A-mar, amores&amoras
Porque algumas pessoas amam demais?
Porque o sentimento de gostar ou apaixonar não pode ser suprido por uma única pessoa?
Gente que ama demaaaais não tá apenas “amando”. Tá buscando a parte perdida do relacionamento primitivo com a mamãe (a “parte perdida” é, obvia-mente, a mãe). Por isso esse amor num pode ser dado por uma única pessoa (na vida adulta). A parte que falta é real, embora num exista +. É real na experiência interna da pessoa. Qual-quer tentativa de cura é lenta&longa&sofrida. É duríssimo viver como se metade do corpo estivesse faltando, mes-mo que num haja consciência alguma disso, só a sensação obscura.
A psicanálise levou quase 100 anos pra descobrir que o desamparo NUM é uma ilusão, por + que o próprio SigmundFreud o tenha dito 40 anos antes. Mas ninguém acreditou no Freud do fim da vida – ficaram com o Freud jovem&vigoroso do início, talvez por invejarem o poder que isso proporcionava ao psicanalista.
Lacan descreve a castração como sendo isto mes-mo: dar-se conta de que num há como recuperar uma parte de si, simbiótica ou fusional, que se perdeu com a realização de que se é 1 ser separado da mãe. A nostalgia daquele período de fusão total de mente&corpo permanece y com maior ou menor grau se re-apresenta quando se tá apaixonado… o grande amor é uma repetição do 1º amor pra sempre perdido, pelo que é si-mesmo&outro, simultanea-mente.
Pra Freud o amor/paixão é 1 estado de loucura transitório&normal. Cultivá-lo de modo permanente num é nada bom. O cêrumano, bípede implume, animal que ri y otras demarcações, é también aquele bicho glabro que vive em permanente briga com a realidade e incapaz de lidar com as perdas. O amor/paixão é uma saída pra se continuar negando a realidade.
E chega de teoria. As questões aí são eminente-mente “pragmáticas”!!
Bem… vezINquando paro pra respirar e sigo em frente…
A Vida num é dada desde sempre, é preciso construí-la. E é isso que nos move, é o Desejo que nos faz circular.
Por + que as pessoas tentem&tentem&tentem, num tem jeito… o amor é irredutível ao saber. O dilema/dilema mes-mo, então, é o que segue(?): manter o império solitário dos sentidos, o casamento com a solidão, o virtual, ou… aceitar o desafio do outro diferente nele mes-mo, romper nosso imobilismo… lançar as garrafas ao oceano imeeeenso da solidão! Só assim pra alguém, 1 dia, nos alcançar. Pero, o + importante é jamais deixar de lançar ao Mar, aos 4 ventos. Daí, sensibilidade rara. Taí: garrafas (ao Mar) e sopros (ao vento)… Quem sabe a sorte, o acaso, ou o que quer que atenda pelo sinônimo compreensível de bem-aventurança, pouse uma destas garrafas na praia, por vezes deserta, da nossa Existência, e nela esteja contida a chave, o condão mágico, o abrakadabra que nos revele o segredo.
Ó a Florbela Espanca, a pentacampeã mundial do amor demaaaais, com a Via Láctea abraçando o infinito:
(…)
O mundo? O que é o mundo, ó meu amor?
O jardim dos meus versos todo em flor…
A seara dos teus beijos, pão bendito…
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o infinito.
O céu é o céu, espaço sideral, com partículas, corpos celestes etc&tal. 1 dia, no crepúsculo tava euzinho admirando 1 firmamento limpo de nuvens, dum azulado já 1/2 cinza, ainda sem estrelas aparentes, pois que ofuscadas pelos últimos raios, e tive a clara impressão de que aquilo era uma parede, ou 1 pano, pois a cor era uniforme. E a lua cheia, redonda, que já subia, me deu a impressão de ser 1 buraco na parede, ou o ralo duma banheira, e não uma massa no vazio.
Assim penso que é o amor. Quanto mais&mais&mais tentamos defini-lo&categorizá-lo, ele vem com uma alucinação prontinha.
Shelley em A Defense of Poetry (1819), sobre inspirações&epifanias, qualifica o choque da inspiração poética como sendo uma “visitation”:
“We are aware of evanescent visitations of thought and feeling… sometimes regarding our own mind alone”.
Pensamos
no amor saindo de nós ou chegando a nós das estrelas… o céu varia, mas
não o tamanho do espaço do nosso abraço, hein?!??Porque o sentimento de gostar ou apaixonar não pode ser suprido por uma única pessoa?
