março 18, 2011

A Amazônia na Visão dos Viajantes dos Séculos XVI e XVII: percurso e discurso (Auricléa Oliveira das Neves)

A Livraria Valer tem a satisfação de convidá-lo(a) para o lançamento do livro A Amazônia na Visão dos Viajantes dos Séculos XVI e XVII: percurso e discurso, da professora Auricléa Oliveira das Neves, que acontecerá dia 19 de março, às 10h na Livraria Valer, situada na Av. Ramos Ferreira, 1195 – Centro.





A leitura, em si, nos leva a grandes viagens. Em A Amazônia na visão dos viajantes dos séculos XVI e XVII: percurso e discurso, Auricléa Oliveira das Neves leva-nos a navegar pelas águas de uma Amazônia ainda desconhecida pelos europeus daquela época. Somos guiados pelos relatos de dois dos mais significativos cronistas do desbravamento da Amazônia, testemunhas das primeiras expedições europeias por nossos rios e florestas: os espanhóis Frei Gaspar de Carvajal, que relatou a saga de Francisco Orellana ao longo do Rio Amazonas (1541/1542), e o padre Cristóbal de Acuña, que acompanhou a expedição de Pedro Teixeira na viagem empreendida em 1639. O livro será lançado no dia 19 de março, às 10h na Livraria Valer, situada na Av. Ramos Ferreira, 1195 – Centro.
Longe do didatismo enfadonho a autora usa uma linguagem fascinante e uma narrativa coesa, em que toques de ficção surgem dos próprios estilos dos cronistas apresentados. Assim, a Amazônia de Carvajal revela-se cheia de mistérios e perigos: como os ataques aos soldados de Orellana perpetrados pelas amazonas, mulheres guerreiras, descritas pela pena do cronista como “mulheres muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido”. Acuña, por sua vez, também nos apresenta, em uma narrativa rica em metáforas e hipérboles, uma Amazônia paradisíaca. Tais elementos ficcionais, além de adornarem os relatos, em nada impedem seus cronistas de cumprirem seus papeis: descrevendo, objetivamente, aspectos da fauna, flora e do nativo amazônida; munindo, assim, seus governantes com as informações necessárias para a conquista da nova terra. E é justamente nesse equilíbrio ficcional e o descritivo que reside a força do livro de Auricléa, que reafirma não somente o valor documental, mas principalmente o estético das crônicas estudadas, colocando-as no lugar que merecem: o das grandes obras da literatura.

