PICICA: "O sentimento que Bin Laden evoca hoje em dia é provavelmente de indiferença. Bin Laden simplesmente não foi uma figura importante em anos recentes, e foi particularmente irrelevante para as revoltas árabes." Em tempo: Leia, também, "La muerte de Osama Bin Laden carece de importancia".
por Issandr El Amrani
Não há por que ignorar que, por um período, Bin Laden teve um papel superficial para desempenhar como símbolo da resistência ao imperialismo americano ou ocidental. Da mesma forma que tiveram Saddam Hussein ou Muammar al-Qadhafi ou os Assads em vários momentos. Mas nunca achei que esse sentimento fosse muito profundo para a vasta maioria dos árabes, ou mesmo muçulmanos. O sentimento que Bin Laden evoca hoje em dia é provavelmente de indiferença. Bin Laden simplesmente não foi uma figura importante em anos recentes, e foi particularmente irrelevante para as revoltas árabes.
A Al Qaeda poderia ter sido importante, talvez, se tivesse conseguido algumas importantes vitórias militares contra o Ocidente, particularmente após a guerra do Iraque, quando o sentimento anti-Ocidente estava em seu ponto mais alto. De fato, a maior conquista de Bin Laden pode ter sido permitir que os neocons levassem adiante sua agenda lunática, o que contribuiu mais do que qualquer outra coisa para prejudicar a reputação dos EUA na região. Entre Iraque 03, Líbano 06, Gaza 09, Guantanamo e Abu Ghraib, houveram diversas ocasiões em que os EUA (ou seus aliados) infamaram a si próprios.
A opção teológica-radical, que Bin Laden representava, como uma solução para o estado do mundo árabe foi há muito desacreditada. Foi desacreditada antes mesmo de começar suas atividades, na medida em que foi um resultado do fracasso dos movimentos islâmicos violentos da era 1970-1990. Igualmente desacreditada, ou pelo menos na defensiva, está a opção “reformista” pró-EUA dos regimes árabes “moderados”. Moderado como eram Arábia Saudita e Egito, e reformista porque estão interessados em mudar para sobreviver, não em efetuar um rompimento radical. Mas o povo se fez ouvir e ele não quer reforma, ele quer ruptura.
As correntes que estão ganhando espaço em anos recentes são as ideologias de resistência radical do Hezbollah (e, em uma medida menor, o Hamas) e o centrismo-radical que motivou as revoltas. A longo prazo, é este último ao invés do primeiro que possui uma visão de sociedades que não sejam constantemente mobilizadas contra um inimigo externo (ou interno). As concepções do Hamas e do Hezbollah dizem respeito a problemas de guerra e ocupação, mas não encontram ressonância em sociedades que se encontram além dessas situações. Bin Laden nunca tratou realmente de qualquer dos dois problemas. Sua luta era pela glória do impossível e do além-mundo.
Não há por que ignorar que, por um período, Bin Laden teve um papel superficial para desempenhar como símbolo da resistência ao imperialismo americano ou ocidental. Da mesma forma que tiveram Saddam Hussein ou Muammar al-Qadhafi ou os Assads em vários momentos. Mas nunca achei que esse sentimento fosse muito profundo para a vasta maioria dos árabes, ou mesmo muçulmanos. O sentimento que Bin Laden evoca hoje em dia é provavelmente de indiferença. Bin Laden simplesmente não foi uma figura importante em anos recentes, e foi particularmente irrelevante para as revoltas árabes.
A Al Qaeda poderia ter sido importante, talvez, se tivesse conseguido algumas importantes vitórias militares contra o Ocidente, particularmente após a guerra do Iraque, quando o sentimento anti-Ocidente estava em seu ponto mais alto. De fato, a maior conquista de Bin Laden pode ter sido permitir que os neocons levassem adiante sua agenda lunática, o que contribuiu mais do que qualquer outra coisa para prejudicar a reputação dos EUA na região. Entre Iraque 03, Líbano 06, Gaza 09, Guantanamo e Abu Ghraib, houveram diversas ocasiões em que os EUA (ou seus aliados) infamaram a si próprios.
A opção teológica-radical, que Bin Laden representava, como uma solução para o estado do mundo árabe foi há muito desacreditada. Foi desacreditada antes mesmo de começar suas atividades, na medida em que foi um resultado do fracasso dos movimentos islâmicos violentos da era 1970-1990. Igualmente desacreditada, ou pelo menos na defensiva, está a opção “reformista” pró-EUA dos regimes árabes “moderados”. Moderado como eram Arábia Saudita e Egito, e reformista porque estão interessados em mudar para sobreviver, não em efetuar um rompimento radical. Mas o povo se fez ouvir e ele não quer reforma, ele quer ruptura.
As correntes que estão ganhando espaço em anos recentes são as ideologias de resistência radical do Hezbollah (e, em uma medida menor, o Hamas) e o centrismo-radical que motivou as revoltas. A longo prazo, é este último ao invés do primeiro que possui uma visão de sociedades que não sejam constantemente mobilizadas contra um inimigo externo (ou interno). As concepções do Hamas e do Hezbollah dizem respeito a problemas de guerra e ocupação, mas não encontram ressonância em sociedades que se encontram além dessas situações. Bin Laden nunca tratou realmente de qualquer dos dois problemas. Sua luta era pela glória do impossível e do além-mundo.
Escritor e analista para assuntos do Oriente Médio. Colabora com a Economist e o Guardian, entre outros. É fundador do site The Arabist, de onde, com sua autorização, traduzimos alguns textos para o Amálgama.
Fonte: Amálgama
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