Nota do blog: O SESC me concedeu a honra de saudar o poeta Luiz Bacellar, em sua 7a. Mostra Literária do Amazonas. Quando cheguei, outros oradores já haviam se manifestado, entre eles o sociólogo Renan Freitas Pinto e o editor Tenório Telles. Generosamente, este último permitiu minha saudação tardia antes de convidar os presentes para o coquetel. Regis e Ítalo Jimenez, que abrilhantavam o evento com um jazz de primeiríssima qualidade, interromperam a música para que pudessemos expressar, representando a Universidade do Estado do Amazonas, nosso amor ao poeta.
Saudação ao poeta Luiz Bacellar
É possível afirmar, recorrendo ao mestre Alfredo Bosi, sem incorrer em equívocos, que poesia não é discurso verificável, nem pelo saber histórico, nem pelo saber científico. Que poesia não é dogma nem sentimento moral. Tampouco pode ser entendida como “sentimento na sua imediatidade”.
Portanto, “poesia não é pura idéia, nem pura emoção”. Pagamos um preço alto por reduzi-la a expressão de um conhecimento meramente intuitivo.
Há quem sustente a idéia de que “poesia é fruto de uma aliança tensa entre fantasia artística e rigor de pensamento”.
Alguns críticos consideram que “não há um erro em admirar as abstrações no poema, mas admirá-las chamando-as poesia”.
Para além das complexas questões que perpassam a relação entre o poeta e as forças e imagens da vida, estamos aqui reunidos, nesta noite, na 7ª. Mostra Literária do Amazonas, realizada pelo SESC, para homenagear um dos mais conceituados poetas do nosso tempo: Luiz Bacellar, no ano em que ele completa 80 anos de idade.
A prudência recomenda que me limite a saudar o poeta e deixar para os hermeneutas o estudo da coerência das ricas imagens que constituem a obra poética de Luiz Bacellar. Não ousaria fazê-lo. Foge das minhas competências.
Entretanto, quero registrar meu encantamento pessoal com a obra desse mestre da poesia. Sua percepção e seu olhar singular sobre os objetos contemplados pela sua poesia retiram as palavras do seu uso convencional e do seu uso instrumental, estabelecendo um modo radical do olhar e do sentir, criando procedimentos de expressão que atingem em cheio o coração e a mente dos seus leitores.
Repito o que escrevi no meu blog, no ano passado, por ocasião do 79º. aniversário do poeta:
“A mim me surpreende a indiferença dos poderes públicos com nossos poetas. Estou certo de que ainda existem lugares em que poetas são referências inestimáveis da cultura dos nossos tempos. Lugares em que prevalece o afeto, a fraternidade e a solidariedade. Valores que não cedem à lógica do mercado.
Aqui mesmo, na taba, muitos poetas têm reconhecimento popular. Entretanto, quando Anibal Beça fez sessenta anos, quarenta deles dedicados a poesia, poucas homenagens lhe foram prestadas. Contei nos dedos.
Para mim, aniversário de poeta é dia de festa para a cidade, com direito a uma semana de comemorações, com leitura pública de suas poesias nas feiras, nos mercados, nas escolas, e, sobretudo, nas casas do povo.
Em todos os tempos existiram, e existem, grandes poetas. Eis que precisou Anibal Beça assumir o Conselho Municipal de Cultura para homenagear, em 2007, esse mestre dos haijins que é Luiz Bacellar. Há muito a Cidade de Manaus, o Estado do Amazonas, lhe devem essa homenagem. O SESC acaba de lhe fazer justiça. Parabéns, querido poeta Luiz Bacellar".
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