julho 31, 2008

Eleições Municipais e Saúde Mental (I)

Foto publicada no jornal Amazonas em Tempo - Manaus-AM, Out/2003

Flagrante do abraço simbólico ao Teatro Amazonas, no dia 10 de outubro de 2003 - Dia Mundial da Saúde Mental -, quando o Secretario de Estado da Cultura recepcionou usuários, familiares e técnicos de saúde mental com a Orquestra Filarmônica do Estado.

Eleições Municipais e Saúde Mental (I)

Nos anos 1980 ousamos romper com a hegemonia do discurso psiquiátrico vigente no estado do Amazonas. Enfrentar a violência institucional e a corrupção administrativa do único hospital psiquiátrico existente em Manaus trouxe conseqüências importantes para aquele início de Reforma Psiquiátrica em solo amazonense, ao apontar para novos horizontes no processo de construção da desinstitucionalização da loucura.

Entretanto, se o histórico processo de despolitização do trabalho com a loucura teve sua imagem arranhada, o mesmo não aconteceu com a prática hegemônica da psiquiatria. Basta verificar a lenta substituição do modelo manicomial por serviços comunitários, territorializados, conhecidos como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Desde os anos 1990 eles se disseminam em todo o país, à exceção do Amazonas. Aqui as Leis, estadual e federal, de Saúde Mental estão por serem cumpridas em sua plenitude.

O processo de desinstitucionalização da Saúde Mental, ao ser reduzido à diminuição de leitos psiquiátricos, deixou de colocar em questão o anacronismo da existência do hospital psiquiátrico e a relevância social dos serviços projetados para substituí-los. Havia uma surpreendente ignorância sobre o tema.

Atualmente já existe opinião formada. Sabe-se que os tais serviços compõem uma verdadeira rede de atenção diária à saúde mental: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Convivência, Moradias Assistidas, Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais, além da rede de Atenção Básica de Saúde com suas equipes matriciais de Saúde Mental.

Descontadas as exceções, chama atenção a timidez do setor em defender o novo modelo de atenção em Saúde Mental. Amparado neste silêncio, não surpreende que candidatos ao poder executivo deixem de defender Política de Governo para o campo da Saúde Mental, tendo como base a cidadania do doente mental.

O fato, inconteste, é que construir um outro lugar social para a loucura requer muito mais do que tem sido oferecido até a presente data.

Manaus, Julho de 2008.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA

Nota do blog: Artigo publicado no Caderno Raio-X do jornal Amazonas em Tempo, que sai às quartas-feiras.

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Sete comunicados feitos pelo Subcomandante insurgente Marcos (EZLN)

Nem o centro e nem a periferia - Conheça a luta dos zapatistas em sete comunicados feito pelo Subcomandante Insurgente Marcos, do Exército Zapatista de Libertação Nacional. Acesse a Flor da Palavra.

***

Comentário do professor Guilherme Figueiredo, da UEA, sobre a proposta da Flor da Palavra em tecer a produção colaborativa das traduções dos textos para o livro "Nem o centro e nem a periferia":

Acredito que aos poucos vamos inventando estas formas e resgatando essas tradições (os índios têm muito a nos ensinar sobre isso) de produção colaborativa.

A "competição" e a "autoria" do paradigma científico europeu vem mostrando seu pendor pela construção de monstros à la Frankstein, da qual a bomba atômica e o taylorismo são apenas bons exemplos. Edgar Morin mostra bem isso em "ciência com consciência".

A produção colaborativa na ciência (para além dos muros da universidade atual, é claro!!!) é humanizá-la, sob os princípios da comunicação e da solidariedade.

Estes dias li "a delinquência acadêmica" de Maurício Tragtenberg, fantástico!

Guilherme Figueiredo

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A Zona Franca e a floresta equatorial

Foto: Rogelio Casado - Encontro das águas - Manaus-AM, 28.07.2008
Esplendor - A paisagem amazonense enche os olhos de quem sobrevoa os arredores de Manaus. Estamos no trecho do Encontro das Águas em que o Rio Negro (água escura) junta-se com o Rio Solimões (água clara) para formar o majestoso Rio Amazonas. Na área alagadiça, o braço de rio mais tênue, à esquerda, é o paraná do Xiborena. Èm cima, à direita, o lago do Catalão transbordando com a cheia dos rios. Tudo isso e mais de 90% das florestas no Amazonas estão preservados graças ao modelo de desenvolvimento instuído com a Zona Franca de Manaus, com sua indústria de nanotecnologia. Em compensação, pouco se sabe como é tratado o lixo derivado desse tipo de produção. Estamos de olho.
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De volta para Manaus, a paisagem degradada do Mato Grosso

