PICICA: "Escrito
para nos convencer do caráter historicamente subversivo do amor, o
livro é um ensaio de poeta."
Edição 183 - Novembro 2012
Uma conversa sobre o amor
A psicanalista paulista Betty
Milan encontrou o escritor mexicano Octavio Paz em 1994. O diálogo entre
eles, publicado à época na “Folha de S.Paulo” e reproduzido
parcialmente aqui, integra o livro “A Força da Palavra”, que reúne
entrevistas de Betty com 32 intelectuais
Foto Richard Franck Smith/Sygma/Corbis/Latinstock
Octavio Paz em
fotografia da década de 1990. “O amor começa com uma atração
involuntária e depois se converte, por meio do livre-arbítrio, numa
forma de liberdade”
À jornalista que perguntou ao escritor Octavio Paz se ele acaso não
temia ficar colado à imagem que a notoriedade lhe dava, ele respondeu:
“Não acredito nessas consagrações. A única consagração é um leitor capaz
de dialogar com a gente. Não, eu não penso que esteja impressionado com
os meus sucessos. A vida inteira, as minhas opiniões foram
minoritárias”.Precisamente por querer o diálogo ou o encontro, ele lançou um ensaio sobre o amor, A Dupla Chama, que não cessa de reenviar o leitor à sua própria experiência e de fazê-lo considerar, através dela, as diferentes ideias do texto. Escrito para nos convencer do caráter historicamente subversivo do amor, o livro é um ensaio de poeta. Por isso mesmo, a chama que ele acende não vai se apagar. “O amor é uma flor sangrenta e é também um talismã: a vulnerabilidade dos amantes os protege”, escreve Octavio Paz. E quem poderá se esquecer do que ele diz da pessoa amada: “Terra a descobrir e casa natal”?
Tendo em vista A Dupla Chama, fui ter com Paz no hotel Lutetia, em Paris, onde, apesar da minha oposição inicial, ele deu a entrevista num salão repleto. As idas e vindas das pessoas em momento algum o molestaram, e eu, que temia não compreender o seu espanhol, logo fiquei à vontade. Só quando eu não ouvia ou não entendia, Octavio Paz passava do espanhol para o francês, a língua em que eu lhe fazia as perguntas, não por ele desconhecer o português, mas por conhecer menos o português do que o francês.
Depois da entrevista, Paz me convidou para tomar um café. Contou-me, durante a conversa, que fora tradutor de Fernando Pessoa e falou com admiração de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira [o mexicano morreria quatro anos depois, em abril de 1998].
Para ler mais acesse Bravo!
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