhares denunciando a situação. A promotora de meio ambiente na época, Carina Jovita de Sá Santos, resolveu solicitar um laudo técnico realizado pelo IBAMA. O laudo, de 14 de julho de 2008, concluiu “uma inequívoca vinculação da degradação da qualidade ambiental do córrego “rio das Pedras” ao lançamento dos efluentes da empresa”, sobretudo no “período de junho a setembro de 2007”. O laudo constatou ainda que a Mais Indústria de Alimentos S/A, por ter poluído o Rio das Pedras e descumprindo a Licença de Operação 27/200, tinha infringido artigos 41 e 44 do decreto 3.179/99, constituindo também crime contra o meio ambiente. Posteriormente foi aberta ação criminal que tramita na 3ª Vara Criminal.

Em função do laudo do IBAMA, o Ministério Público do Espírito Santos ingressou com Ação Civil Pública para responsabilizar a empresa pelo dano ambiental. No entanto, Ministério Público e empresa resolveram celebrar um acordo sugerindo melhorias no tratamento do efluente num prazo de 120 dias.

Considerando, dentre outros, que o Córrego das Pedras continuava apresentando baixa qualidade de água, o Ministério Público resolveu celebrar no dia 27 de agosto de 2009 outro acordo contendo obrigações como apresentar dentro de um prazo de 90 dias “projeto de adequação a ser realizada para regularização do sistema de tratamento de efluentes industrial atualmente existentes na empresa”, além de “apresentar, ao IEMA, e implementar após aprovação projeto de recuperação das áreas adjacentes que possam ter sido objeto de degradação pelas obras de colocação das manilhas, no ponto de lançamento de efluentes da empresa”.

Porém, segundo os manifestantes, o efluente continua sujo e a prometida recuperação não foi realizada. “A gente percebe que o governo municipal, governo estadual, dá concessão às empresas e que os órgãos ambientais fazem todo o processo de licenciamento, e aí a gente fica se perguntando: onde fica a vida?”, reclama Cristina Soprani.

Fonte: Agência Consciência.Net

Pontões de Cultura Digital se reúnem em São Paulo

Acervo Agência Consciência.Net

Pontões de Cultura Digital se reúnem em São Paulo

Rolou nos dias 23 e 24 de janeiro o Encontro Livre dos Pontões de Cultura Digital, com a presença de cerca de 50 representantes da área de cultura e tecnologia livre de quase todos os Estados brasileiros. O evento foi apoiado pelo Ministério da Cultura e executado pelo Pontão da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ. Mais infos no Wiki do evento [clica aqui] e no grupo [aqui]. O primeiro momento contou com mais de 40 pessoas, num espaço confortável do Coletivo Digital, na Vila Madalena, em São Paulo. Outras 20, 30, chegaram mais tarde.

A galera se apresentou, como de costume, e começou o debate sobre programação, metodologia, nossa participação na Campus Party, momentos diversos. Josiane (do MinC), diversos articuladores nacionais, Adriano Belisário, Giuliano Djahjah, Uirá Porã (CE), Thiago Novaes (agora no Rio), Ivana Bentes, a galera do Coletivo Digital, uma galera boa que falou sobre cultura digital nos temas Formação, Desenvolvimento/Suporte, Comunidades Tradicionais, Sustentabilidade e Comunicação.

Já estão em andamento propostas de oficinas de ferramentas mais eficientes e padrões (mas “padrão” não pode falar, substituíram por outra palavra, acho que éreferência ;), metodologias e tal.

Previstos para a tarde do primeiro dia os Grupos de Trabalho, logo depois do almoço, que tem opções para vegetarianos e para carnívoros destruidores da camada de ozônio ;)

Na tarde do primeiro dia (23) do Encontrão Livre de Cultura Digital dos Pontões (cada vez eu uso um nome diferente), os Grupos de Trabalho produziram bastante, nos seguintes eixos: Formação, Desenvolvimento e Suporte, Comunidades Tradicionais, Sustentabilidade e Comunicação.

Eu participei deste último. A gente ouviu um relato do encontro anterior, de Belo Horizonte, e falou sobre oficinas de comunicação, formas de participação e envolvimento na área e ação nas áreas de webrádio e webTV. O Pontão Minuano vai oferecer a plataforma que já dá suporte para a Rádio Software Livre, e vamos criar uma rádioweb dos Pontos, já com várias parcerias criadas, como uma intenção de mobilizar o Ceará por meio do Pontão Rede Boca no Trombone.

Vamos nos reunir na Teia Brasil 2010, que será em março de 2010 (vai ser no Ceará? Sim! Acabei de ver).

Manhã do segundo dia

Na manhã do domingo (24), rolou um papo sobre software livre que foi muito importante, esclarecedor, instigante e outras palavras bonitas.

“Não adianta você ensinar o cara a usar o software livre para ele ganhar 500 reais como assistente administrativo. Software livre é mais do que isso”, disse Lincoln de Sousa Primo, do Pontão Mapas da Rede, que fez uma apresentação muito boa sobre o tema.

“Se o Google cair…” [risos]. Lincoln alerta que a dependência a um código fechado e uma ferramenta proprietária, que não podem ser compartilhados e modificados. A informação descentralizada acaba por minar a liberdade da rede e de quem nela está. As pessoas têm que poder estudar a ferramenta, modificá-la e devem também compartilhar este conhecimento, pois este é um dos principais valores do software livre. Inclusão digital apenas para “formar” para o “mercado” é uma enganação, um retrocesso.

Outro tema importante abordado foi a questão legal e política da lei do direito autoral e suas implicações no dia-a-dia da cidadão, no que diz respeito à Internet, à música e outras formas de comunicação.

Claro que a discussão foi muito mais além do que isso, praticamente todos os participantes colocaram questões e fizeram relatos interessantes (procura noculturadigital.br que você encontra mais relatos).

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“Artes” de Gustavo Barreto via Gimp, no Ubuntu 9.10. Texto modificado do original no blog culturaldigital.br/gblog

Fonte: Agência Consciência.Net

Manifestação contra o PL do Ato Médico



Manifestação contra o PL do Ato Médico

O Senado Federal está a um passo de votar um projeto de lei que, se aprovado, representará um retrocesso para a Saúde.

O PL pretende tornar privativo da classe médica procedimentos realizados por outras profissões da área de Saúde (Psicologia, Biomedicina, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Serviço Social e outros), ignorando os avanços conquistados no atendimento multiprofissional de saúde e resultando em danos à população.

No próximo dia 27 de fevereiro será realizada uma manifestação pública na Arena de Eventos do Parque do Ibirapuera, na Capital, das 14h às 17h.

O evento está sendo organizado pelos Conselhos Profissionais de Saúde do Estado de São Paulo e, na Psicologia, pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP/SP), Entidades do FENPB, Sindicato dos Psicólogos (SinPsi), Conselho Nacional dos Estudantes de Psicologia (CONEP) e Conselho Regional dos Estudantes de Psicologia (COREP).

Participe!
Vamos nos manifestar pela rejeição do PL!
Auxilie na divulgação e mobilização dos Psicólogos, alunos, professores, outros profissionais, usuários e demais interessados.

A Saúde Pública adverte: o Ato Médico faz mal à Saúde !

[Fonte: CRP SP]

O "lulismo", segundo André Singer

Acervo UOL
André Singer e Lula
O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.

Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.

Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.

Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista aoUOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.

Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.

O QUE É O LULISMO?“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”

SEM SE FAZER NOTAR“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”

O QUE LEVOU AO LULISMO?“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”

CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”

DESPOLITIZAÇÃO E ‘SUBPERONISMO’
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”

’LEALDADE’ AO LULISMO“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”

18 BRUMÁRIO DE LULA“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”

O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”

"LULA, O FILHO DO BRASIL"“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”

MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC“Eu tenho evitado me manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”

POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”

SERRA (PSDB)“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”

DILMA (PT)“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”

CIRO GOMES (PSB)“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”

MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”

PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante de um cenário novo.”

Fonte: UOL

Fórum Social Mundial: carta dos movimentos sociais

Postado em blog.moadesenhos.com.br

ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Porto Alegre, 29 de janeiro de 2010.

10 ANOS DO FSM

OUTRO MUNDO ACONTECE!

O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma forma de resistência dos povos de todo o planeta contra a avalanche neoliberal dos anos 90. Dessa forma ganhou força e se tornou um grande pólo contra hegemônico ao Capitalismo financeiro. Nesses 10 anos passou pelo Brasil, Venezuela, Índia, Quênia levando a esperança de um mundo novo. Foi dessa maneira que o FSM conseguiu contagiar corações e mentes para a idéia de que é sim possível construir outro mundo com justiça social, democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais. O FSM foi fundamental para construir uma nova conjuntura que valorize o multilateralismo e a solidariedade entre os povos. E é assim que partiremos para novas lutas e para construir o próximo Fórum Social Mundial em Dakar em janeiro de 2011.

Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo entraram em choque também os valores capitalistas. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita os povos de todo o mundo e suas soberanias, explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura, passa a ser questionado. Portanto, as crises atuais nada mais são do que crises do modelo de desenvolvimento adotado, que é o das grandes corporações capitalistas. De tal maneira, essa crise do Capitalismo coloca os movimentos sociais em situação mais favorável para travar a luta.

O mundo mudou. E a crise do sistema financeiro mundial é uma derrota do Imperialismo. Assim caminha-se para a busca de soluções multilaterais reforçando órgãos como o G-20. Ao mesmo tempo emergem novas potencias como o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) que representa o fortalecimento das nações emergentes. Isso sem falar na América Latina que atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora e mudancista. Escorre pelo ralo o velho ideário neoliberal do Estado mínimo e o Estado volta a ser o grande instrumento de fomentação do desenvolvimento.

Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do Imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe em Honduras em 2009 e contra Chávez em 2002, a desestabilizaçã o de Lugo no Paraguai, a tentativa de golpe contra Lula no Brasil em 2005. A turma do neoliberalismo não esta morta e demonstrou isso nas eleições do Chile. Ao mesmo tempo, as elites se utilizam e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje é a grande mídia e os grandes veículos de comunicação. São esses organismos que funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Nesse sentido ganham força os movimentos de cultura livre que conseguem driblar o monopólio midiático e influenciar a opinião de milhares de pessoas e a necessidade do fortalecimento das rádios comunitárias.

O Imperialismo mostra a cada dia a sua face. Elegeu Obama em um grande movimento de massas carregando consigo as esperanças do povo estadunidense em superar a era Bush. Entretanto o Imperialismo continua sendo Imperialismo. Dessa forma cresce seu o olho diante das grandes riquezas descobertas como o Pré-sal. Os EUA reativaram a quarta frota marítima e instalaram mais bases militares na Colômbia de seu amigo Uribe, além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.