Foto: Rogelio Casado - Floresta x Lavoura - Espaço aéreo do Mato Grosso, 28.07.2008
De volta para casa - A paisagem do norte do Mato Grosso está mudando para pior. Aonde outrora existiam extensas florestas, uma lavoura agressiva tece uma colcha de retalhos, que vista a quilometros de distância, de dentro da aeronave, mesmo de longe é possível pensar na quantidade de defensivos agrícolas que estão a contaminar o solo dos nossos antepassados. Lástima!
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julho 30, 2008

Para Miriam Abou-Yd, Ana Marta Lobosque e Rosemeire Silva, com açúcar e com afeto

CAIS

O Encontro da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial - RENILA - terminou com mais de 15 propostas discutidas em dois dias de trabalho. Entre outros assuntos foram debatidas as múltiplas faces da representação de seus militantes, as relações institucionais e intersetoriais, o movimento social, a formação, a educação e comunicação na luta por uma sociedade sem manicômios, os fundamentos éticos da militância, as alianças e a independência no horizonte das relações políticas, o processo de despartidarização do movimento antimanicomial, o protagonismo dos usuários, bem como as questões da identidade e do confronto ideológico, que não abre mão da dureza da crítica sem perder a ternura jamais, e o compromisso de andar sempre em boa companhia.

Aos companheir@s das Minas Gerais - aqui representadas por uma trindade feminina: Miriam Abou-Yd, Ana Marta Lobosque e Rosemeire Silva - onde se desenvolve uma das mais sólidas experiências em saúde mental, com seus CERSAMs (Centro de Referência em Saúde Mental), Centros de Convivências, Moradias Assistidas, uma singela homenagem deste blogueiro pelo que elas representam no campo da luta por uma sociedade sem manicômios. Ausentes do encontro, mas presentes em nossos corações e mentes. A elas dedico essa bela canção:

Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

Para quem quer se soltar, invento o cais

Invento mais que a solidão me dá

Invento lua nova a clarear

Invento o amor e sei a dor de me lançar

Eu queria ser feliz

Invento o mar

Invento em mim o sonhador

Para quem quer me seguir, eu quero mais

Tenho o caminho do que sempre quis

E um saveiro pronto pra partir

Invento o cais

E sei a vez de me lançar

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Impacto subjetivo (III)

Foto: Rogelio Casado - Anita, Gênesis e Jacaré - Recife, 27.07.2008
Jacaré e família: Anita - irmã -, formada em Letras, é professora; Gênesis - sobrinho -, estudante de Direito, é militante dos Direitos Humanos e músico; Jacaré é militante da Luta Antimanicomial.
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Impacto subjetivo (II)

Foto: Rogelio Casado - Jacaré e familiares - Recife, 27.07.2008
Jacaré apresenta seus familiares - irmã e sobrinho - aos seus companheir@s da RENILA sob o olhar de Paulo Michelon, do Rio Grande do Sul.
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Impacto subjetivo (I)

Foto: Rogelio Casado - Nivaldo, Anita e Jacaré - Recife, 27.07.2008
O Blog do Casadinho mata a cobra e mostra o pau. Taí uma amostra do impacto subjetivo provocado pelo encontro dos irmãos Anita e Jacaré: Nivaldo de Lima, habitualmente circunspecto, escancarou um enorme sorriso pela alegria reinante no ambiente. Todos eram só sorrisos.
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Café da manhã com Jacaré e Anita

Foto: Rogelio Casado - Jacaré e Anita - Recife, 27.07.2008
A emoção do dia fica por conta do encontro entre os irmãos Jacaré e Anita. Ele tinha 9 anos, ela 3 anos, quando seus caminhos foram separados. Jacaré vive atualmente em Santos; Anita no Recife. Há algum tempo vinham se correspondendo, mas esta foi a primeira vez que eles se viram ao vivo e em cores. O impacto subjetivo desse encontro apertou corações e marejou os olhos dos que participavam do encontro da RENILA. Anita ficaria o resto do dia na companhia do irmão, sentada ao seu ladinho.
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Ladies and gentlemen, com vocês Marcus Vinicius, pé-de-valsa e ideólogo da luta antimanicomial

Foto: Rogelio Casado - O comendador e a dama cearense - Olinda-PE, 26.07.2008

Para o relicário: Comendador de N.S. de Santana dos Diferentes Marcus Vinícius de Oliveira Silva (título concedido pela Câmara dos Vereadores de Caicó, 2002) e Núbia, do Ceará.

Nota do blog: Marcus Vinícius é psicólogo, integrou a Comissão Organizadora do II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental, em Dez.87/Bauru/SP; integrou a Coordenação Executiva Nacional do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial de 1987 a 1989; foi um dos articuladores da Reunião de Rearticulação/Reorganização do Movimento Antimanicomial, em 1990/Salvador/Bahia; foi o coordenador da realização do I Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, em Set.1993, em Salvador/Bahia; foi o primeiro representante do Movimento Antimanicomial na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica na CNS, em 1994/1995; esteve presente no II, IV e V Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Failiares; esteve presente em todos os cinco Encontros Nacionais do Movimento da Luta Antimanicomial. Apesar dessa intensa participação, recusa os estereótipos do dinossauro e da capa preta, mantento a perspectiva igualitária, companheira e solidária, na paixão comum pela causa da luta antimanicomial. Texto escrito em 2001 e reescrito em Out/2002.

