dezembro 13, 2014

"RELATÓRIO DO BUZZFEED SOBRE AS REDES SOCIAIS", por Gabriel Pardal

PICICA: "Tudo isso não quer dizer que as pessoas estão consumindo informação de qualidade. As estatísticas mostram que fotos e vídeos de gatos, memes engraçados e fofocas de celebridades ainda são os conteúdos mais compartilhados. O próprio BuzzFeed se tornou sucesso por publicar listas de curiosidades sobre bobagens. Abri a versão do site brasileiro agora para catar uns exemplos e logo na manchete tem: "25 coisas que só quem precisa ir na festa da firma vai entender". Abaixo desse tem
"11 cães que simplesmente têm que dançar!". E do lado "Como estão hoje os participantes da primeira Casa dos Artistas (por ordem de eliminação)." Com esse tipo de conteúdo o site tem hoje mais alcance do que a CNN."

RELATÓRIO DO BUZZFEED SOBRE AS REDES SOCIAIS



 
















Acordei um dia, olhei pela janela e pensei "Ah, que dia maravilhoso para sair do Facebook", e saí. Quer dizer, minha conta ainda está lá porque preciso dela para administrar a página do ORNITORRINCO e de outros trabalhos, mas não acesso mais o meu perfil nem consumo mais informação através do seu mural de notícias. Faz pouco tempo que me desconectei e estou esperando dar mais umas semanas para escrever sobre como isso afetou o resto da vida – mas já posso adiantar que só melhorou.

O conceito de redes sociais é inspirador. Não depender de grandes empresas de comunicação e seus pactos comerciais para receber informação é uma revolução do nosso tempo. Mas nesse caso o Twitter é melhor que o Facebook, e outras ferramentas são melhores ainda. Já escrevi sobre isso por aqui. Um relatório feito pelo site BuzzFeed, mostra que a ideia de homepage como página principal morreu. A maioria liga o computador e o primeiro site que abre é o Facebook. “No BuzzFeed, nós não nos reunimos para falar sobre nossa homepage. Nos reunimos e falamos sobre o Facebook e sobre o Twitter e sobre compartilhamentos” diz Will Hayward, vice-presidente do BuzzFeed na Europa. O próprio site relatou que seu tráfego via redes sociais é cinco vezes maior que o tráfego via ferramentas de buscas.


Além disso as pessoas têm cada vez mais acessado a internet por smartphones e tablets do que por computadores de mesa. Aqui no ORNITORRINCO cerca de 30% das visualizações vêm de leitores que usam aparelhos móveis. Ainda é pouco se comparado com os EUA, cujo número é 60%. Isso porque a geração que está acostumada aos avanços tecnológicos passa mais do que cinco horas por dia olhando para as telinhas de seus celulares.

Tudo isso não quer dizer que as pessoas estão consumindo informação de qualidade. As estatísticas mostram que fotos e vídeos de gatos, memes engraçados e fofocas de celebridades ainda são os conteúdos mais compartilhados. O próprio BuzzFeed se tornou sucesso por publicar listas de curiosidades sobre bobagens. Abri a versão do site brasileiro agora para catar uns exemplos e logo na manchete tem: "25 coisas que só quem precisa ir na festa da firma vai entender". Abaixo desse tem
"11 cães que simplesmente têm que dançar!". E do lado "Como estão hoje os participantes da primeira Casa dos Artistas (por ordem de eliminação)." Com esse tipo de conteúdo o site tem hoje mais alcance do que a CNN.


“Eu acho que a maioria das companhias de mídia subestima o quanto as coisas irão mudar”, completa Will Hayward. Ok, as redes sociais são uma maravilha, mas será que estamos todos qualificados para garimpar os conteúdos no oceano da internet? Precisamos saber como usar essa ferramenta, selecionar nossas fontes e montar nossa rede de informações. A absorção fragmentada, característica do mundo virtual, exige que façamos um esforço para descobrir o que ler agora e o que deixar pra depois.

A maioria dos usuários passa o dia nas redes sociais, conversando, atualizando seus perfis, curtindo fotos, vendo vídeos. O Facebook é a nova TV, onde 10% do seu conteúdo é relevante, e no fim do dia, depois de tanta bobagem, você não consegue mais se lembrar do que viu ou leu.


E sim, entre outros motivos, me desliguei do Facebook porque já estava cheio do nada.


Fonte: Ornotorrinco

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