Os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo fortalecimento do multilateralismo, contra o Imperialismo, pela autodeterminaçã o dos povos e contra todas as formas de opressão. Dessa forma, os movimentos sociais brasileiros convocam a Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais para o dia 31 de maio em São Paulo e definem as seguintes bandeiras de luta:

SOBERANIA NACIONAL

Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;
Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe;


Defesa da autodeterminaçã o dos povos;
Pela retirada imediata das tropas dos EUA do Afeganistão e do Iraque;
Pela criação do Estado Palestino;
Contra os Golpes de Estado a exemplo de Honduras;
Contra a presença da 4ª Frota na América Latina;
Pela integração solidária da América Latina;
Contra a volta do neoliberalismo
Pelo fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA;
Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas;
Pela defesa da Amazônia como patrimônio nacional.

DESENVOLVIMENTO


Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.
Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho;
Pelo fortalecimento da indústria nacional;
Contra o latifúndio;
Em defesa da Reforma Agrária;
Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
Por políticas Públicas para a Juventude;
Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação, autogestão e culturas locais;
Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e de um Sistema de Comércio Justo e Solidário;
Por um desenvolvimento local sustentável.
Por Políticas Públicas de Igualdade Racial;

DEMOCRACIA

Contra os monopólios midiáticos;
Contra a criminalização dos movimentos sociais;
Em defesa da Cultura livre: É necessário que todo o processo de criação e difusão seja livre, garantindo aos sujeitos sociais condições suficientes para criarem e acessarem todos os bens culturais.
Pela ampliação da participação do povo nas decisões;
Contra o golpe em Honduras;
Contra a desestabilizaçã o dos governos democráticos e populares da América Latina;
Democratizar os meios de comunicação, visando a pluralidade de opiniões e o respeito e difusão das opiniões das minorias. Pela criação imediata de um canal aberto de televisão pública. Pela integração da TV pública brasileira ao projeto da Telesul. Fortalecimento das rádios e TVs públicas e comunitárias. Concessão de linhas de financiamento a projetos de criação de novas TVs, Rádios, Jornais e Revistas de grande circulação por parte dos movimentos sociais populares quando da mudança do modelo analógico para o modelo digital brasileiro.
Pelo fim das patentes de remédios;
Contra o caráter restritivo a distribuição de conhecimento e propriedade intelectual; Pela revisão da lei de direito autoral brasileira, enfocando nos novos formatos de distribuição de conteúdo em mídias digitais.
Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.

MAIS DIREITOS AO POVO

Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a universalizaçã o do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência, seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio e superior. Por uma campanha efetiva de erradicação do analfabetismo. Adoção de medidas que democratizem o acesso ao ensino superior público;
Defesa da saúde pública garantindo acesso da população a atendimento de qualidade. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno às pessoas nas instituições públicas;
Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos;
Contra a exploração sexual das mulheres;
Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados.


SOLIDARIEDADE


Solidariedade ao povo haitiano diante do recente desastre ocorrido em virtude de uma sequencia de terremotos.
Solidariedade ao povo cubano pela liberdade dos 5 prisioneiros políticos do Império.
Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.


CALENDÁRIO

08 MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER;
MARÇO JORNADA DE LUTAS DA UNE E UBES
01 MAIO DIA DO TRABALHADOR
31 MAIO ASSEMBLÉIA NACIONAL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
1 DE JUNHO CONFERENCIA NACIONAL DA CLASSE TRABALHADORA

Repensar a Política (urgente)

Forense Universitária

Ditos e Escritos - vol. VI
Repensar a Política

Michel Foucault

Esta edição de Repensar a política, agora sexto volume da coleção dos Ditos e escritos, nos apresenta uma série de textos em que Foucault antecipou as questões essenciais que constituem o solo de nossa atualidade: a questão islâmica a partir da revolução iraniana, a emergência e a importância da China a partir dos problemas e impasses da revolução cultural, a própria questão da revolução e do direito à insurreição, a divisão da Europa pós-Yalta, a crise do "socialismo real" na Europa Oriental, a emergência de um direito dos governados - que constitui uma nova Declaração dos Direitos do Homem -, a importância crescente da questão das migrações e dos direitos dos refugiados a partir do problema dos boat-people do Vietnã. Nestes textos surgem também a questão do biopoder e do racismo, a importância crescente do império das normas, a investigação sobre as diferentes modalidades históricas da subjetividade em face das técnicas contemporâneas de esvaziamento do sujeito, a crítica das figuras identitárias fixas.

(saiba mais)

Manual para matar urubus... e tucanos

Postada em jenipapo.zip.mais.net
Oleo do Diabo

Manual para matar urubus


O IBGE divulgou ontem que o desemprego no Brasil caiu para 6,8% ao final de dezembro. É o mesmo índice de dezembro do ano passado. O menor índice da história. Mas aí, claro, a imprensa quis abafar. O assunto não apareceu em manchete nenhuma. Em vez de dar uma notícia que provocaria um efeito positivo na sociedade, e que inclusive atrairia muito mais compradores, o jornal anuncia na capa que "Concessões da área elétrica vão ser renovadas por MP". Ulalá! Essa manchete deve ter comovido profundamente o coração dos paulistas!

Leia mais em www.oleododiabo.blogspot.com

O Amazonas ainda não acordou para a IV Conferência Nacional de Saúde Mental

Recife (PICICA news)- Ontem, dia 28, durante encontro ocorrido no Hospital Ulisses Pernambucano entre a Gerência de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde/PE com os coordenadores de Saúde Mental dos municípios do Estado, o movimento por uma sociedade sem manicômios local foi convidado a fazer uma fala de abertura sobre a IV Conferência Nacional de Saúde Mental. Na ocasião foi relatado o histórico das mobilizações do ano passado em todo o país (18de Maio, Marcha pela Reforma Psiquiátrica Antimanicomial em Brasília), e que levaram à construção do compromisso com IV CNSM.

Também foram discutidas as propostas de temas da conferência, estabelecidas em reunião da Comissão Provisória.

Os municípios se dividiram em grupo, a partir do critério de Gerências de Atenção a Saúde, para pensar estratégias de mobilização local, datas da conferência regional e das conferências municipais. Como a maioria das cidades pernambucanas tem menos de 100mil hab, na maioria haverá conferências municipais, bem como na região metropolitana de Recife.

O Conselho de Saúde de Recife estabelecerá a conferência da cidade dia 4. Atenção para as seguintes datas:

Dia 3 haverá reunião da Comissão de Reforma das Políticas de Saúde Mental do Conselho Estadual de Saúde, com a participação confirmada da gerência de Saúde Mental do Estado, conselheiros e movimento social.

Dia 10 o Conselho Estadual de Saúde irá se reunir com a gerencia de saude mental pra ver a proposta de organização da etapa estadual...

Nota do blog: As informações são do psicólogo Francisco Nascimento, diretamente de Recife. Enquanto isso, em Manaus as coordenações estadual e municipal de saúde mental "nem tchuns". A Associação Chico Inácio (filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial) enviou cartas às Secretarias Estadual e Municipal cobrando, gentilmente, manifestação do gestor. Como é dura a vida dos militantes antimanicomiais do Amazonas, esse gigante sonolento.

janeiro 29, 2010

Consumo da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conad

Consumo da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conad

O uso da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. A resolução autorizando o consumo da bebida em rituais religiosos e vedando sua utilização com fins comerciais, turísticos e terapêuticos foi publicada no Diário Oficial da União dessa terça-feira, 26 de janeiro (Seção 1, páginas 57 a 60).

Obtido por meio da mistura de duas plantas nativas da floresta amazônica - o cipó Banisteriopsis caapi (jagube, mariri) e da folha Psychotria viridis (chacrona, rainha) -, o chá também é conhecido como Santo Daime e Vegetal. O uso da Ayahuasca é uma tradição secular de grupos indígenas da Amazônia brasileira, mais tarde disseminado em rituais religiosos de comunidades localizadas principalmente na Região Norte do país.

A discussão sobre os efeitos psicoativos causados nos usuários da bebida foi responsável por uma longa avaliação, de mais de 20 anos, nos órgãos públicos responsáveis pela liberação do consumo para práticas rituais. O Grupo Multidisciplinar de Trabalho que regulamentou o uso religioso da Ayahuasca foi instituído em novembro de 2004, mas bem antes disto, o tema já tinha sido alvo de outros estudos oficiais. O relatório do GT reconheceu a sua utilização como prática legítima de manifestação cultural das populações tradicionais da Amazônia e de parte da população urbana do país, cabendo ao Estado garantir e proteger o pleno exercício deste direito.

Dentre o conjunto de regras aprovadas para o uso da bebida constam a proibição da exploração comercial e a divulgação do seu consumo como atração turística. Foram autorizados gastos apenas com as despesas de manutenção feitas por entidades religiosas, na extração dos vegetais da floresta ou no seu cultivo. Também foi proibida a utilização da substância como medicamento, enquanto não forem desenvolvidas pesquisas científicas que comprovem a sua eficiência terapêutica.

Patrimônio Imaterial

Em maio de 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, recebeu um pedido de reconhecimento do uso ritualístico da Ayahuasca como bem cultural de natureza imaterial. A solicitação foi entregue ao então ministro da Cultura, Gilberto Gil, por sete grupos religiosos que utilizam a bebida, durante visita oficial ao Acre para o lançamento do Programa Mais Cultura.

O pedido já foi avaliado pela Câmara Técnica do Patrimônio Imaterial do Iphan/MinC, onde foi detectada a necessidade de ampliar os estudos sobre os demais usos do chá nas expressões culturais da população tradicional da Amazônia, principalmente em comunidades indígenas. A conclusão desta etapa é fundamental para subsidiar a decisão do instituto sobre o pedido de reconhecimento do chá como patrimônio cultural brasileiro. Saiba mais.

(Comunicação Social/MinC)
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janeiro 28, 2010

Questionário para Marina

Blog do Emir Sader

Questionário para Marina

1. Com o acordo de Gabeira com os tucanos e demos no Rio, tua candidatura pode ser definitivamente considerada como pertencente a esse bloco de direita?

2. Quais os pontos essenciais da sua plataforma para o Brasil ou será apenas uma plataforma ecológica?

3. Considera que a ecologia pode ser o centro de uma plataforma geral para o Brasil?

4. Que tipo de política econômica seu governo teria?

5. O que aconteceria com o PAC? E com o Bolsa Familia?

6. Que modificações introduziria na política internacional do Brasil?

7. Quais seriam seus principais ministros? O de Meio Ambiente seria Zequinha Sarney, que ocupou esse cargo no governo FHC e pertence ao teu novo partido?

