PICICA: "Hoje, ao ouvir a palavra todos se
reportam ao sacrifício dos judeus na Segunda Guerra, mas em verdade há
muito mais a ser considerado.
Primeiro que a palavra “judeu” não
designa uma etnia, mas sim uma religião. A etnia é semita, como a de
qualquer árabe, com a diferença de que após milenares movimentos
migratórios de tão miscigenados os antigos hebreus são os que menos
preservam os códigos genéticos semitas.
O que não quer dizer nada, claro.
Tampouco é de causar espanto o judeus também terem praticado inúmeros
holocaustos, conforme se denota na Bíblia: “E porás o altar do
holocausto diante da porta do tabernáculo da tenda da revelação” (Êxodo,
capítulo 40, versículo 6).
Não eram sacrifícios humanos, mas o que
realmente causa estranheza são algumas outras omissões sobre o chamado
“Holocausto Judeu” como, por exemplo, a de que não foram as únicas
vítimas. Também se incluíam grupos de homossexuais, ciganos, eslavos,
polacos, russos, deficientes mentais e físicos, Testemunhas de Jeová,
mórmons e sindicalistas"
Raul Longo – A cor do Holocausto
Hoje, ao ouvir a palavra
Holocausto todos se reportam ao sacrifício dos judeus na Segunda Guerra,
mas em verdade há muito mais a ser considerado.
Por Raul Longo(*)
A origem da
palavra é do grego, mas seu sentido ainda mais remoto, posto que
religioso. Cremação de corpos seria a tradução, mas não necessariamente
imolação de animais, pois aos deuses também se sacrificava corpos
vegetais.
Só no século XIX a palavra passou a
designar massacres humanos. E, no seguinte, inscrita com “H” maiúsculo,
os extermínios promovidos pelos nazistas.
Hoje, ao ouvir a palavra todos se
reportam ao sacrifício dos judeus na Segunda Guerra, mas em verdade há
muito mais a ser considerado.
Primeiro que a palavra “judeu” não
designa uma etnia, mas sim uma religião. A etnia é semita, como a de
qualquer árabe, com a diferença de que após milenares movimentos
migratórios de tão miscigenados os antigos hebreus são os que menos
preservam os códigos genéticos semitas.
O que não quer dizer nada, claro.
Tampouco é de causar espanto o judeus também terem praticado inúmeros
holocaustos, conforme se denota na Bíblia: “E porás o altar do
holocausto diante da porta do tabernáculo da tenda da revelação” (Êxodo,
capítulo 40, versículo 6).
Não eram sacrifícios humanos, mas o que
realmente causa estranheza são algumas outras omissões sobre o chamado
“Holocausto Judeu” como, por exemplo, a de que não foram as únicas
vítimas. Também se incluíam grupos de homossexuais, ciganos, eslavos,
polacos, russos, deficientes mentais e físicos, Testemunhas de Jeová,
mórmons e sindicalistas.
Mais motivos para nossa indignação à
barbárie nazista que tanto nos comove sempre que deparamos com aquelas
imagens horripilantes, constantemente expostas para jamais tornarmos a
permitir a repetição de tão repulsivo espetáculo. Afinal, somos uma
civilização!
Não apenas uma civilização como tantas
outras da história, mas a civilização ocidental, de origem caucasiana.
Tão brancos quantos os semitas, ou melhor, os judeus.
E como brancos e ocidentais nos
distinguimos também por nossa orientação religiosa, reconhecendo que
todos os seres humanos são iguais perante nosso Deus. Por sinal, um Deus
concebido pelos hebreus, portanto branco como nós.
Mas o mentor do igualitarismo que
assumimos como cristãos, foi Jesus. Os semitas hebreus não dão
importância alguma a Jesus, mas nem por isso deixamos de considerá-los
nossos iguais e nos causa asco a reprodução daquelas cenas do
Holocausto. Se não experimentamos a mesma sensação pelos demais grupos é
apenas por não serem tão divulgados. Como também pouco se divulga o
Holocausto dos Palestinos pelos judeus sionistas.
