Foto: latinohunk - Santa Maria - Rio Grande do Sul
Nota do blog: A política de redução de danos, sem sustentatibilidade financeira e estabilidade trabalhista para os agentes redutores de danos, não se sustenta só com publicidade. Os trabalhadores do SUS no Brasil, no campo da redução de danos, estão à deriva com a lógica precarizada de trabalho e as mudanças de gestores, de compromissos e de interesses nas políticas publicas municipais, segundo uma importante porta-voz do movimento de defesa da reforma psiquiátrica brasileira. Que essa advertência não seja entendida como peça de defesa do pensamento conservador. Eles não têm esse discurso. O interesse desse segmento é carrear recursos para lógicas de assistência obsoletas. Enquanto isso, o exemplo de Santa Maria, município gaúcho, é emblemático. A última redutora de danos acaba de levar o popular "pé na bunda", ao ser demitida do cargo de coordenadora do Programa de Redução de Danos. Sete anos de trabalho foram jogados na lata do lixo da história. Todos os redutores de danos foram demitidos; ela era a última a resistir...Leia um trecho de sua despedida dos amigos que fez em sete anos de trabalho:
"Levo comigo a bonita oportunidade que tivemos de implantar, ou seja, começar um PRD e uma PMHIV/aids na secretaria de saúde de Santa Maria. Em todos esse anos nosso trabalho esteve fortemente implicado com formas de cuidado na perspectiva da Saúde Coletiva e na micro política nossa de cada dia!
Levo a certeza de que erramos bastante, mas que também tivemos conquistas importantes para o fortalecimento do SUS e da Saúde Coletiva. Neste sentido deixamos um pequeno livro com o registro de nossos 7 anos frente ao PRD e nossos 5 anos frente também a PMHIV/aids.
Carrego a certeza de que é possível o trabalho em equipe e com co-responsabilização; também a convicção de que não é tão difícil como parece fazermos promoção da saúde e uma prática usuário-centrada. Contudo, penso que, sem conflito, divergência, argumento e muita disposição para a peleia não avançaremos nessa linda transgressão que é o SUS... Especialmente neste momento histórico onde forças neofascistas buscam (e em alguns casos estão conseguindo) roubar esse arranjo de política pública!
Saio da Secretaria de Saúde de Santa Maria, mas não do SUS, da Saúde Coletiva, do PRD, e das discussões/ações que a epidemia de aids suscita, pois sou completamente afetada e estou constituída afetivamente em tudo isso.
Acima de tudo saio com muitos aprendizados e lindas amizades que rolaram a partir do processo de trabalho!
É por tudo isso que quero deixar a cada um e uma de vocês meu agradecimento e também minhas desculpas por eventuais equívocos!
Certamente nos encontraremos, pois temos o SUS pra construir e muita (re)afirmação de potências de vida na vida!!!
Um grande e afetuoso abraço!!!"
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Vai Flávia semear em outros campos, enquanto se constrói a resistência por novos e melhores dias no Sistema Único de Saúde. Gestores passam. Enquanto isso, atrapalham e desviam rumos da história construída coletivamente. Mas, é no coletivo que renovamos nossas esperanças.
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