8. Se não passar para o segundo turno, apoiaria a Dilma ou Serra? Ou daria como tudo igual e ficaria com a abstenção?

9. Tuas posições a favor do criacionismo, contra o aborto, entre outras, de fundamento religioso, de que forma seriam implementadas em um governo em que você fosse a presidente?

10. Seria a favor do ensino religioso nas escolas públicas? Seria orientada por qual das religiões?

11. O fato de ter um grande empresário privado como vice-presidente, ao invés de alguém vinculado aos movimentos sociais, que significado tem?
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Boletim Notícias da Terra e da Água

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Universidade faz convênio com HP privado para tratar dependentes de drogas. Era só o que faltava!


PQP!... O Brasil, que já ensinou como se faz redução de danos ao Canadá, ou volta a aprender com ele, ou desaprende de vez com a Paraíba. Pois não é que lá a UFPB acabou de realizar convênio com uma clínica particular para tratar de dependência de drogas, à falta de uma política nacional que faça do SUS uma referência para o setor. Leia a notícia desse péssimo exemplo. Hospital Psiquiátrico privado e Universidade, nada a ver, meus senhores! Essa tolerância asquerosa com a privatização do atendimento de pessoas que usam álcool e outras drogas é produto da dívida do Ministério da Saúde para com o setor. Por essa e por outras é que a peça de humor acima consegue ser melhor que a última peça publicitária do MS: o crack mata! Para ler a má notícia da semana, acesse o site da UFPB.

OMS está sob suspeita de laços com laboratórios na gestão da gripe A


...un documental de Julián Alterini.

¿Qué se esconde detrás de la gripe porcina?
¿Por qué la insistencia?

operacionpandemia@gmail.com
Realizado en julio del 2009.

(ATENCION: La referencia a la "Campaña de vacunación masiva contra la gripe porcina del año 2009" es un error. En realidad se hace referencia a la campaña de vacunación masiva contra la gripe porcina del año 1976 que tuvo como resultado múltiples muertes y parálisis, siendo, una vez más, Donald Rumsfeld el secretario de defensa del por entonces presidente de EEUU: Gerald Ford. DISCULPEN LAS MOLESTIAS.)

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A OMS sob suspeita

Por LUKA

Mais da gripe suína. Será que no Brasil não poderíamos acrescentar a participação da imprensa? Os laboratórios são grandes anunciantes.

OMS está sob suspeita de laços com laboratórios na gestão da gripe A

Valor Online

SÃO PAULO – A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sob pressão crescente de governos e entidades na Europa, sob suspeita de colusão com a indústria farmacêutica no caso da gripe A (H1N1). Graças à venda maciça de vacinas para combater uma pandemia, os laboratórios podem obter até US$ 10 bilhões de lucros suplementares.

Enquanto a pandemia chega ao seu fim, sem os estragos previstos por especialistas, os governos acumulam medicamento e a ira aumenta sobre os gastos. França, Alemanha, Espanha, Holanda, Estados Unidos tentam revender seus excedentes ou romper os contratos feitos com os laboratórios farmacêuticos.

A situação chegou agora a tal ponto que o Conselho da Europa, que reúne 47 países do Velho Continente, abriu uma investigação excepcional sobre a influência que teria exercido a indústria farmacêutica sobre a OMS, que decretou a pandemia e a elevou ao nível mais elevado de grau de alerta, fazendo os governos se prepararem para o pior.

Na segunda-feira, o Conselho da Europa iniciará a investigação. Na quarta-feira, os laboratórios Sanofi Pasteur, Novartis, GlaxoSmithKline e Baxter serão interrogados no Senado francês. O Parlamento russo (Duma) também abriu uma investigação por “corrupção” e chegou a ameaçar se retirar da OMS.

As denúncias contra a OMS começaram a se propagar depois que um membro da comissão de saúde do Conselho da Europa, o médico e epidemiologista alemão Wolfgang Wodarg, não hesitou a fazer uma denúncia sobre “um dos maiores escândalos médicos do século”.

“Os laboratórios farmacêuticos organizaram essa psicose”. Ele questiona “laços incestuosos” entre a OMS e os laboratórios. Segundo ele, “um grupo de pessoas na OMS está associado de maneira muito estreita com essa indústria”.

Para Wodarg, tudo começou com a gripe aviária de 2005-06, quando a indústria farmacêutica se comprometeu a produzir rapidamente uma vacina em caso de alerta. “Isso deu lugar a negociações entre as firmas e os governos. De um lado, os laboratórios se comprometiam a estar prontos. De outro, os governos asseguravam que comprariam tudo. No final, os laboratórios não assumiam nenhum risco economico.”

De acordo com o jornal Tribune de Genève, um estudo do banco americano JP Morgan estima que a venda de vacinas A (H1N1) vai permitir a Glaxo, a Novartis e a Sanofi um lucro suplementar de US$ 7,5 bilhões a US$ 10 bilhões.

A diretoria da OMS promete uma avaliação sobre a maneira como administrou a pandemia. Os trabalhos começam na segunda-feira. Mas Keiji Fukuda, conselheiro especial da OMS, tratou de reagir.

“Não, não superavaliamos os riscos do perigo do vírus. Não, não mudamos de definição da pandemia unicamente para agradar aos laboratórios farmacêuticos. Não, não estamos sob influência. Nós dispomos de medidas internas para evitar conflitos de interesse,”

Outro problema é o vinculo entre a OMS e o ESWI, grupo de trabalho científico europeu sobre a gripe, que é financiado pelos mesmos laboratórios que são interrogados no Senado francês.

O próprio modo de financiamento da OMS, metade privado, metade público, está sendo questionado por suposta opacidade.

(Assis Moreira | Valor)

Fonte: Luis Nassif

Organizando para a transição anti-capitalista


Distinguished geographer David Harvey joins host Harry Kreisler for a discussion of how the analytic tools of geography and Marxism can contribute to our understanding of the new imperialism. Series: "Conversations with History" [10/2004] [Public Affairs] [Humanities] [Show ID: 8800]

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Organizando para a transição anti-capitalista

19 19UTC Janeiro 19UTC 2010 por veglass

David Harvey

A história geográfica do desenvolvimento capitalista está em um ponto de inflexão no qual as configurações geográficas de poder estão rapidamente mudando ao mesmo tempo em que a dinâmica temporal está enfrentando sérias restrições. Três por cento de crescimento composto (geralmente considerada a taxa mínima aceitável para uma economia capitalista saudável) está se tornando cada vez menos possível de sustentar sem recorrer a toda sorte de ficções (como aquelas que caracterizaram os mercados de ações e negócios financeiros nas últimas duas
décadas).

Há razões para crer que não existe alternativa para a nova ordem mundial de governança, que eventualmente terá que administrar a transição para uma economia com crescimento zero. Se isto precisa ser feito de maneira equitativa, então não há alternativas que não o socialismo ou o comunismo. Desde o fim dos anos 1990, o Fórum Social Mundial tornou-se o centro de articulação do tema "um outro mundo é possível". E agora deve assumir a tarefa de definir como um outro socialismo ou comunismo são possíveis e como a transição para estas alternativas deve ser realizada. A atual crise oferece uma oportunidade de reflexão a respeito do que pode estar envolvido.

A crise atual foi originada nas medidas tomadas para resolver a crise dos anos 1970. Estas medidas incluem:

(a) o bem sucedido ataque ao trabalho organizado e suas instituições políticas enquanto mobilizavam o excedente da mão de obra global, instituindo mudanças tecnológicas para economizar mão de obra e aumentando a competição. O resultado foi a diminuição dos salários em nível global (uma parcela em declínio dos salários no total do produto interno bruto em quase toda parte) e a criação de uma reserva de trabalho descartável ainda mais vasta vivendo em condições marginalizadas.

(b) o enfraquecimento das estruturas prévias de monopólio de poder e a substituição do estágio anterior (Estado nação) de monopólio capitalista ao abrir o capitalismo para uma competição internacional muito mais feroz. A intensificação da competição global traduziu-se em lucros corporativos não-financeiros mais baixos. O desenvolvimento geográfico desigual e a competição interterritorial tornaram-se peças chave no desenvolvimento capitalista, abrindo caminho em direção a uma mudança hegemônica de poder particularmente, mas não exclusivamente, na Ásia.

(c) a utilização e o empoderamento das formas mais fluidas e altamente voláteis de capital - dinheiro - para realocar globalmente recursos de capital (eventualmente através dos mercados eletrônicos) incentivando assim a desindustrialização em regiões fundamentais tradicionalmente e novas formas de (ultra opressiva) industrialização e extração de recursos naturais e matéria
prima agrícola em mercados emergentes. A proposta era melhorar o potencial lucrativo das corporações financeiras e encontrar novas maneiras de globalizar e supostamente absorver riscos através da criação de mercados de capital fictícios.

(d) No outro extremo da escala social, isso significou uma maior credibilidade do "acúmulo por espoliação", como meio de aumentar o poder da classe capitalista. Os novos ciclos de acumulação primitiva contrários às populações indígenas e camponesas foram intensificados por perdas patrimoniais das classes mais baixas nas economias centrais (como testemunhado pelo mercado imobiliário sub-prime nos EUA que impingiu uma perda enorme de ativos particularmente por
parte das populações de afroamericanos.

(d) O aumento da demanda efetiva, anteriormente flácida, ao pressionar a economia da dívida (governamental, empresarial e doméstica) até o seu limite (especialmente no EUA e no Reino Unido, mas também em muitos outros países da Letônia a Dubai).

(e) A compensação pelas anêmicas taxas de retorno da produção com a construção de toda uma série de bolhas no mercado de ativos, que tiveram um caráter Ponzi, culminando na bolha imobiliária que estourou em 2007-8. Essas bolhas de ativos apoiaram-se no capital financeiro e foram facilitadas por grandes inovações financeiras tais como os derivativos e as "obrigações de dívida colateralizada", também conhecidas como "obrigações de dívida com garantia"

As forças políticas que se uniram na mobilização por trás dessas transições tinham um caráter de classe distinto e vestiram-se com as roupas de uma ideologia distinta chamada neoliberal. A ideologia repousava sobre a idéia de que os mercados livres, o livre comércio, a iniciativa pessoal e o empreendedorismo eram os melhores fiadores da liberdade individual e da liberdade como um todo e que o "Estado-babá" deve ser destruído para o benefício de todos. Mas a prática implicava na idéia de que o Estado estivesse por trás da integridade das instituições financeiras, introduzindo assim (começando pela crise da dívida mexicana e dos países em desenvolvimento de 1982) o "risco moral" de maneira acentuada no sistema financeiro. O Estado (local e nacional) também se tornou cada vez mais empenhado em proporcionar um "bom ambiente de negócios" para atrair investimentos em um ambiente altamente competitivo. Os interesses do povo eram secundários em relação aos interesses do capital e na eventualidade de um conflito entre eles, os interesses do povo teriam que ser sacrificados (prática que se tornou padrão nos programas de ajuste estrutural do FMI do início dos anos 1980 em diante). O sistema criado equivale a uma verdadeira forma de comunismo para a classe capitalista.

