outubro 26, 2011

Vozes Infantis Indígenas, livro do professor Dr. Roberto Sanches Mubarac Sobrinho

PICICA: "Ser indígena pressupõe estar nas aldeias? Os povos que deixaram seus lócus de origem deixaram de ser indígenas? Uma criança que nasceu na cidade, mas é filha de pais indígenas e criada em um processo de preservação de suas tradições perde a condição de fazer parte da etnia?"


Manaus, 26 de outubro de 2011


A Editora Valer tem a satisfação de convidá-lo(a) para o lançamento do livro Vozes Infantis Indígenas, do Professor Dr. Roberto Sanches Mubarac Sobrinho, que acontecerá dia 27 de outubro, às18h, na Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas – UEA , situada na Av. Djalma Batista, 2470 – Chapada.



Vozes Infantis Indígenas busca conhecer, da maneira mais próxima do seu mundo cotidiano, a infância das crianças Sateré-Mawé, ou melhor, as infâncias, pois cada uma das partes que compõe esta realidade gira em torno de basicamente dois contextos diferentes: a comunidade indígena e as escolas onde as crianças estudam.

A obra surgiu da pesquisa do cotidiano das crianças Sateré-Mawé em uma comunidade da zona urbana da cidade de Manaus, seus processos comunitários de socialização, suas diversas maneiras de encarar o mundo que as cerca e a inserção destas nas escolas públicas nas quais estudam. A comunidade indígena onde as crianças vivem e convivem com diversos elementos da cultura tradicional de seu povo, cujos espaços proporcionam-lhes o valor das tradições e dos modos de organização, que, embora distantes da aldeia de origem, os pais fazem questão de lhes mostrar e manter vivos.
O segundo contexto é a escola, aqui identificada – pelos Sateré-Mawé – como “a escola do branco”, onde seus filhos estudam e eles depositam muitas esperanças. É o lugar do conhecimento, dos saberes instituídos como legítimos, dominantes, verdadeiros e que, como analisados no livro, tende a invisibilizar a condição de serem indígenas e opera produzindo um arsenal ideológico de maneira simbólica, em que a cultura que une é também a cultura que separa.
Neste sentido, uma realidade contraditória se apresenta como fio condutor do processo desta discussão, pois as crianças, nestes dois contextos, reproduzem, traduzem e são produtoras de culturas infantis próprias. Logo, essa realidade pode ser assim caracterizada: pelo cotidiano da comunidade, que permite que vivam intensamente, na compreensão indígena, a infância, e pela cultura da escola/cultura escolar.
Desta maneira, esta investigação justifica-se pelo caráter político, surgido da própria negação da condição de ser indígena, presente em elementos da legislação e em um viés conservador também na literatura científica. Nesse contexto de estudo, os povos que não estão em seus espaços tradicionais, ou seja, nas aldeias, são caracterizados como resultantes de um processo de exclusão, logo, os Sateré-Mawé “urbanos” estariam no bojo dessa questão. Questiona-se então: Ser indígena pressupõe estar nas aldeias? Os povos que deixaram seus lócus de origem deixaram de ser indígenas? Uma criança que nasceu na cidade, mas é filha de pais indígenas e criada em um processo de preservação de suas tradições perde a condição de fazer parte da etnia? As crianças Sateré-Mawé produzem uma cultura infantil que pode ser caracterizada como uma cultura infantil indígena? Qual o papel da escola no processo de sustentação e/ou negação da condição étnica desses povos? Essas e muitas outras questões devem ser debatidas e fazer parte das discussões dos campos de pesquisa que a obra Vozes Infantis Indígenas apresenta.
Cada um dos cinco capítulos que compõem o livro afirma e confirma que as crianças Sateré-Mawé, seu povo e muitas outras crianças não estão sós, e que através de suas vozes, estão fazendo ecoar o trabalho de muitos pesquisadores por esse mundo afora. Munido de muitos instrumentais teóricos para enfrentar as dificuldades que estão postas, este livro, contribui com esse movimento.

Sobre o autor

Nascido na cidade de Itacoatiara, no Estado do Amazonas, professor da Universidade do Estado do Amazonas desde 2003, com experiência na graduação, pós-graduação, bancas, comissões e coordenações em várias instituições de Ensino Superior. Graduado em Pedagogia, Especialista em Educação, Mestre em Educação e Doutor em Educação, com aprofundamento de Estudos em Sociologia da Infância no Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho/Portugal. Sua produção acadêmica compreende quatro livros de própria autoria, outros quatro em co-autoria, 10 capítulos em livros coletivos, diversos artigos publicados em congressos, seminários, colóquios e revistas nacionais e internacionais. Suas pesquisas atuais estão voltadas para “Crianças Indígenas na Cidade e Cultura Escolar”.

Evento: Lançamento do livro Vozes Infantis Indígenas
Autor: Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
Data: 27 de outubro de 2011 (quinta-feira)
Horário: 18h
Local: Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Endereço: Av. Djalma Batista, 2470 – Chapada.
Contatos: Valer: (92) 3635-1245 / Autor: 8231-7799; rmubarac@hotmail.com


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