Gente que ama demaaaais não tá apenas “amando”. Tá buscando a parte perdida do relacionamento primitivo com a mamãe (a “parte perdida” é, obvia-mente, a mãe). Por isso esse amor num pode ser dado por uma única pessoa (na vida adulta). A parte que falta é real, embora num exista +. É real na experiência interna da pessoa. Qual-quer tentativa de cura é lenta&longa&sofrida. É duríssimo viver como se metade do corpo estivesse faltando, mes-mo que num haja consciência alguma disso, só a sensação obscura.
A psicanálise levou quase 100 anos pra descobrir que o desamparo NUM é uma ilusão, por + que o próprio SigmundFreud o tenha dito 40 anos antes. Mas ninguém acreditou no Freud do fim da vida – ficaram com o Freud jovem&vigoroso do início, talvez por invejarem o poder que isso proporcionava ao psicanalista.
Lacan descreve a castração como sendo isto mes-mo: dar-se conta de que num há como recuperar uma parte de si, simbiótica ou fusional, que se perdeu com a realização de que se é 1 ser separado da mãe. A nostalgia daquele período de fusão total de mente&corpo permanece y com maior ou menor grau se re-apresenta quando se tá apaixonado… o grande amor é uma repetição do 1º amor pra sempre perdido, pelo que é si-mesmo&outro, simultanea-mente.
Pra Freud o amor/paixão é 1 estado de loucura transitório&normal. Cultivá-lo de modo permanente num é nada bom. O cêrumano, bípede implume, animal que ri y otras demarcações, é también aquele bicho glabro que vive em permanente briga com a realidade e incapaz de lidar com as perdas. O amor/paixão é uma saída pra se continuar negando a realidade.
E chega de teoria. As questões aí são eminente-mente “pragmáticas”!!
Bem… vezINquando paro pra respirar e sigo em frente…
A Vida num é dada desde sempre, é preciso construí-la. E é isso que nos move, é o Desejo que nos faz circular.
Por + que as pessoas tentem&tentem&tentem, num tem jeito… o amor é irredutível ao saber. O dilema/dilema mes-mo, então, é o que segue(?): manter o império solitário dos sentidos, o casamento com a solidão, o virtual, ou… aceitar o desafio do outro diferente nele mes-mo, romper nosso imobilismo… lançar as garrafas ao oceano imeeeenso da solidão! Só assim pra alguém, 1 dia, nos alcançar. Pero, o + importante é jamais deixar de lançar ao Mar, aos 4 ventos. Daí, sensibilidade rara. Taí: garrafas (ao Mar) e sopros (ao vento)… Quem sabe a sorte, o acaso, ou o que quer que atenda pelo sinônimo compreensível de bem-aventurança, pouse uma destas garrafas na praia, por vezes deserta, da nossa Existência, e nela esteja contida a chave, o condão mágico, o abrakadabra que nos revele o segredo.
Ó a Florbela Espanca, a pentacampeã mundial do amor demaaaais, com a Via Láctea abraçando o infinito:
(…)
O mundo? O que é o mundo, ó meu amor?
O jardim dos meus versos todo em flor…
A seara dos teus beijos, pão bendito…
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o infinito.
O céu é o céu, espaço sideral, com partículas, corpos celestes etc&tal. 1 dia, no crepúsculo tava euzinho admirando 1 firmamento limpo de nuvens, dum azulado já 1/2 cinza, ainda sem estrelas aparentes, pois que ofuscadas pelos últimos raios, e tive a clara impressão de que aquilo era uma parede, ou 1 pano, pois a cor era uniforme. E a lua cheia, redonda, que já subia, me deu a impressão de ser 1 buraco na parede, ou o ralo duma banheira, e não uma massa no vazio.
Assim penso que é o amor. Quanto mais&mais&mais tentamos defini-lo&categorizá-lo, ele vem com uma alucinação prontinha.
Shelley em A Defense of Poetry (1819), sobre inspirações&epifanias, qualifica o choque da inspiração poética como sendo uma “visitation”:
“We are aware of evanescent visitations of thought and feeling… sometimes regarding our own mind alone”.
Muuuuitas das respostas tão nas perguntas, nos tremores das dúvidas, na dificílima tarefa de encontrar alguma luz. Pra mim, a BELEZA desse questionamento tá em sua angustiada proposta: encontrar uma resposta. As respostas… talvez nunca venhamos a encontrá-las. Há muuuuitos escafandros que tentam mergulhar fuuuuuundo nestas águas e que, infeliz-mente, voltam de mãos vazias. Este mar num tem fim! Dúvidas, vivo em dúvidas y por causa delas… e, com água benta, sal grosso&Poesias estamos bem armados pra qualquer batalha.
Enfim, é isto. Amor/a-MAR, a meu ver, continuará a nos surpreender pra sempre. Assim seja&Saravá!
Fonte: Psicotramas