Estas condições variaram consideravelmente, como era de se esperar, dependendo de qual parte do mundo a pessoa morasse, das relações de classe lá predominantes, das tradições políticas e culturais e de como o equilíbrio de poder político-econômico estivesse se movendo.

Então, como poderá a esquerda negociar a dinâmica desta crise? Em tempos de crise, a irracionalidade do capitalismo torna-se clara para todos. Excedentes de capital e de trabalho existem lado a lado sem uma forma clara de uni-los em meio a um enorme sofrimento humano e necessidades não satisfeitas. Em pleno verão de 2009, um terço dos bens de capital nos Estados Unidos permaneceu inativo, enquanto cerca de 17 por cento da força de trabalho estava desempregada, trabalhando involuntariamente em regimes de meio período ou era formada por
trabalhadores "desencorajados". O que poderia ser mais absurdo que isso!

Seria o capitalismo capaz de sobreviver ao presente trauma? Sim. Mas a que custo? Esta pergunta encobre outra. Poderia a classe capitalista reproduzir seu poder face ao conjunto de problemas econômicos, sociais, políticos e geopolíticos e dificuldades ambientais? Novamente, a resposta é um sonoro "sim" Mas a massa terá de entregar os frutos do seu trabalho para quem está no poder, ceder muitos dos seus direitos e ativos (de todos os tipos desde habitação à previdência) e sofrer degradações ambientais em abundância sem falar nas sérias reduções em seus padrões de vida, o que significa a fome para muitos daqueles que já lutam para sobreviver no fundo do poço. As desigualdades de classe aumentarão (como já vimos acontecer).

Estas questões podem exigir mais do simplesmente um pouco de repressão política, violência policial e controle militarizado do Estado para reprimir a desordem.

Uma vez que boa parte destes fenômenos é imprevisível e os espaços da economia global são tão variáveis, as incertezas quanto aos resultados são intensificadas em períodos de crise. Todos os tipos de possibilidades localizadas surgem para que os novos capitalistas em algum espaço novo aproveitem as oportunidades para desafiar os mais antigos e as hegemonias territoriais (como quando o Silicon Valley susbstituiu Detroit a partir dos anos 1970 nos Estados Unidos) ou para que os movimentos radicais desafiem a reprodução de um poder de classe já desestabilizado. Dizer que a classe capitalista e o capitalismo podem sobreviver não quer dizer que eles estão predestinados a isso nem que seu caráter futuro está determinado. As crises são momentos de paradoxo e possibilidades.

Então, o que vai acontecer desta vez? Se quisermos voltar para o crescimento de três por cento teremos encontrar novas e lucrativas oportunidades de investimento global para US$1,6 trilhão em 2010 subindo para perto de US$ 3 trilhões em 2030. Isto contrasta com o investimento de 0,15 trilhão de dólares necessários em novos investimentos em 1950 e 0,42 trilhão de dólares necessários em 1973 (os valores em dólar foram reajustados de acordo com a inflação). Problemas reais para se encontrar saídas adequadas para o capital excedente começaram a aparecer depois de 1980, mesmo com a abertura da China e o colapso do bloco soviético. As dificuldades foram, em parte, resolvidas pela criação de mercados fictícios onde a especulação dos valores dos ativos poderia decolar sem impedimentos. Para onde irá todo esse investimento agora?

Deixando de lado as restrições indiscutíveis nas relações com a natureza (o aquecimento global sendo de suma importância), as outras potenciais barreiras para a demanda efetiva no mercado, para as tecnologias e para a distribuição geográfica/geopolítica serão provavelmente profundas, mesmo supondo, o que é improvável, que nenhuma oposição ativa séria para o contínuo acúmulo de capital e posterior consolidação do poder de classe se materialize. Que espaços são deixados na economia global para novas correções espaciais para absorção do excedente de capital? A China e o antigo bloco soviético já foram integrados. Sul e Sudeste Asiático estão se abastecendo rapidamente. África ainda não está totalmente integrada, mas não há nenhum outro local com capacidade para absorver todo este capital excedente. Que novas linhas de produção podem ser abertas para absorver o crescimento?

Pode não haver soluções capitalistas eficazes a longo prazo (além da volta às manipulações fictícias de capital) para esta crise do capitalismo. Em algum ponto, as mudanças quantitativas levarão às mudanças qualitativas e precisamos levar a sério a idéia de que estejamos exatamente neste ponto de inflexão na história do capitalismo. O questionamento a respeito do futuro do próprio capitalismo como um sistema social adequado deve, portanto, estar na vanguarda do atual debate.

No entanto, parece haver pouco apetite para tal discussão, mesmo entre a esquerda. Em vez disso, continuamos a ouvir os mantras convencionais de sempre sobre o potencial de perfeição da humanidade com a ajuda dos mercados livres e do livre comércio, da propriedade privada e da responsabilidade pessoal, dos impostos baixos e do envolvimento minimalista do Estado na provisão social, ainda que tudo isso soe cada vez mais vazio. Uma crise de legitimidade se avizinha. Mas as crises de legitimação normalmente se desdobram em um ritmo diferente do ritmo dos mercados de ações. Passaram-se, por exemplo, três ou quatro anos antes que o crash da bolsa em 1929 produzisse o movimento social massivo (tanto o progressista quanto o fascista) depois de 1932. A intensidade da atual busca do poder político por meios para sair da atual crise pode ter algo a ver com o medo político de iminente ilegitimidade.

Os últimos trinta anos, no entanto, assistiram ao surgimento de sistemas de governança que parecem imunes a problemas de legitimidade e despreocupados, até mesmo com a criação de consentimento. A mistura de autoritarismo, corrupção monetária da democracia representativa, a vigilância, o policiamento e a militarização (particularmente através da guerra contra o terror), controle de mídia e produção sugere um mundo no qual o controle dos descontentes através da desinformação, fragmentação de oposições e da concepção de culturas de oposição através da promoção de ONGs tende a prevalecer com muita força coercitiva para apoiá-lo, se necessário.

A idéia de que a crise teve origem sistêmica é pouco debatida na mídia prevalente (mesmo que alguns economistas como Stiglitz, Krugman e até Jeffrey Sachs para tentar roubar a cena histórica da esquerda, confessem uma epifania ou outra). A maioria dos movimentos governamentais para conter a crise na América do Norte e Europa levou a perpetuação da situação de sempre que se traduz em apoio à classe capitalista. O "risco moral" que foi o estopim para os fracassos financeiros está ultrapassando novos limites nos resgates a bancos. As práticas atuais do neoliberalismo (ao contrário de sua teoria utópica) sempre implicaram claro apoio para o capital financeiro e para as elites capitalistas (geralmente com base na teoria de que as instituições financeiras devem ser protegidas a todo custo e que é dever do poder do Estado criar um clima agradável para os negócios, o que resultaria em um maior lucro). Fundamentalmente, nada mudou. Tais práticas são justificadas pelo apelo à proposição duvidosa de que uma "maré
crescente" do empreendimento capitalista "levantaria todos os barcos", ou seja, que os benefícios do crescimento composto traria, como em um passe de mágica, benefícios à toda população (o que nunca acontece, exceto sob a forma de alguns migalhas caídas das mesas dos mais abastados).

Então, como a classe capitalista sairá da atual crise e em quanto tempo? O recuo dos valores nos mercados acionários de Xangai, Tóquio, Frankfurt, Londres e Nova York é um bom sinal é o que nos dizem, mesmo que o desemprego por toda parte continue a aumentar. Mas notem o viés de classe dessa medida. Somos intimados a regozijar-nos com a recuperação dos valores das ações para os capitalistas, porque esta sempre precede, dizem, uma repercussão na economia "real", onde os postos de trabalho são criados e os salários pagos. O fato de que a recuperação do último recuo das ações nos Estados Unidos após 2002 revelou-se uma "recuperação de desempregados" parece já ter sido esquecido. O público anglo-saxão, em particular, parece ser seriamente atingido por essa amnésia. Ele esquece e perdoa com grande facilidade as transgressões da classe capitalista e os desastres periódicos que suas ações precipitam. A mídia capitalista tem o prazer de promover essa amnésia.

China e Índia ainda estão crescendo, o primeiro aos trancos e barrancos. Mas no caso da China, o custo equivale a uma enorme expansão dos empréstimos bancários em projetos de risco (os bancos chineses não foram apanhados no frenesi especulativo global, mas agora estão dando continuidade a este movimento). O superacúmulo da capacidade produtiva, que promove investimentos em infraestrutura graduais e de longo prazo, cuja produtividade não será conhecida por vários anos está crescendo (inclusive nos mercados imobiliários urbanos). E a crescente demanda da China está envolvendo também essas economias fornecedoras de matérias-primas, como a Austrália e o Chile. A probabilidade de um choque subseqüente na China não pode ser descartada, mas pode levar algum tempo para sabermos (uma versão de longo prazo de Dubai). Enquanto isso, o epicentro mundial do capitalismo acelera seu deslocamento primordialmente para o leste da Ásia.

Nos centros financeiros mais antigos, os jovens tubarões financeiros pegaram seus bônus do ano anterior e, conjuntamente, abriram pequenas instituições financeiras para continuarem a circular em Wall Street e City of London (centro financeiro de Londres) peneirando os restos deixados pelos gigantes financeiros de outrora e recolhendo as partes suculentas para recomeçarem tudo novamente. Os bancos de investimento que permanecem nos EUA - Goldman Sachs e JPMorgan - embora reencarnados como holdings bancários ganharam isenção (graças ao Federal Reserve) de requisitos regulamentares e estão conseguindo lucros enormes (e deixando de lado enormes quantias para os seus próprios bônus) ao especularem perigosamente com o dinheiro de contribuintes em mercados derivativos ainda não regulamentados e em plena expansão. A alavancagem que nos levou à crise retornou como se nada tivesse acontecido. Inovações em matéria de finanças usadas como novas formas de empacotar e vender dívidas de capital fictício estão sendo reinventadas e oferecidas às instituições (como os fundos de pensão), desesperados por encontrar novos mercados para o capital excedente. As ficções (assim como os bônus) estão de volta!

