PICICA: "Esse trabalho refere-se à formação de um campo de forças e enfrentamentos
em torno do problema da loucura no Brasil na segunda metade do século
XX. Essas forças, apoiadas em discursos e constituindo posições, não apenas
se opõem ou discordam entre si, mas também se somam, como se dividem e
se articulam, agenciando outras forças e posições, formando facções, coalizões,
estrategicamente, conforme interesses, orientações e valores muito diversos.
Designaremos esse domínio de forças e relações em torno da questão da
loucura entre nós de campo da luta antimanicomial brasileira, onde se confrontam
e entram em relação, forças díspares como: agências governamentais,
instâncias institucionais diversas, o poder psiquiátrico, o próprio hospital
psiquiátrico – objeto e campo fechado de enfrentamentos – mas também os
“serviços substitutivos”: os CAPS, trabalhadores da saúde mental, usuários, familiares,
ONGs, associações, movimentos sociais, militâncias diversas, além
de variadas formas de vigilância social."
2003 - Usuários, familiares e técnicos em saúde mental realizam o primeiro abraço simbólico pelo fim do hospício de Manaus (Foto: Amazonas em Tempo)
"É pela cultura que podemos mediar a relação entre a sociedade e a loucura; daí porque escolhemos o Teatro Amazonas como símbolo da manifestação por uma sociedade sem manicômios" - Rogelio Casado (fundador da Associação Chico Inacio, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial)
Uma breve cartografia da luta antimanicomial no Brasil
Resumo
Esse texto visa problematizar um campo de experiências e
discursos críticose históricos da loucura que emergem nos anos 1960/70
que se encontramno bojo de lutas transversais e que têm efeitos no
Brasil pós-ditadura militar, nocampo da luta antimanicomial brasileira.
Partimos de uma questão arqueológica,nos perguntando quais dessas
experiências e discursos teriam constituído aspráticas deste movimento
entre nós, traçando uma cartografia dessas matrizes,para chegar a um
problema genealógico das disputas em jogo do movimento daLuta com os que
defendem a reforma psiquiátrica. As matrizes identificadas são:a
análise institucional francesa, a psiquiatria preventiva comunitária
norte-americana,a antipsiquiatria inglesa, a experiência das comunidades
terapêuticas inglesas,a psiquiatria democrática italiana, a psiquiatria
de setor, a psicoterapiainstitucional francesa e a própria
problematização da loucura por Foucault.
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© Contemporanea - Revista de Sociologia da UFSCar. 2011.
Fonte: UFSCAR
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