PICICA: No Dia da Consciência Negra elegemos o racismo como tema para breve reflexão. A justificativa tem no recente período eleitoral sua fonte de estímulo. O ressurgimento do racismo, como efeito da campanha do candidato tucano, em sua tentativa de desqualificar o voto popular, não teve como alvo o negro exatamente; seu alcance atingiu todas as etnias, sobretudo dos segmentos mais pobres. Mas, posto que, historicamente, negros são o símbolo do apartheid social a que foram submetidos na sociedade nacional – basta ver como ainda vivem em precárias condições de existência –, é preciso estar atento ao recrudescimento dos discursos marcados pelo ódio, que insiste em permear nossas relações. Mesmo o discurso religioso que objetiva capturar nas malhas de um evangelho caduco as ovelhas que não berram, discriminando intencionalmente as ovelhas negras do rebanho, esquece o que disse Paulo, o apóstolo, na construção da nova verdade do cristianismo: “Não há mais judeu nem grego, não há mais escravo nem livre, não mais homem nem mulher”(Gl. 3. 28). Alain Badoiu, o filósofo, vai mais além, para os que substituem Deus por novas verdades, e o Bem pelo serviço que essa verdade exige, ao nos remeter para outra máxima de Paulo: “Glória, honra e paz para qualquer um que faço o bem, para o judeu em primeiro lugar, em seguida, para o grego! Pois diante de Deus não há nenhuma distinção entre as pessoas”(Rm. 2. 10). O depoimento de Chico Buarque no vídeo abaixo é mais um desses exercícios do pensamento que desmonta o edifício narcísico dos que só acham feio o que não é espelho, e desmascara o insustentável discurso racista em sua pretensão de “estatuto especial”. Leia, também, o artigo de Bruno Cava, escrito para o Le Monde Diplomatique: "Porque sim às cotas raciais na universidade."
Chico Buarque fala sobre racismo.
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