Os consórcios estão comprando propriedades cujo direito de resgate à hipoteca encontra-se anulado esperando que o mercado mude seu rumo antes de cancelá-los definitivamente ou ainda guardando propriedades de alto valor para um futuro momento de volta ao desenvolvimento ativo. Os bancos normais estão estocando dinheiro, boa parte colhida em cofres públicos, também com a intenção de voltar ao pagamento de bônus compatíveis com o estilo de vida que levavam anteriormente, enquanto um conjunto de empresários paira ao seu redor à espera
de aproveitar este momento de destruição criativa, apoiados por uma enxurrada de dinheiro público.

Enquanto isso, o poder do dinheiro exercido por poucos prejudica todas as formas de governança democrática. Os lobbies farmacêutico, de seguro de saúde e de hospitais, por exemplo, gastou mais de US $ 133 milhões no primeiro trimestre de 2009 para se certificar que as coisas sairiam como eles querem na reforma da saúde nos Estados Unidos. Max Baucus, chefe do comitê de Finanças do Senado, que formulou o projeto de lei referente aos serviços de saúde recebeu US $ 1,5 milhões por um projeto de lei que oferece um vasto número de novos clientes para as companhias de seguros, com poucas proteções contra a exploração cruel e o lucro excessivo (Wall Street está encantada). Outro ciclo eleitoral, legalmente corrompido pelo imenso poder do dinheiro, logo se avizinhará. Nos Estados Unidos, os partidos de "K Street" e de Wall Street serão devidamente re-eleitos enquanto trabalhadores americanos são exortados a encontrar uma saída para a confusão que a classe dominante criou.

Nós já estivemos em situação igualmente precária antes, e em todas as vezes os trabalhadores norte-americanos arregaçaram as mangas, apertaram os cintos, e salvaram o sistema de algum mecanismo misterioso de auto-destruição, pelo qual a classe dominante se exime de qualquer responsabilidade. Responsabilidade pessoal é, afinal, para os trabalhadores e não para os capitalistas.

Se este é o esboço da estratégia de saída, então quase certamente estaremos em outra confusão antes de cinco anos. Quanto mais rápido sairmos desta crise e quanto menos capital excedente for destruído agora, menor será o espaço para revivermos o crescimento ativo a longo prazo. A perda de valor dos ativos nesta conjuntura (meados de 2009) é, fomos informados pelo FMI, pelo menos de US $ 55 trilhões, o que equivale a praticamente toda produção anual mundial de bens e serviços. Já estamos de volta aos níveis de produção de 1989. Podemos estar frente a perdas de US$400 trilhões ou mais antes do fim. De fato, em um surpreendente cálculo feito recente, sugeriu-se que os EUA estavam em maus lençóis por terem que garantir sozinhos mais de US $ 200 trilhões em valor de ativos. A probabilidade de que todos os ativos estejam "podres" é mínima, mas a idéia de que muitos deles possam estar é bastante realista. Só para dar um exemplo concreto: Fannie Mae e Freddie Mac, agora resgatadas pelo Governo dos EUA, têm ou ofereceram garantia para mais de US$5 trilhões em empréstimos de habitação, muitos dos quais estão com profundas dificuldades (perdas de mais de US$150 bilhões foram registradas apenas em 2008). Então, quais são as alternativas?

Há tempos o sonho de muitos no mundo é que uma alternativa para a ir(racionalidade) capitalista possa ser definida e concluída racionalmente por meio da mobilização das paixões humanas, na busca coletiva de uma vida melhor para todos. Estas alternativas - historicamente chamadas socialismo ou comunismo - foram tentadas em diferentes épocas e lugares. Antigamente, como em 1930, a visão de um ou outro deles funcionava como um farol de esperança. Mas nos últimos tempos ambos têm perdido seu brilho, ignorados, não apenas por conta do fracasso das experiências históricas com o comunismo em cumprir suas promessas e a propensão dos regimes comunistas para encobrir os erros cometidos pela repressão, mas também por causa de seus pressupostos supostamente falhos sobre a natureza humana e do potencial de perfeição da personalidade humana e das instituições humanas.

A diferença entre o socialismo e o comunismo é digna de nota. O Socialismo visa democraticamente gerir e regular o capitalismo de modo a acalmar seus excessos e redistribuir seus benefícios para o bem comum. Trata-se de espalhar a riqueza através de acordos em torno de uma tributação progressiva, enquanto as necessidades básicas - como educação, saúde e até mesmo de habitação - são fornecidas pelo Estado, fora do alcance das forças de mercado. Muitas das principais conquistas do socialismo redistributivo no período após 1945 não só na Europa, mas em outros locais, tornaram-se tão socialmente incorporadas que estão praticamente imunes ao ataque neoliberal. Mesmo nos Estados Unidos, a seguridade social e o Medicare são programas extremamente populares que as forças de direita encontram enorme dificuldade para exterminar. Os Thatcheristas na Grã-Bretanha não puderam encostar em nada que dissesse respeito à saúde nacional, exceto marginalmente. As provisões sociais na Escandinávia e na maior parte da Europa Ocidental parecem ser uma camada indestrutível da ordem social.

O comunismo, por outro lado, pretende deslocar o capitalismo através da criação de um modo completamente diferente da produção e distribuição de bens e serviços. Na história do comunismo realmente levado a cabo, o controle social sobre a produção, troca e distribuição significava controle estatal e planejamento estatal sistemático. No longo prazo, estas medidas se mostraram mal sucedidas, porém, curiosamente, sua conversão na China (e sua adoção anteriormente em locais como Singapura) tem se mostrado muito mais bem sucedida do que o modelo neoliberal puro na geração de crescimento capitalista, por tantas razões que não poderiam ser desenvolvidas neste texto.

Tentativas contemporâneas de reviver a hipótese comunista tipicamente evitam o controle estatal e procuram outras formas de organização social coletiva para suplantar as forças do mercado e a acumulação de capital como base para organizar a produção e distribuição. Em rede horizontal, ao contrário dos sistemas de coordenação comandados hierarquicamente entre coletivos de produtores e consumidores autonomamente organizados e autogovernados estão previstas no cerne de uma nova forma de comunismo. Tecnologias contemporâneas de comunicação fazem um sistema como este parecer viável. Podem ser encontrados por todo o mundo experiências de pequena escala em que tais formas econômicas e políticas estão sendo construídas. Há nisto uma convergência de algum tipo entre as tradições marxista e anarquista que remonta à situação amplamente colaborativa entre elas na década de 1860, na Europa.

Ainda que não tenhamos certeza é possível que 2009 marque o início de uma prolongada reviravolta em que a questão ao redor de alternativas ao capitalismo que sejam grandiosas e de longo alcance irão passo a passo borbulhar até a superfície em uma parte ou outra do mundo. Quanto mais prolongadas forem a incerteza e a miséria, maior será o questionamento em torno da legitimidade do atual modo de fazer negócios e maior será a demanda para se construir algo
diferente. Reformas radicais ao contrário das reformas estilo band aid são necessárias para se consertar o sistema financeiro.

O desenvolvimento desigual das práticas capitalistas ao redor do mundo tem produzido movimentos anticapitalistas em toda parte. As economias Estado-cêntricas de grande parte da Ásia Oriental geram descontentamentos diferentes (como no Japão e China) em comparação com a agitação antineoliberal das lutas que ocorrem em boa parte da América Latina, onde o Movimento Revolucionário Bolivariano pelo Poder Popular encontra-se em uma relação peculiar com os interesses da classe capitalista que ainda têm que ser verdadeiramente confrontados. Diferenças a respeito de táticas e políticas em resposta à crise entre os Estados que compõem a União Européia estão aumentando ao mesmo tempo em que uma segunda tentativa de chegar a uma constituição unificada da UE está em curso.

Movimentos revolucionários e resolutamente anticapitalistas também podem ser encontrados, embora nem todos eles sejam do tipo progressista, em muitas das zonas marginais do capitalismo. Espaços foram abertos dentro dos quais algo radicalmente diferente em termos de relações sociais dominantes, modos de vida, capacidades produtivas e concepções mentais do mundo pode florescer. Isto se aplica tanto para os talibãs e para o regime comunista no Nepal, como para os zapatistas em Chiapas e os movimentos indígenas na Bolívia, os movimentos
maoístas na Índia rural, ainda que sejam muito diferentes entre si em termos de objetivos, estratégias e táticas.

O problema central é que, no total, não há movimento anticapitalista suficientemente unificado e decidido capaz de desafiar adequadamente a reprodução da classe capitalista e a perpetuação do seu poder no cenário mundial. Da mesma forma não há nenhuma maneira óbvia de atacar os baluartes dos privilégios das elites capitalistas ou de limitar seu desmesurado poderio financeiro e militar. Apesar de haver aberturas para uma possível ordem social alternativa, ninguém realmente sabe onde ela está ou o que ela é. Mas só porque não há nenhuma força política capaz de articular e muito menos montar um programa, não há motivos para se deter o esboço de alternativas.

A famosa pergunta de Lenin "o que fazer?" não pode ser respondida, certamente, sem alguma noção de quem é que pode fazê-lo e onde. Mas é pouco provável que um movimento global anticapitalista surja sem alguma animação visual do quê está por ser feito e o porquê. Existe um duplo bloqueio: a falta de uma visão alternativa impede a formação de um movimento de oposição, enquanto a ausência de tal movimento opõe-se à articulação de uma alternativa. Como, então, esse bloqueio poderia ser superado? A relação entre a visão do que fazer e o porquê, e a formação de um movimento político em determinados lugares tem que ser transformada em uma espiral. Uma tem que reforçar a outra, para que algo possa ser feito. Caso contrário, a potencial oposição será trancada para sempre em um círculo fechado que frustra todas as perspectivas de mudança construtiva, deixando-nos vulneráveis a sofrermos no futuro perpétuas crises do capitalismo, com resultados cada vez mais mortais. A pergunta de Lênin exige uma resposta.

O problema central a ser abordado é bastante claro. Obter crescimento composto para sempre não é possível e os problemas que assolaram o mundo nos últimos trinta anos sinalizam que estamos próximos do limite para o contínuo acúmulo de capital, que não pode ser transcendido exceto criando-se ficções não duradouras. Adicione-se a isso o fato de que tantas pessoas no mundo vivem em condições de extrema pobreza, que a degradação ambiental está fora de controle, que a dignidade humana está sendo ofendida em toda parte, enquanto os ricos estão
acumulando mais e mais riqueza (o número de bilionários na Índia dobrou no ano passado de 27 para 52) para si próprios e que as alavancas dos poderes políticos, institucionais, judiciais, militares e midiáticos estão sob controle político estrito, porém dogmático, encontrando-se incapazes de fazer algo além do que perpetuar o status quo e o frustrante descontentamento.