Mais sobre a obra

As viagens têm um profundo significado na história da humanidade, pois se realizaram até para a preservação da raça humana. Inicialmente, no período da coleta, as migrações foram feitas pela necessidade de buscar alimentos; posteriormente, elas foram realizadas à procura de locais apropriados ao bem-estar da comunidade. Outros objetivos também suscitaram o deslocamento do homem: a conquista de espaços territoriais, a exploração de riquezas, o conhecimento de novas terras, o estudo de áreas territoriais específicas, ou simplesmente a viagem como forma de lazer.
A historiografia literária revela que, no plano ficcional, vários autores no Ocidente, a partir de Homero, com a Odisseia, se dedicaram a usar as viagens como tema. Temos como exemplo Júlio Verne, A volta ao mundo em 80 dias; Viagem ao centro da terra; Daniel Defoe, As aventuras de Robson Crusoé; Jonathan Swiff, As viagens de Gulliver; Lewis Carol, Alice no país das maravilhas e a obra de maior expressão poética em língua portuguesa – Os Lusíadas, de Luís de Camões – é também tributária das viagens.
Sobre as viagens à Amazônia, há um crescente interesse do mercado editorial brasileiro contemporâneo, refletido nas recentes edições de clássicos dessa literatura, escritos entre os séculos XVIII e XIX: Viagem filosófica, de Alexandre Rodrigues Ferreira; Tesouro descoberto no rio Amazonas, de padre João Daniel e a A viagem pelo rio Amazonas, de Paul Marcoy. Apesar do grande número de livros de viagens, a historiografia literária brasileira ressente-se, ainda, da falta de um conjunto de estudos crítico-teóricos sobre esse tema, que é tão recorrente nos cinco séculos da construção histórica e literária do Brasil.
Direcionar o estudo para a literatura de viagem é resgatar as raízes literárias do nosso passado colonial, destacando a importância desses textos que ajudam a melhor compreender o Brasil quinhentista e seiscentista, especialmente no que se refere a descrições pormenorizadas das condições gerais da terra, bem como na temática concernente à cultura de seus habitantes.
A Amazônia na visão dos viajantes dos séculos XVI e XVII: percurso e discurso, trata, portanto, da literatura de viagem a partir da análise de duas obras de cronistas espanhóis através do rio Amazonas: Descobrimento do rio de Orellana, de frei Gaspar de Carvajal, e Novo descobrimento do grande rio das Amazonas, de padre Cristóbal de Acuña. Para melhor compreensão dessas obras, a autora buscou contextualizá-las no tempo e no espaço de sua produção, investigar as circunstâncias históricas para sua elaboração e acrescentar um estudo analítico sobre aspectos do discurso de seus autores, além de incluí-las no grupo de textos fundadores da literatura de expressão amazônica, bem como entre a literatura de viagem. A autora analisa alguns aspectos que sirvam de referências para demonstrar convergências e divergências entre os dois discursos, além da contraposição de temas abordados nas obras de Carvajal e de Acuña, com textos de autores que trataram de objetos semelhantes.
A obra apresenta-se em três capítulos: Na primeira trilha, a ser percorrida no I capítulo – “Navegando pela teoria” –, aborda-se a literatura de viagem, à luz da crítica literária luso-espanhola. Na segunda trilha, expressa no II capítulo – “A viagem de Carvajal e o século XVI” – é focalizado os escritos de frei Gaspar de Carvajal (1541/42) em função de alguns temas presentes no texto, sendo os principais a recorrência temporal, a nomeação de espaços e o mito das amazonas, além do estudo sobre a expedição de Francisco de Orellana, inserida no conjunto das viagens ultramarinas da Espanha. Na terceira trilha, registrada no III capítulo – “O século XVII e o Novo descobrimento do rio das Amazonas” –, Auricléa discorre sobre os escritos de padre Cristóbal de Acuña (1639), confrontando seu texto com o de Carvajal em razão de ter feito o mesmo trajeto deste, quase um século depois. Neste capítulo aborda, ainda, a expedição de Pedro Teixeira à região amazônica, como representante de Portugal, e a presença de Acuña, como cronista da Espanha, cujos objetos de estudo nesta crônica serão os aspectos gerais da terra e do homem, com seus desdobramentos.
O trabalho não pretende ser uma análise histórica da Amazônia, mas o estudo dos textos produzidos no início da ocupação do território pelo europeu. Datas, passagens, contextualizações dessa natureza servirão como referencial para discutir a literatura de viagem na Amazônia.

Sobre a autora

Auricléa Oliveira das Neves é professora atuante no Ensino Fundamental, Médio e Superior, com mais de 30 anos de experiência profissional. Também atuou como professora no sistema presencial em estúdio e transmitido simultaneamente aos 63 municípios do Estado do Amazonas, através do sistema desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas e dirigido à formação de mais de sete mil professores do Amazonas. Possui Licenciatura em Letras, Especialização em Língua Portuguesa e em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Amazonas; Mestrado em Letras e Doutorado em Letras, pela Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), com a tese: Imagens de Maria, a mãe do Redentor: pintura, teatro, literatura.

Evento: Lançamento do livro A Amazônia na Visão dos Viajantes dos Séculos XVI e XVII: percurso e discurso
Editora: Valer
Páginas: 156
Valor: R$ 35,00
Autora: Auricléa Oliveira das Neves
Data: 19 de março de 2011
Horário: 10h
Promoção: Livraria Valer
Local: Av. Ramos Ferreira, 1195 – Centro 
Contatos: Valer: (92) 3635-1245 / Autora: auricleaneves@gmail.com

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