julho 15, 2008

Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira: não passará!

Foto: CMI - Movimento contra barragens

Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira: não passará!

Vinte militantes da Via Campesina, MST e MAB e outros movimentos e grupos que iam para um encontro na cidade de Ouro Preto D'Oeste, em Rondônia, morreram em um acidente na estrada envolvendo o ônibus e uma carreta na tarde do dia 11 de julho. A luta em Rondônia contra o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira segue! Sentimos muito a perda dos/as companheiros/as nesta fatalidade e nos solidarizamos com seus familiares e amigos/as.

Fonte: CMI

Barragens no Madeira - desenvolvimento para quem ?

A construção das barragens de Santo Antônio e Jirau, integrantes do Complexo, que vai alagar 50 mil hectares de floresta, vai retirar aproximadamente 5 mil famílias que vivem e garantem sua sobrevivência das margens do rio e causar um grande impacto ambiental. Esta retirada está prevista até o dia 30 de agosto. As hidrelétricas vão também modificar toda a região, causando inchaços e aumento do desemprego nas cidades e alterando a dinâmica do Rio Madeira, afetando todos/as aqueles/as que vivem na região.

As multinacionais que estão a frente da construção das hidrelétricas na região amazônica (Companhia Vale do Rio Doce, Banco Bradesco, Banco Santander, Odebrecht, Votorantim, entre outras) vão, dessa maneira, controlar os recursos energéticos mais baratos e, assim, poder utilizar sua energia na extração de minérios, produção de alumínio, do aço e na produção de papel e celulose que são indústrias que não geram empregos, precisam de grandes subsídios do governo e causam grande impacto ambiental nas regiões que se instalam. A região amazônica se torna estratégica neste sentido já que concentra tanto um grande potencial de produção de energia e de extração de minérios.

Projetos como o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira são altamente lucrativos para as empresas envolvidas. O financiamento de grande parte das obras é feito com dinheiro público, podendo chegar até mais de 80% do total, isentando as multinacionais de qualquer risco. Além disso, a energia produzida é passada para estas empresas eletrointensivas (com alto consumo de energia) a preço de custo, enquanto o restante é vendido à população a um preço até oito vezes maior, garantindo os altos lucros, que chegam a 3 bilhões de reais por ano, ou seja, R$500 mil por hora!

As Veias Abertas da América Latina

Os interesses na implementação de projetos de infra-estrutura deste porte vão além da produção de energia altamente lucrativa. A construção de barragens e hidrovias, linhas de transmissão de energia, gasodutos, rodovias, permitem uma maior intensificação da exploração dos diversos recursos naturais e da população da região. Nos últimos anos, diversos projetos sob o discurso do desenvolvimento tem sido implementados em toda a América Latina como o Plano Colômbia, o Plan Mérida, o Plan Puebla-Panamá, o Pograma de Aceleração do Crescimento no Brasil, entre outros. Todos estes projetos pretendem "integrar" as regiões da América Latina, facilitando a acumulação mais intensa de capital por parte das grandes multinacionais, às custas das terras, da maior exploração e do deslocamento de milhares de famílias e do saque de recursos naturais. Desde 2001, a Iniciativa para Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), apresentada pelo Banco Mundial, prevê a intensificação destes projetos em doze "eixos de desenvolvimento", criando zonas produtivas multinacionais para as quais devem afluir investimentos destinados a incrementar o comércio e criar cadeias produtivas conectadas a mercados globais.

Estes projetos levados a cabo por grandes empresas, organismos financeiros multilaterais e governos não deixam de ser uma resposta a uma crise que já se inicia. Assim, desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em busca do controle de poços de petróleo, até o interesse na produção de biocombustíveis (o que tem levado a enorme alta dos preços nos alimentos básicos) e a dominação de territórios e seus recursos estratégicos são indícios de que adentramos um período de grande crise do modelo de desenvolvimento capitalista.
"Mas nada disso ocorre sem resistência. Estamos diante de uma batalha de idéias, de territórios, de modos de vida e de concepções de mundo. Nada está assegurado para a IIRSA. Nada está assegurado tampouco para o futuro dos povos. Esta é uma história que está esperando ser escrita."

Territorialidad de la dominación: IIRSA. Ana Esther Ceceña, Paula Aguilar e Carlos Motto.

Em memória dos companheiros falecidos nesta tarde de sexta-feira, continuaremos resistindo!

Fonte: Flor da Palavra

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