Uma política revolucionária capaz de enfrentar o problema do interminável acúmulo de capital composto e, eventualmente, desligá-lo como o principal motor da história humana, requer uma compreensão sofisticada de como ocorre a mudança social. O fracasso dos esforços passados para construir um socialismo e comunismo duradouros tem que ser evitado e lições dessa história extremamente complicada devem ser aprendidas. No entanto, a absoluta necessidade de um
movimento revolucionário anticapitalista coerente também deve ser reconhecida. O objetivo fundamental deste movimento é assumir o comando social sobre a produção e distribuição de excedentes.

Precisamos urgentemente de uma teoria revolucionária explícita adequada aos nossos tempos. Eu proponho uma "teoria co-revolucionária" derivada da compreensão de Marx sobre como o capitalismo surgiu do feudalismo. A mudança social surge através do desdobramento dialético das relações entre sete momentos dentro do corpo político do capitalismo, visto como um conjunto ou junção de atividades e práticas:

a) formas de produção tecnológicas e organizacionais, intercâmbio e consumo
b) relações com a natureza
c) relações sociais entre as pessoas
d) concepções mentais do mundo, abrangendo conhecimentos e entendimentos culturais e crenças
e) processos de trabalho e produção de bens específicos, geografias, serviços ou sentimentos
f) arranjos institucionais, legais e governamentais
g) a condução da vida diária que está subjacente a reprodução social.

Cada um desses momentos é internamente dinâmico e internamente marcado por tensões e contradições (imagine apenas as concepções mentais do mundo), mas todos eles são co-dependentes e co-evoluem em relação ao outro. A transição para o capitalismo implicou em um movimento de apoio mútuo em todos os sete momentos. Teóricos sociais têm o hábito de tomar apenas um destes momentos e enxergá-lo como o causador de todas as mudanças. Temos deterministas tecnológicos (Tom Friedman), deterministas ambientais (Jarad Diamond), deterministas da vida cotidiana (Paul Hawkin), deterministas dos processos do trabalho (os autonomistas), institucionalistas, e assim por diante. Eles estão todos errados. É o movimento dialético entre todos estes momentos que realmente importa, até mesmo porque há um desenvolvimento desigual.

Quando o próprio capitalismo passa por uma de suas fases de renovação, ele o faz precisamente por co-evolução de todos os momentos, obviamente, não sem tensões, lutas e contradições. Mas considere como estes sete momentos foram configurados aproximadamente em 1970, antes do surgimento da onda neoliberal, e considere como eles são hoje em dia e você verá que todos eles mudaram de uma forma que re-define as características operativas do capitalismo visto como uma totalidade não-Hegeliana.

Um movimento político anticapitalista pode começar em qualquer lugar (em processos de trabalho, em torno de concepções mentais, na relação com a natureza, nas relações sociais, na concepção de tecnologias revolucionárias e formas organizacionais, na vida diária ou através de tentativas de se reformar estruturas institucionais e administrativas, incluindo a reconfiguração dos poderes do Estado). O truque é manter o movimento político seguindo em frente de um momento para outro, de maneira que se reforcem mutuamente. Foi assim que o capitalismo surgiu do feudalismo e é assim que algo radicalmente diferente chamado comunismo, socialismo ou outra coisa deve surgir do capitalismo. As tentativas anteriores de se criar uma alternativa comunista ou socialista não foram capazes de manter a dialética entre os diferentes momentos em movimento e não conseguiram abraçar as imprevisibilidades e incertezas no movimento
dialético entre eles. O capitalismo tem sobrevivido justamente por manter focado o movimento dialético entre os momentos e abraçar construtivamente as tensões inevitáveis, incluindo as crises.

A mudança surge, naturalmente, de um estado de coisas existente e tem que aproveitar as possibilidades imanentes dentro de uma situação existente. Uma vez que a situação existente varia enormemente do Nepal, para as regiões do Pacífico da Bolívia, ou para as cidades desindustrializadas de Michigan e as cidades de Bombaim e Xangai, ainda em desenvolvimento e os abalados, mas de nenhuma maneira destruídos centros financeiros de Nova Iorque e Londres, então todos os tipos de experimentos de mudança social em diferentes lugares e em diferentes escalas geográficas são provável e potencialmente esclarecedores como maneiras de produzir (ou não produzir) um outro mundo possível. E em cada instância pode parecer que um ou outro aspecto da situação existente é a chave para um futuro político diferente. Mas a primeira regra para um movimento global anticapitalista deve ser: nunca conte com a dinâmica de um momento em desdobramento sem considerar cuidadosamente como as relações com todos os outros
estão se adaptando e reverberando.

Possibilidades futuras viáveis resultam do atual estado das relações entre os diferentes momentos. Intervenções políticas estratégicas dentro e entre as esferas podem mover gradualmente a ordem social para um caminho de desenvolvimento diferente. Isto é o que os líderes sábios e as instituições progressistas fazem o tempo todo em situações locais, por isso não há razão para se pensar que há algo particularmente fantástico ou utópico em se agir desta forma. A esquerda tem que construir alianças entre aqueles que trabalham nas distintas esferas. Um movimento anticapitalista tem que ser muito mais amplo do que grupos de mobilização em torno das relações sociais ou sobre questões da vida quotidiana. Hostilidades tradicionais entre, por exemplo, pessoas com conhecimentos técnicos, científicos e administrativos e aquelas que motivam as atividades dos movimentos sociais têm que ser resolvidos e superados. Temos
agora que transmitir o exemplo do movimento das mudanças climáticas, um exemplo significativo de como tais alianças podem começar a trabalhar.

Neste caso, a relação com a natureza é o ponto de início, mas todo mundo percebe que algo tem que acontecer em todos os outros momentos e enquanto houver uma política de desejos que procura a solução puramente tecnológica torna-se cada vez mais claro que a vida cotidiana, as concepções mentais, os arranjos institucionais, os processos de produção e as relações sociais têm que estar envolvidos. E tudo isso significa um movimento para a reestruturação da sociedade capitalista como um todo e para confrontar a lógica do crescimento por trás do problema inicial.

Deve haver, contudo, objetivos comuns vagamente acordados em qualquer movimento de transição. Normas gerais de orientação podem ser ajustadas. Estas podem incluir (apenas apresentarei brevemente estas normas para discussão), o rspeito pela natureza, o igualitarismo radical nas relações sociais, arranjos institucionais com base em alguma noção sobre interesses comuns e propriedade comum, procedimentos administrativos e democráticos (em oposição às ilusões lucrativas que existem hoje em dia), processos de trabalho organizados diretamente pelos produtores, a vida cotidiana como a livre exploração de novos tipos de relações sociais e condições de vida, as concepções mentais que focam sobre a realização pessoal através do serviço aos outros e as inovações tecnológicas e organizacionais orientadas para o bem comum e não para o apoio do poder militarizado, da vigilância e da ganância corporativa. Estes poderiam ser pontos co-revolucionários em torno dos quais a ação social poderia convergir e girar. Claro que isso é utópico! Mas e daí! Não podemos nos dar ao luxo de não sê-lo.

Deixe-me detalhar um aspecto em especial do problema que surge onde eu trabalho. As idéias têm conseqüências e idéias falsas podem ter conseqüências devastadoras. Falhas de políticas baseadas em pensamentos econômicos errôneos desempenharam um papel crucial para o desenrolar do desastre dos anos 1930 e na aparente incapacidade de se encontrar uma saída. Embora não haja consenso entre os historiadores e economistas sobre exatamente que políticas falharam foi acordado que a estrutura de conhecimento através da qual a crise foi entendida
precisava ser revolucionada. Keynes e seus colegas realizaram essa tarefa. Mas, em meados da década de 1970, tornou-se claro que os instrumentos de política keynesiana já não funcionavam, pelo menos não da forma como estavam sendo aplicados, e foi neste contexto que o monetarismo, a teoria da economia de oferta e a (bela) modelagem matemática dos comportamentos de mercado microeconômicos suplantaram o pensamento econômico keynesiano. A teoria monetarista e neoliberal mais limitada que dominou após os anos 1980 está agora em questão. Na verdade ela tem falhado desastrosamente.

Precisamos de novas concepções mentais para compreender o mundo. Quais poderiam ser elas e quem irá produzi-las, considerado o mal-estar sociológico e intelectual que paira sobre a produção e (igualmente importante) difusão do conhecimento de maneira mais geral? As concepções mentais profundamente arraigadas associadas às teorias neoliberais e a neoliberalização e corporatização das universidades e dos meios de comunicação tem desempenhado um papel importante na produção da atual crise. Por exemplo, toda a questão em torno do que fazer sobre o sistema financeiro, o setor bancário, o vínculo Estado-finanças e o poder dos direitos de propriedade privada, não pode ser trabalhada sem deixarmos de lado o pensamento convencional. Para que isso aconteça será necessária uma revolução no pensamento, em lugares tão diversos quanto as universidades, a mídia e o governo, bem como no âmbito das
instituições financeiras.

Karl Marx, embora não estivesse de modo algum inclinado a abraçar o idealismo filosófico, considerou as idéias como uma força material na história. Concepções mentais constituem, afinal, um dos sete momentos da sua teoria geral da mudança co-revolucionária. Evoluções autônomas e conflitos internos sobre quais concepções mentais passariam a ser hegemônicas, portanto, têm um papel histórico importante a desempenhar. Por esta razão Marx (junto com Engels) escreveu o Manifesto Comunista, O Capital e inúmeras outras obras. Estes trabalhos fornecem uma crítica sistemática, ainda que incompleta, do capitalismo e as tendências de sua crise. Mas, como Marx também insistiu, apenas quando essas idéias críticas transitassem para os campos dos arranjos institucionais, formas organizacionais, sistemas de produção, vida cotidiana, relações sociais, tecnologias e relações com a natureza que o mundo realmente mudaria.

