PICICA: "Durante a Marcha (antes e depois dela também) não faltou quem se
dissesse contra o nome escolhido ou contra a manifestação em si. Porém,
também não faltaram mulheres com coragem e peito (sim, eles estiveram
fora de blusas e sutiãs) para marchar e gritar que não toleramos mais
que nos ensinem a não sermos estupradas, que nos ensinem como nos
vestir, como nos comportar sexualmente."
Marcha das Vadias do Recife: explicitando a violência sexual
“Zaverucha não me estupre”, essa foi uma das frases usadas pelas vadias que compuseram a Marcha. Para quem não sabe, Jorge Zaverucha é um professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do curso de Ciências Políticas. No início do mês de maio foi condenado por ter abusado sexualmente de uma aluna e servidora da universidade. Uma vitória das feministas do Recife.
Boatos de corredor que relatam assédio de professores sobre alunas inundam muitas faculdades e universidades brasileiras. Para deixar de ser fofoca e virar ação penal é preciso mobilização. É preciso que se deixe de culpabilizar a vítima. É preciso que se mostre o nome e a cara dos “senhores de renome da academia”. Foi tudo isso que ficou explícito na Marcha das Vadias.
Durante a Marcha (antes e depois dela também) não faltou quem se dissesse contra o nome escolhido ou contra a manifestação em si. Porém, também não faltaram mulheres com coragem e peito (sim, eles estiveram fora de blusas e sutiãs) para marchar e gritar que não toleramos mais que nos ensinem a não sermos estupradas, que nos ensinem como nos vestir, como nos comportar sexualmente.
O grupo de teatro feminista ‘Loucas de Pedra Lilás‘ esteve à frente da caminhada, mostrando que política também se faz com arte. E, que a arte também é uma forma de protesto. Uma ciranda feminista foi dançada em plena avenida Guararapes, atrapalhando o tráfego, mas deixando embasbacados aqueles que nunca viram tantas mulheres juntas gritarem por sua liberdade.
Corpos pintados, semi nus, peitos à mostra para falar que os nossos corpos nos pertencem. Os nossos corpos nos inserem no mundo. São nossos esses corpos e deles dispomos conforme nossos desejos. As mulheres querem ocupar as cidades, ter direito ao seu corpo e seu prazer. Para isso, empunharam seus cartazes, gritando palavras de (des)ordem e mostraram que: “se o corpo é da mulher, ela trepa com quem quiser”.
Ah! Minha eterna admiração pela moça que percorreu os mais de dois quilômetros de caminhada, apenas de calcinha: “porque a porra da buceta é minha”.
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