Além de brancos como nós, muitos
palestinos são cristãos, como o eram aqueles demais exterminados pelo
nazismo tão pouco divulgados.
Se o fossem, nos causariam a mesma
comoção sentida pelo Holocausto Judeu. Inclusive pelos ciganos, apesar
de não tão brancos quanto nós e adoradores de outros deuses. Como
exemplo mundial de civilização evoluída nos comovemos e como cristãos
pregamos a compaixão entre os homens.
Mas vamos aos números para
dimensionarmos melhor o horror do Holocausto. Além dos 6 milhões de
judeus, foram mortos também 17 milhões de soviéticos (9,5 milhões
civis), 5,5 milhões de alemães (3 milhões civis), 4 milhões de poloneses
(3 milhões civis), 2 milhões de chineses, 1,6 milhão de iugoslavos, 1,5
milhão de japoneses, 535 mil franceses (3,3 mil civis), 450 mil
italianos (150 mil civis) 396 mil ingleses e 292 mil soldados
estadunidenses.
Como não nos indignarmos com estes
números? Como admitir que em nossa cultura ocidental e cristã, isso
tenha ocorrido ao longo dos 6 piores anos de nossa história?
Terão sido mesmo os seis piores anos da
história de nossa civilização? Acompanhemos esse trecho de uma descrição
do médico inglês Robert Clarke;
“Grande número de indivíduos… chegou ao
hospital tão deploravelmente emagrecido que a pele parece estar
inteiramente retesada e colada ao esqueleto. A expressão do rosto indica
sofrimento moral e físico da mais profunda e agonizante natureza.
Ocasionalmente, entre os grupos recém-chegados, a expressão mais
completa de sofrimento se encontra expressa na melancolia ou na loucura
delirante. As feições secas encolhidas e magras são ressaltadas por
olhos fundos, negros e cintilantes. A barriga é como se estivesse presa
às costas, enquanto o osso das cadeiras se projeta e provoca a
dilaceração da pele suja e úlceras fagedênicas. A mão e os dedos magros
parecem excessivamente alongados pelo grande e negligente crescimento
das unhas que em tais casos parecem garras. A magreza e a miserabilidade
da figura são aumentadas em muitos casos pelas secreções multicores de
que o corpo está coberto. As pernas recusam a cumprir suas funções e
suportam com dificuldade o corpo emagrecido, cambaleante e debilitado.
Muitos deles sofrem de ulcerações extensas e gangrenosas situadas nas
extremidades, frequentemente despregando a parte mole dos ossos, os
quais, tornando-se decadentes, são esfoliados.”
Robert Clarke não testemunhou as vítimas
dos campos de extermínio nazista ao fim da Segunda Guerra Mundial. Ele
viveu muito antes e esse relato consta em ”Sierra Leone. A description
of the Manners and Customs of the Liberated Africans; with observation
upon the National History of the Colonyand a Notice of the Native
Tribes”
O que o médico Robert Clarke relata aí é
a situação de sobreviventes dos navios negreiros que cruzaram o
Atlântico durante 4 séculos. Todos os diários de bordo e registros
alfandegários denunciam que nem a metade da carga humana alcançava o
destino em companhia de seus apreensores.
Talvez tenha ocorrido no Brasil o último
descarregamento dessa carga. Deu-se na localidade conhecida como Saco
das Bananas, no município de Ubatuba, estado de São Paulo.
Clandestinamente, pois então já se estava no início do Século XX.
Não há registros do número de mortos em
terra ou embarcados durante os 4 séculos do Holocausto Negro promovido
por nossa civilização branca, ocidental e cristã.
*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis e é colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Pouso Longo”.
Fonte: Quem Tem Medo da Democracia?
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