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Eu queria ainda comentar um artigo de Demétrio Magnoli, intitulado "Uma estátua equestre para Lula", a coisa mais ridícula que li em muito tempo. Diz que o filme foi feito para "domesticar o PT". Leiam o trecho inicial:
Tirando a espuma, o filme "Lula, o filho do Brasil" não passa de mais uma versão da fábula do indivíduo virtuoso que, arrostando a adversidade extrema, luta, persevera e triunfa montado apenas nos seus próprios esforços. Como cada um encontra aquilo que procura, o fiel extrai dessa fábula uma lição singela sobre a intervenção misteriosa da providência, enquanto o doutrinário liberal nela encontra o argumento clássico em defesa do princípio do mérito individual. Nenhuma das interpretações amolda-se ao pensamento de esquerda, que se articula ao redor das noções de circunstância histórica e sujeito social. "Lula, o filho do Brasil" é uma narrativa avessa ao programa do PT.Pelo amor de Deus, o cara é uma mula! Resumir o pensamento de esquerda a "noções de circunstância histórica e sujeito social" é algo tão grotesco e infantil que só posso sentir pena de um sujeito desse. Oxalá esses reacionários permaneçam ad eternum chafurdando em sua própria debilidade mental. Como eu desejo, de todo o coração, que eles encerrem sua carreira no inferno mesmo, não me esforçarei muito para adverti-los do abismo moral e eleitoral que os espera logo à frente.
Aí ele envereda por uma comparação esdrúxula, entre Lula e Luíz XIV, mas aí é demais para mim. Meu estômago não aguenta lidar com algo tão estúpido. O artigo é inteiramente assim, um amontoado de absurdos que chegam a ser inocentes de tão mal ajambrados. Nem iria comentá-lo se não encontrasse nele um ponto que realmente me chamou a atenção: ele cita o repugnante artigo de César Benjamin, da seguinte forma:
Indignado com a mistificação cinematográfica dos Barreto, Cesar Benjamin relatou, em artigo publicado pela Folha de São Paulo, que Lula gabou-se durante a campanha presidencial de 1994 de ter tentado currar um "menino do MEP", preso político com quem dividiu uma cela no Deops.
Só isso. Não cita os desmentidos cabais dos presos que compartilharam a cela de Lula. Não cita o próprio "menino do MEP", que também negou veementemente a história. Detalhe: o "menino do MEP" tinha 30 anos quando ficou preso junto a Lula, que tinha uns 35 na época. Não cita a denúncia do próprio ombudsman da Folha. Não, Magnoli chancela a calúnia de Benjamin. Defende-a. Agora vemos para que serviu o artigo de Benjamin, para que outros possam reproduzir a calúnia acriticamente, sem nem ao menos se comprometer com as palavras, já que essas pertencem à Benjamin e à Folha. E assim se dissemina uma calúnia que atenta gravemente contra a honra do presidente da república. E daí. Dane-se a honra do presidente. É o Lula, não? Um paraíba que não merece honra nenhuma...
Vemos também a integridade de Magnoli, que aceita o uso de uma inominável calúnia simplesmente por que Benjamin estava "indignado com a mistificação cinematográfica dos Barreto".
Termina citando Golbery, que disse que Lula destruiria a esquerda. Bem, pelo menos ele revelou quem admira: o homem que ajudou a articular e a sustentar a ditadura. Como Magnoli certamente é daqueles que acha que a esquerda no Brasil é representada por Roberto Freire e José Serra, torço para que a profecia de Golbery se realize o mais rápido possível. De preferência em 2010.
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