Uma vez que o objetivo de Marx era mudar o mundo e não apenas entendê-lo, idéias tinham que ser formuladas com certa intenção revolucionária. Isto significa, inevitavelmente, um conflito com modos de pensamento mais úteis e fáceis de se conviver para a classe dominante. O fato de que as idéias de oposição de Marx, particularmente nos últimos anos, têm sido alvo de repetidas repressões e exclusões (sem falar da farta bowdlerização e das distorções), sugere que suas idéias podem ser muito perigosas para serem toleradas pelas classes dominantes. Ainda que Keynes repetidamente declarasse que nunca tinha lido Marx, ele foi cercado e influenciado em 1930 por muitas pessoas (como por seu colega economista Joan Robinson) que leram. Embora muitos deles se opusessem veementemente aos conceitos fundamentais de Marx e seu modo dialético de raciocínio, eles estavam bastante conscientes e profundamente afetados por algumas de suas conclusões e previsões. É justo dizer, penso eu, que a revolução da teoria keynesiana não poderia ter sido realizada sem a presença subversiva de Marx, sempre à espreita.

O problema nos dias de hoje é que a maioria das pessoas não tem idéia de quem foi Keynes e o que ele realmente defendia e para estas mesmas o conhecimento de Marx é desprezível. A repressão das correntes críticas e radicais do pensamento, ou para ser mais exato o confinamento do radicalismo dentro dos limites do multiculturalismo, políticas de identidade e escolha cultural, cria uma situação lamentável na academia e fora dela, que equivale em princípio a ter que pedir aos banqueiros responsáveis pela bagunça que a limpem exatamente com as mesmas ferramentas que eles usaram para produzi-la. A ampla adesão às idéias pós-modernas e pós-estruturalistas que celebram o particular em detrimento do pensamento mais amplo não ajuda. O local e o particular são de vital importância e teorias que não aceitem, por exemplo, a diferença geográfica, são inúteis. Mas quando esse fato é usado para excluir qualquer coisa maior do que políticas paroquiais, então, a traição dos intelectuais e a revogação do seu papel tradicional tornam-se completas.

A atual população de acadêmicos, intelectuais e especialistas em ciências sociais e humanidades é, em geral, mal equipada para realizar a tarefa coletiva de revolucionar as nossas estruturas de conhecimento. Eles foram, de fato, profundamente implicados na construção dos novos sistemas de governabilidade neoliberal que contornam questões ligadas à legitimidade e democracia e promovem uma política tecnocrática autoritária. Poucos parecem predispostos a empreender uma reflexão autocrítica. Universidades continuam a promover os mesmos cursos inúteis sobre a teoria política da escolha racional ou economia neoclássica, como se nada tivesse acontecido e as faculdades de administração adicionam um curso ou dois sobre ética dos negócios ou sobre como ganhar dinheiro a partir da falência de outras pessoas. Afinal, a crise surgiu da ganância humana e não há nada que possa ser feito sobre isso!

A atual estrutura do conhecimento é claramente disfuncional e ilegítima. A única esperança é que uma nova geração de estudantes com alto senso crítico (no sentido amplo de todos aqueles que pretendem conhecer o mundo) seja capaz de enxergar isso e insista em mudar esta realidade. Isto aconteceu na década de 1960. Em vários outros pontos críticos da história movimentos inspirados por estudantes, reconhecendo a disjunção entre o que está acontecendo no mundo e o
que está sendo ensinado a eles e transmitido pela mídia estiveram dispostos a fazer algo a respeito disso. Há sinais em Teerã a Atenas e em muitas universidades européias de tal movimento. Como a nova geração de estudantes na China vai agir certamente deve ser de grande preocupação nos corredores do poder político, em Pequim.

Um movimento revolucionário juvenil conduzido por estudantes, com todas as suas evidentes incertezas e problemas é uma condição necessária, mas não suficiente, para produzir essa revolução nas concepções mentais que podem nos levar a uma solução mais racional para os atuais problemas de crescimento infinito.

O que, de maneira mais ampla, aconteceria se um movimento anticapitalista fosse constituído a partir de uma ampla aliança de excluídos, descontentes, pobres e sem posses? A imagem de todas essas pessoas em toda parte se levantando, exigindo e conquistando seu devido lugar na vida econômica, social e política está se formando. Ela também ajuda a focar na questão sobre o que é que eles podem exigir e o que precisa ser feito.

Transformações revolucionárias não podem ser realizadas sem que no mínimo mudemos nossas idéias, abandonando crenças e preconceitos que nos são caros, confortos diários e direitos, submetendo-nos a um novo esquema de vida cotidiana, mudemos nossos papéis sociais e políticos, reafirmemos nossos direitos, deveres e responsabilidades e alteremos nosso comportamento para estar em mais conformidade com as necessidades coletivas e com uma vontade comum. O mundo que nos cerca - as nossas geografias - deve ser radicalmente reformado, assim como nossas relações sociais, a relação com a natureza e todos os outros
momentos do processo co-revolucionário. É compreensível, até certo ponto, que muitos prefiram uma política de negação a uma política de confronto ativo.

Também seria reconfortante pensar que tudo isso poderia ser realizado pacífica e voluntariamente, que disporíamos de nossas posses, nos despiríamos, como antes, de tudo o que possuímos hoje e se encontra no caminho da criação de uma ordem de Estado estável, socialmente justa. Mas seria hipócrita imaginar que isso se dará desta maneira, que nenhuma luta ativa estará envolvida, incluindo um certo grau de violência. O capitalismo veio ao mundo, como Marx disse certa vez, banhado em sangue e fogo. Embora seja possível fazer um trabalho melhor ao sairmos dele do que quando entramos, é improvável pensarmos em uma passagem puramente pacífica para a terra prometida.

Existem várias grandes correntes de pensamento rebelde à esquerda quanto à forma de abordar os problemas com que hoje nos confrontamos. Há, acima de tudo, o sectarismo habitual, decorrente da história de ações radicais e as articulações da teoria política de esquerda. Curiosamente, o único lugar onde a amnésia não é tão prevalente é dentro da esquerda (o racha entre os anarquistas e os marxistas que ocorreu na década de 1870, entre trotskistas, maoístas e os comunistas ortodoxos, entre os centralizadores que querem comandar o Estado e os antiestadistas autonomistas e os anarquistas). Os argumentos são tão ressentidos e tão turbulentos, que às vezes nos fazem pensar que um pouco mais de amnésia ajudaria. Mas para além destas seitas tradicionais revolucionárias e facções políticas, todo o campo de ação política sofreu uma transformação radical desde a década de 1970. O terreno da luta política e das possibilidades de política mudou, tanto geograficamente quanto organizacionalmente.

Existe hoje um vasto número de organizações não-governamentais (ONG's) que desempenham um papel político que era pouco visível antes de meados dos anos 1970. Financiadas por interesses estatais e privados, muitas vezes povoadas por pensadores idealistas e organizadores (que constituem um vasto programa de empregos), e em grande parte dedicadas a questões isoladas (meio ambiente, pobreza, direitos das mulheres, antiescravidão e tráfico de trabalho, etc.) elas se abstém de uma política estritamente capitalista mesmo defendendo idéias e
causas progressistas. Em alguns casos, no entanto, elas são ativamente neoliberais, defendendo a privatização de funções do Estado de bem estar social ou promovendo reformas institucionais para facilitar a integração de populações marginalizadas no mercado (esquemas de microcrédito e microfinanças para populações de baixa renda são um exemplo clássico disto).

Embora existam muitos praticantes radicais e dedicados neste mundo das ONGs, seu trabalho é na melhor das hipóteses benéfico. Coletivamente, eles têm um registro irregular de conquistas progressistas, embora em certas áreas, tais como os direitos da mulher, saúde e preservação ambiental seja possível afirmar que fizeram grandes contribuições para o aperfeiçoamento humano. Mas a mudança revolucionária através das ONGs é impossível. Elas são muito limitadas pelas instâncias políticas e de formulação de políticas dos seus mantenedores. Assim, embora elas possam apoiar a capacitação local ao ajudar na abertura de espaços onde as alternativas anticapitalistas se tornam possíveis e até mesmo apoiar a experimentação com essas alternativas, elas são inócuas para impedir a re-absorção destas alternativas para a prática capitalista dominante: elas até mesmo a encorajam. O poder coletivo das ONGs, nos dias de hoje é refletido no papel preponderante que desempenham no Fórum Social Mundial, onde as tentativas de forjar um movimento de justiça global, uma alternativa global ao neoliberalismo, têm-se concentrado ao longo dos últimos dez anos.

O segundo grande grupo de oposição surge de anarquistas, autonomistas e organizações de base (GROS), que recusam financiamento externo, ainda que alguns deles se apóiem em algum tipo de base institucional alternativa (como a Igreja Católica com as "comunidades de base", na América Latina ou patrocínio mais amplo da igreja para a mobilização política em cidades do interior dos Estados Unidos). Este grupo está longe de ser homogêneo (na verdade, existem fortes disputas entre eles, colocando, por exemplo, os anarquistas sociais contra aqueles a que eles se referem raivosamente como meros anarquistas por "estilo de vida"). Há, no entanto, uma antipatia comum à negociação com o poder do Estado e uma ênfase na sociedade civil como sendo a esfera onde a mudança pode ser realizada.

Os poderes de auto-organização das pessoas nas situações cotidianas em que elas vivem têm que ser a base para qualquer alternativa anticapitalista. A formação de redes horizontais é o seu modelo de organização preferido. As chamadas "economias solidárias" baseadas em trocas têm os sistemas coletivos e de produção local como sua forma político-econômica preferida. Eles normalmente se opõem à idéia de que qualquer direção central possa ser necessária e rejeitam as relações sociais hierárquicas ou estruturas de poder político hierárquico, juntamente com os partidos políticos tradicionais.

Organizações deste tipo podem ser encontradas em todos os lugares e em alguns locais atingiram um alto grau de proeminência política. Alguns deles são radicalmente anticapitalistas na sua postura e defendem objetivos revolucionários e em alguns casos, estão dispostos a defender a sabotagem e outras formas de desordem (as Brigadas Vermelhas na Itália, o Meinhoff Baader na
Alemanha e o Weather Underground nos Estados Unidos, na década de 1970). Mas a eficácia de todos estes movimentos (deixando de lado os mais violentos) é limitada pela relutância e a incapacidade para elevar seu ativismo a formas de organização em grande escala capazes de enfrentar os problemas globais. A presunção de que a ação local é o único nível significativo de mudança e que tudo o que cheira a hierarquia é anti-revolucionário é, na verdade,
autodestrutivo em se tratando de questões maiores. No entanto, esses movimentos estão, inquestionavelmente, fornecendo uma base ampla para a experimentação com políticas anticapitalistas.