Fonte: "O movimento da luta antimanicomial e o movimento dos usuários e familiares", in Loucura, Ética e Política: escritos militantes, Casa do Psicólogo/Conselho Federal de Psicologia, São Paulo, 2003.

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O forró come solto no Marola

Foto: Marcus Vinicius - Forró no Marola - Olinda-PE, 26.07.2008
A alegria aqui vai por conta da festa que um dos companheiros proporcionou aos presentes. Tremendo "pé-de-valsa", as damas não resistiram ao convite para um arrasta-pé. Os roqueiros ficaram de butuca.
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RENILA cai na night de Olinda

Foto: Rogelio Casado - Forró do Marola - Olinda-PE, 26.07.2008
A esquerda festiva da RENILA cai no forró do Bar e Restaurante Marola, em Olinda.
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julho 29, 2008

A tarde cai no Capibaribe

Foto: Rogelio Casado - A tarde cai no Capibaribe - Recife-PE, 26.07.2008
A tarde vai despencando no Capibaribe... enquanto a "ágora" continua.
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... a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes do Ceará e da Bahia, entre eles os do Rio Grande do Sul.
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... a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes de Pernambuco - entre os dois a de Santa Catarina - e do Ceará.
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...a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes de Santos, Ceará (ao fundo), e do Amazonas (em pé) entre as de Pernambuco.
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... a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes de Pernambuco; a de Alagoas entre dois de Santos.
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... a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes de Alagoas, Rio de Janeiro e Paraíba.
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... a palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - Mais "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes de Pernambuco, Bahia e Goiás. Deusdet (última à direita), até então Secretaria da RENILA: sentimento do dever cumprido.
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A palavra circula...

Foto: Rogelio Casado - E tome "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes do Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
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Mais um detalhe da "ágora"

Foto: Rogelio Casado - Detalhe da "ágora" - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representantes da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Pernambuco. Nelma, de Pernambuco, do Núcleo Libertando Subjetividades, com a palavra.
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Pernambuco relata a cena política da luta antimanicomial

Foto: Rogelio Casado - E la nave va... - Recife-PE, 26.08.2008
À tarde, a assembléia continua. Chega Marcus Vinicius (de chapéu, ao fundo), ex-Vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, que se orgulha de ser reconhecido como militante antimanicomial até hoje ligado às bases do movimento. Nesse momento é Nelma (no meio, ao fundo, de calça marrom e camisa preta), de Pernambuco, quem está com a palavra. Em causa as dores e a delícia de ser antimanicomial no Recife.
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Há tanta vida lá fora...

Foto: Rogelio Casado - Ponte do rio Capibaribe - Recife-PE, 26.07.2008
Enquanto isso, resolvi dar um refresco no visual. Do nono andar do Recife Plaza Hotel, pude contemplar o brilhante Capibaribe, no trecho da ponte por onde passa o Galo da Madrugada no extraordinário carnaval pernambucano. Viva @s pernambucan@s! Viva Recife! Hora do almoço.
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O debate esquenta: tem molho de pimenta no ar

Foto: Rogelio Casado - A ágora entra em ebulição - Recife-PE, 27.07.2008
Pela ordem: representes da Bahia, Goiás, Alagoas e Rio de Janeiro. O Encontro da RENILA esquenta: no primeiro plano Edinha, da Bahia, recebe uma entidade antimanicomial. Em sua análise histórica do movimento de luta antimanicomial, Edinha esclarece os pontos obscuros dessa trajetória: alguns atores que atuaram, e atuam, nessa cena política contribuíram para travar o diálogo com o movimento social, rompendo-o unilateralmente. Há muito mais coisas entre o céu e a terra onde se trava a luta política por uma sociedade sem manicômios do que passam sonhar os militantes desavisados. Não raro, ouviram o galo cantar e atribuem o imbróglio a questões narcísicas onde a vaidade pessoal seria o determinante mais forte, num reducionismo constrangedor e atentatório à inteligência humana dos aspectos políticos mais relevantes que estão em jogo no cenário da Reforma Psiquiátrica brasileira. Ainda bem que os militantes de primeira viagem estão mais espertos e não se deixam engabelar. Grande e querida Edinha.
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Militantes da RENILA atentos ao debate

Foto: Rogelio Casado - Militantes da RENILA - Recife-PE, 26.07.2008
Pela ordem: representante de Alagoas, Santos, Amazonas e Pernambuco. Atentem para a elegância do estimado companheiro Jacaré. Num terno impecável, ele lembra a figura do jazzista John Coltrane. Nesse dia, Jacaré emocionaria a todos com um episódio que provocou um impacto subjetivo em todos. Depois eu conto.
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