A terceira grande tendência advém da transformação que vem ocorrendo na organização do trabalho tradicional e nos partidos políticos de esquerda, variando desde tradições social-democráticas até trotskistas mais radicais e formas comunistas de organização de partidos políticos. Esta tendência não é hostil à conquista do poder do Estado ou de outras formas de organização hierárquica. Na verdade, ela vê esta última como necessária à integração da
organização política em uma variedade de escalas políticas. Nos anos em que a social-democracia era hegemônica na Europa e até mesmo influente nos Estados Unidos, o controle estatal sobre a distribuição dos excedentes se tornou uma ferramenta essencial para diminuir as desigualdades.

O fracasso em se conseguir o controle social sobre a produção de excedentes e, assim, realmente desafiar o poder da classe capitalista foi o calcanhar de Aquiles deste sistema político, mas não devemos esquecer os avanços que ele fez, mesmo que agora seja claramente insuficiente a volta para tal modelo político com o seu assistencialismo social e economia keynesiana. O movimento bolivariano na América Latina e a ascensão ao poder do Estado conseguida por governos
social-democratas é um dos sinais mais promissores da ressurreição de uma nova forma de estatismo de esquerda.

Tanto o trabalho organizado quanto os partidos políticos de esquerda tomaram bons golpes no mundo capitalista desenvolvido ao longo dos últimos trinta anos. Ambos foram convencidos ou coagidos a um amplo apoio ao neoliberalismo, ainda que este contasse com contornos mais humanos. Uma maneira de se enxergar o neoliberalismo, como mencionado anteriormente, é como um movimento grandioso e bastante revolucionário (liderado pela figura autoproclamada revolucionária, Margaret Thatcher) para privatizar os excedentes, ou pelo menos impedir o avanço de sua socialização.

Embora existam sinais de recuperação da organização do trabalho e das políticas de esquerda (em oposição à "terceira via", celebrada pelo Novo Trabalhismo na Grã-Bretanha sob Tony Blair e desastrosamente copiada por muitos partidos social-democratas na Europa), juntamente com os sinais do aparecimento de partidos de esquerda mais radicais em diferentes partes do mundo, o uso exclusivo de uma vanguarda de trabalhadores está agora em questão tanto quanto a
habilidade daqueles partidos de esquerda que conquistam algum grau de acesso ao poder político a ter um impacto substancial sobre o desenvolvimento do capitalismo e lidar com a dinâmica conturbada da acumulação propensa a crise.

O desempenho do Partido Verde alemão no poder não tem sido algo fora do comum em relação à sua postura política de poder e os partidos social-democratas perderam sua habilidade para atuar como uma verdadeira força política. Mas os partidos políticos de esquerda e sindicatos ainda são significantes e sua aquisição de aspectos do poder do Estado, como no caso do Partido dos Trabalhadores do Brasil ou do movimento bolivariano na Venezuela teve um claro impacto no pensamento de esquerda, não apenas na América Latina. Talvez não seja fácil resolver os
complicados questionamentos a respeito de como interpretar o papel do Partido Comunista da China, com seu controle exclusivo sobre o poder político e sobre quais serão suas futuras políticas.

A teoria co-revolucionária anteriormente apresentada sugeria que de forma alguma uma ordem social anticapitalista poderia ser construída sem a tomada do poder do Estado, transformando-o radicalmente e retrabalhando as estruturas constitucional e institucional que atualmente apóiam a propriedade privada, o sistema de mercado e a interminável acumulação de capital. A concorrência interestatal e as lutas geoeconômica e geopolítica por tudo, desde comércio e
dinheiro até as questões de hegemonia também são importantes demais para serem deixadas para os movimentos sociais locais ou postas de lado como sendo grandes demais para serem contempladas. Como a arquitetura da conexão Estado-finanças deve ser retrabalhada juntamente com a questão premente da medida comum de valor determinado pelo dinheiro são fatos que não podem ser ignorados na busca pela construção de alternativas para a economia política capitalista. Ignorar o Estado e a dinâmica do sistema interestatal é, portanto, uma idéia ridícula demais para ser aceita por qualquer movimento revolucionário anticapitalista.

A quarta tendência geral é constituída por todos os movimentos sociais que não sejam guiados por alguma filosofia política ou inclinação em especial, mas pela necessidade pragmática de resistir a deslocamentos e desapropriações (através da gentificação, do desenvolvimento industrial, da construção de barragens, da privatização da água, do desmantelamento dos serviços sociais públicos e oportunidades educacionais e outros). Neste caso, o enfoque na vida diária na cidade, vila, aldeia ou outro local fornece uma base material para a organização
política contra as ameaças que as políticas de Estado e de interesses capitalistas, invariavelmente, representam para as populações vulneráveis. Estas formas de protesto político são enormes.

Novamente, há uma vasta gama de movimentos sociais deste tipo, alguns dos quais podem tornar-se radicalizados ao longo do tempo na medida em que eles, cada vez mais, percebam que os problemas são sistêmicos e não particulares ou locais. A junção de tais movimentos sociais em alianças da terra (como a Via Campesina, o movimento dos camponeses sem-terra no Brasil, ou camponeses mobilizando contra a tomada de terra e recursos por corporações capitalistas na Índia) ou em contextos urbanos (o direito à cidade e retomada dos movimentos dos sem teto no Brasil e agora nos Estados Unidos) indica que o caminho esteja aberto para a criação de alianças mais amplas para discutir e enfrentar as forças sistêmicas que sustentam as particularidades da gentificação, da construção de barragens, da privatização e outros.

Mais pragmáticos, ao invés de impulsionados por preconceitos ideológicos, esses movimentos, no entanto, podem chegar a uma compreensão sistêmica gerada por suas próprias experiências. Na medida em que muitos deles existem no mesmo espaço, como dentro da metrópole, eles podem (como supostamente aconteceu com os operários nas fases iniciais da revolução industrial) se reunir em torno de uma causa comum e começar a estabelecer, com base na sua própria experiência, a consciência de como o capitalismo funciona e o que pode ser feito coletivamente.

Este é o terreno em que é muito significativa a figura do líder "orgânico intelectual", tão presente na obra de Antonio Gramsci, o autodidata que consegue entender o mundo em primeira mão através de duras experiências, mas formula sua compreensão do capitalismo de maneira mais geral. Ouvir as falas de líderes camponeses do MST no Brasil ou dos líderes do movimento contra a tomada de terras por corporações na Índia é um privilégio educacional. Neste caso, a tarefa dos excluídos e descontentes educados é ampliar a voz subalterna, para que se possa prestar atenção à situação de exploração e repressão, assim como as respostas que podem ser pensadas para um programa anticapitalista.

O quinto epicentro para a mudança social reside nos movimentos emancipatórios em torno das questões de identidade - mulheres, crianças, homossexuais, minorias raciais, étnicas e religiosas, todos merecem um lugar ao sol - juntamente com a vasta gama de movimentos ambientais que não são explicitamente anticapitalistas. Os movimentos que reivindicam a emancipação em cada uma destas questões são geograficamente desiguais e muitas vezes geograficamente divididos em termos de necessidades e aspirações. Mas as conferências mundiais sobre os direitos das mulheres (Nairóbi, em 1985, que levou à declaração de Pequim de 1995) e anti-racismo (conferência muito mais controversa, em Durban, em 2009) estão tentando encontrar um terreno em comum, como é o caso também das conferências ambientais, e não há dúvida de que as relações sociais estão mudando juntamente com todas essas dimensões, pelo menos em algumas partes do mundo.

Quando expressos em termos estritamente essencialistas, esses movimentos podem parecer antagônicos à luta de classes. Certamente, dentro de grande parte da academia eles tornaram-se prioridade em detrimento da análise de classe e economia política. Mas a feminilização da força de trabalho global, a feminilização da pobreza em quase toda parte e o uso das disparidades de gênero como um meio de controle do trabalho fazem a emancipação e a eventual libertação
da mulher das suas repressões uma condição necessária para ajustar o foco da luta de classes. A mesma observação se aplica a todas as outras formas de identidade onde a discriminação ou a repressão podem ser encontradas.

O racismo e a opressão das mulheres e crianças foram fundamentais para a ascensão do capitalismo. Mas o capitalismo na sua atual forma pode, em princípio, sobreviver sem estas formas de discriminação e opressão, apesar de sua habilidade política para fazê-lo ser gravemente prejudicada se não mortalmente ferida, face à uma força de classe mais unida. A modesta inclusão do multiculturalismo e dos direitos das mulheres no mundo corporativo, em
particular nos Estados Unidos, fornece algumas evidências da acomodação do capitalismo a essas dimensões de mudança social (incluindo o meio ambiente), enquanto reenfatiza a relevância das divisões de classe como a principal dimensão para a ação política.

Estas cinco grandes tendências não são mutuamente exclusivas nem anulam os modelos organizacionais para a ação política. Algumas organizações combinam aspectos de todas as cinco tendências maneira organizada. Mas há muito trabalho a ser feito para fundir essas várias tendências em torno da questão subjacente: poderia o mundo mudar materialmente, socialmente, mentalmente e politicamente, de tal forma a confrontar não apenas o estado terrível das relações sociais e naturais nas muitas partes do mundo, mas também a perpetuação do crescimento composto infinito? Esta é a pergunta que os excluídos e descontentes devem seguir se perguntando, vezes sem conta, enquanto aprendem com aqueles que experimentam a dor diretamente e que são tão hábeis em organizar resistências para as terríveis conseqüências de um crescimento composto no mundo real.

Comunistas, Marx e Engels asseveraram em sua concepção original apresentada no Manifesto Comunista, não pertencerem a partidos políticos. Eles simplesmente constituem-se em todos os momentos e em todos os lugares como aqueles que entendem os limites, deficiências e tendências destrutivas da ordem capitalista, bem como as inúmeras máscaras ideológicas e falsas legitimações que os capitalistas e seus apologistas (sobretudo nos meios de comunicação) produzem para perpetuar o seu poder de classe. Comunistas são todos aqueles que trabalham incessantemente para produzir um futuro diferente do que anuncia o capitalismo. Esta é uma definição interessante.

Ainda que o comunismo institucionalizado tradicional esteja morto e enterrado, há sob esta definição milhões de comunistas ativos de fato entre nós, dispostos a agir de acordo com seus entendimentos, prontos para exercerem criativamente imperativos anticapitalistas. Se, como o movimento de globalização alternativa dos anos 1990 declarou: "um outro mundo é possível", então por que não dizer também "um outro comunismo é possível? As atuais circunstâncias do
desenvolvimento capitalista requerem algo deste tipo, se realmente desejamos alcançar a mudança fundamental.

Estas notas fazem parte do meu próximo livro, O enigma do Capital, a ser publicado pela editora Profile Books, em abril de 2010.

Tradução: Adriana Guimarães

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